quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Com todo o realismo

Com todo o realismo, considerando que:

- As nossas possibilidades de seguir em frente na Champions são pequenas;

- Por outro lado, a presença na Loga Europa está assegurada;

- Poucos dias depois temos um jogo importante e difícil para o Cameponato, no qual o nosso adversário vai, ainda mais do que em outros anos, fazer tudo para ganhar e assim assegurar algum "good will" imediato junto dos adeptos;

- Já em anos anteriores correu mal a opção de "ir a todas" sempre com a melhor equipa possível;

Eu na 4ª feira com o Barcelona poupava alguns jogadores chave. Até podiam estar no banco, mas não os punha o jogo todo.

Por exemplo, podíamos poupar Matic, Sálvio, Ola John e Cardozo, jopgadores que serão muito importantes em alvalade e para os quais não há nesta altura suplentes à altura. E só não pouparia Maxi porque André Almeida não pode estar em dois lados ao mesmo tempo, ou substitui Matic ou substitui Maxi.

Já quanto a Luisão e Garay, neste momento podemos confiar perfeitamente em Jardel para substituir um dos dois contra o sportém se for necessário, pelo que não pouparia nenhum dos dois em barcelona. E Melgarejo tem de jogar porque a defender Luisinho está a milhas dele e poderia ser uma catástrofe colocá-lo logo contra um adversário destes.

A equipa inicial poderia ser: Artur; Maxi, Luisão, Garay, Melgarejo; André Almeida e Enzo; Gaitan, Carlos Martins (ou Bruno César) e Nolito; Lima (ou Rodrigo).

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Morreu um dos maiores

Morreu ontem Guilherme Espírito Santo, um dos maiores atletas de sempre do Benfica.

Titular da equipa de futebol durante muitos anos, mesmo após uma interrupção de carreira por doença durante dois anos quando estava no seu auge, foi ainda campeão e recordista nacional de salto em altura, em comprimento e triplo. Um super atleta do seu tempo.

Fez história ainda por ser o primeiro jogador negro do nosso Benfica e o  primeiro também na selecção nacional.

Reconhecido por todos como um "gentleman", as entrevistas que deu à Benfica TV ainda recentemente, já com mais de noventa anos, mostraram às muitas gerações que nunca o viram jogar uma pessoa simples, calma, ciente e orgulhoso do seu passado mas sem qualquer estúpida arrogância.

Um grande Benfiquista!

domingo, 25 de novembro de 2012

Um relvado à Benfica

Mais uma vez ganhámos  e ganhámos bem, fizemos um jogo em serviços minimos e o mais importante que era a vitória foi conseguida contra uma equipa desfalcada, mas que fez pouquissimo durante os 90 minutos de jogo.
Mas o que me leva  a escrever este texto não é o jogo é o relvado. Antes de sair de casa para o Estádio verifiquei que o jogo do Belenenses com o Sporting tinha sido adiado devido ao mau estado do relvado, relembro que começou a chover em Lisboa por voltas das 10 da manhã até ao final do jogo. E o que é extraordinário é que o relvado estava rigorosamente impecável, nem mesmo depois do desenrolar do jogo o mesmo se ressentiu. Parabéns aos que tratam e cuidam do relvado do Benfica temos um palco maravilhoso com um tapete maravilhoso, não há dúvida temos um relvado à Benfica!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Defesa "B"... ou a falta dela

O jogo com o sporting b de domingo demonstrou infelizmente o grande problema da nossa equipa B - a falta de qualidade da defesa. Não é por acaso que temos uma das piores defesas da liga, com apenas menos um golo sofrido do que as quatro piores. Péssimo.

Desde que os Andrés saíram da equipa B, a capacidade de recuperação de bola e organização defensiva do nosso meio campo desapareceu com eles, deixando uma defesa já frágil ainda mais frágil.

