Muita parra, mas pouca uva

Bruno Carvalho mostrou, há dias, que tem tanto perfil para ser candidato ao Benfica, como o Bynia tem capacidade para jogar futebol, se exceptuarmos os lançamentos na linha lateral.

Garantia que Luís Filipe Vieira não podia ser candidato à presidência do clube, mas, neste aspecto, já foi derrotado por Manuel Vilarinho e, ao que parece, no dia das eleições, vai repetir semelhante «proeza».

O discurso de Carvalho está cheio de vulgaridades, lugares-comuns e contradições. Admite, agora, que Jorge Jesus pode ficar, caso seja eleito, depois de o ter crucificado e «inventado» Carlos Azenha, para o lugar de Quique Flores. Gostei quando comparou o treinador do Vitória de Setúbal a José Mourinho e a Guardiola, confrontado com o facto de Azenha não ser experiente, mas esquece a escola que ambos tiveram, por exemplo, no Barcelona, um como internacional de prestígio e outro como aluno de Bobby Robson...

Diz que o Benfica tem de contratar mais jogadores portugueses. Também eu, mas, neste cenário, esta vontade não é muito viável: ou será que está interessado em contratar Cristiano Ronaldo, Deco, Ricardo Carvalho, Bruno Alves ou João Moutinho? Como se percebe, facilmente, o clube não tem dinheiro para estes jogadores e os de médio plano, à excepção de dois ou três, para um Benfica ganhador, não interessam. Por isso, a aposta tem de continuar no mercado sul-americano, por exemplo. Se houver dúvidas, que tal pedir uns conselhos a Rui Alves? A última proeza foi «apenas» vender Nenê, um jogador que eu gostava de ver na Luz, ao Cagliari.

Admite que o Estádio da Luz não está pago, mas se estivesse é que seria novidade ou esperava que o Benfica, tecnicamente falido, já tivesse liquidado a obra? E o que Carvalho propõe? Contrair mais uma dívida, em primeira instância de 20 milhões de euros, junto de um banco estrangeiro. Nem questiono o facto de o recurso ser a uma instituição estrangeira, até por causa dos BPN e Banco Privado que andam por aí...No entanto, nem explica como resolve os problemas financeiros, nem aquela verba dá para um orçamento de futebol devidamente estruturado.

Depois, entre outros aspectos, preocupa-se com o facto de Luís Filipe Vieira ser sócio do FC Porto. Bruno, se isso fosse relevante tinha de apontar o facto de dizeres máior (com acento e tudo), de teres um «look» que me faz lembrar o Gabriel Alves há 20 anos e com menos 20 Kg, além de achares que o facto de teres sido mandatário de Francisco Assis no Porto é um feito notável.

O pior é que o cenário está assim traçado: de um lado, LFV recandidata-se, depois de oito anos e um campeonato ganho, entre outras incapacidades, e, por outro lado, existe Bruno Carvalho, que por mim não será mais do que um gestor do Porto Canal, bom ou mau, nem me interessa. Pode ser que com Jesus surja um...milagre!