Ainda por cima, no domingo faltou também, por castigo, o Luciano Teixeira, que tem sido o trinco. O que obrigou necessariamente o treinador a inventar uma solução - avançou o central Ascués para trinco e entrou para o lado do Sidnei o Fábio Cardoso. Só que Ascués não está à vontade como trinco, e foi praticamente nulo, e o Fábio Cardoso por sua vez nulo foi na defesa, porque não tem qualidade para mais, Quanto a Sidnei, é tão bom jogador quanto é acomodado - faz o seu trabalho, mas não tem garra nem vontade para ir mais longe, para ser uma voz de comando que faça a diferença, para dar o litro, morder a relva.

Quando Jardel e/ou Miguel Vítor jogaram, a música defensiva foi logo outra - e não é por acaso que no único jogo em que jogaram os dois, fizemos o melhor jogo da época, em resultado e exibição - os 6-0 ao belenenses, que era o líder na altura e é ainda segundo. Com Jardel e MVítor a marcarem três dos seis golos, além de garantirem o zero na nossa baliza...

Há ainda algo que me parece evidente - Bruno Varela não tem ainda experiência para ser o nosso guarda redes, ainda por cima num jogo de grande responsabilidade e dificuldade como já seria de prever que fosse este. O miúdo fazia anos, deu um frango monumental, não ficou com boas recordações do dia e ajudou ao resultado negativo. Mika tem defeitos, o maior dos quais será o excesso de confiança (como se viu em Penafiel) mas, caramba, neste momento é melhor guarda redes a dormir que o Bruno acordado (nem quero pensar se alguma vez temos o azar de ter o miúdo na baliza num jogo da Champions, ele é o nosso terceiro gr na competição).

Quanto ao ataque, bem, o ataque continua a ser o melhor da liga, com 26 golos, mas no domingo não se deu muito por isso, o Ivan esteve nervoso, o Correa esforçado mas trapalhão. Ainda assim, gostei do Cafú, que entrou a meio da 2ª parte, não tem grande porte atlético mas tem qualidade técnica, remata bem e não tem medo no um contra um.

O Norton de Matos pode dizer, e é verdade, que o principal objectivo da equipa B é servir a equipa A - mas é igualmente necessário competir com qualidade e dignidade na sua liga, porque é o nome e símbolo do Benfica que estão nas camisolas - e também, acredito, no coração dos seus jogadores.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Benfica de Cosme


2 de Novembro de 2012. Multiplicam-se os textos e as frases de agradecimento do papel de Cosme Damião na fundação do nosso clube. Quem gosta de enunciar a História, sobretudo a de um clube desta dimensão, só o pode fazer relembrando o passado, criticando o presente e projectando o futuro. E, realmente, a efeméride não poderia ser mais justa. Comemoram-se 127 anos sobre o nascimento de um dos nossos fundadores e aquele que, provavelmente, desempenhou, com maior incidência, o papel impulsionador e de estabilização nos primeiros anos de afirmação do clube. No entanto, ao contrário de muitas das análises que encontro escritas e do reconhecimento de que existem várias diferenças entre o Benfica de Cosme e o Benfica de hoje em dia, numa análise justa e atenta, são também várias as parecenças.

A 28 de Fevereiro de 1904, data de fundação do Grupo Sport Lisboa, Cosme Damião tinha 18 anos de idade. Mais velho de seis irmãos e órfão de Pai desde os 10, foi entregue, pela Mãe Rosa Maria, à Real Casa Pia de Lisboa, localizada junto ao Mosteiro dos Jerónimos. Embora só tenha "terminado o seu aprendizado" e estivesse "apto a ganhar os próprios meios de vida" a 1 de Setembro de 1904, foi o suposto autor da acta de fundação do clube naquele dia, onde constam 23 nomes por ordem alfabética e três cargos (presidente, tesoureiro e secretário) nomeados para a comissão administrativa.

Apenas titular nas segundas categorias do clube e com pouca utilização no plantel principal durante os primeiros anos de existência do clube, não foi titular a 11 de Fevereiro de 1907 na primeira vitória (2-1) de uma equipa portuguesa sobre o Carcavellos, do Cabo Submarino, potência futebolística da época. Contudo, foi a principal figura de combate á crise que eclodiu no Sport Lisboa, no "Verão quente" de 1907, em que o Sporting "levou" 8 jogadores da equipa principal. Juntamente com Félix Bermudes e Marcolino Bragança, Cosme Damião viria a ter o papel determinante na manutenção do clube e na origem do Sport Lisboa e Benfica, a 13 de Setembro de 1908, por fusão do anterior com o Sport Clube de Benfica.

Dessa data em diante, Cosme Damião foi, durante duas dezenas de anos, jogador, treinador, dirigente e jornalista numa vida inteira de dedicação ao Sport Lisboa e Benfica. Sonhou, de facto, uma colectividade, que, nas palavras de Cândido de Oliveira se viria a tornar "o maior clube português". Tinha, no entanto, uma concepção de futebol muito diferente daquele que o Benfica é hoje, mas também diferente daquele que era já nos anos 30, 40 ou 60. Assim, foi a adopção para um modelo profissional para o futebol, defendida por uma nova “fornada” de dirigentes em meados dos anos 20 e liderada por Ribeiro dos Reis, a principal razão da saída de Cosme Damião dos órgãos sociais do clube. Embora convidado para encabeçar a lista de oposição a Bento Mântua (de quem era vice-presidente), decidiu colocar-se à margem dessas eleições por falta de identificação com o modelo "futuro" do Benfica, que foi sufragado pelos sócios, e que veio mais tarde - reconheça-se - a dar ao clube tantas vitórias. Era um ferrenho defensor do amor à camisola e rejeitava liminarmente que qualquer atleta tivesse de ser pago para vestir o manto sagrado do Benfica. Embora a beleza do discurso - e talvez Cosme até tivesse razão tal a podridão que o futebol atingiu, ao longo dos anos e até hoje, por essa vil motivação – o dinheiro e o sucesso do futebol já se tinham tornado indissociáveis.

Apesar desta saída prematura do clube (voltou a ser presidente da mesa da assembleia geral, mas não voltou a exercer cargos executivos), em 1911, ainda como Capitão-Geral, dera uma entrevista reveladora da sua ideia, já moderna para a época, do Sport Lisboa e Benfica como instituição e como clube. Desejava uma colectividade eclética, mas sobretudo focada no futebol, com infra-estruturas próprias destinadas ao seu sucesso. Já imaginava filiais e associações espalhadas pelo país e pelo mundo. E, usando a força motriz do clube, era um feroz defensor da formação e da educação dos sócios e adeptos do ponto de vista cultural, social e recreativo.

Analisando, sem injustiça, os tempos de hoje, julgo que deve ser reconhecido que os últimos mandatos são dos que mais têm ajudado o clube a cumprir as três primeiras ideias de Cosme: a manutenção da sede do Benfica no novo estádio da Luz, o centro de estágios, a aposta nas modalidades, mas com especial enfoque no futebol (apesar dos títulos em proporcionalidade inversa) e o crescimento do número de sócios e de casas do Benfica.

Pouco interessa agora dissecar sobre o passivo ou o recente processo eleitoral do clube, de vitória incontestável. Todavia, quanto à última premissa de Cosme - formação e a educação dos sócios e adeptos do ponto de vista cultural, social e recreativo - é talvez onde mais se tem falhado nos últimos anos. Apesar da Fundação Benfica e do seu bom trabalho desenvolvido, o clube que um dia deu lições de associativismo e democracia ao país, está hoje a “deseducar” os seus dos mais fiéis princípios. É certo também que os tempos mudaram, mas Cosme Damião dava também especial relevância e primor às boas relações institucionais pela defesa comum do Desporto e não hesitava em castigar, de forma acérrima, os jogadores que, dentro ou fora do campo, de alguma forma, envergonhassem o bom nome e a camisola do Sport Lisboa e Benfica.

Só o entusiasmo das vitórias futuras assegurará que se mantenham escritas a papel de linho as vitórias reais e adquiridas no passado. No entanto, é importante nunca esquecer que uma das grandes virtudes da matriz histórica do Benfica e que o tornou glorioso foi ter sido fundado por um grupo composto por vários indivíduos de diferentes realidades sociais (pelo menos 24), o que simboliza que a decisão foi tomada em democracia e não pela vontade exclusiva de uma pessoa.

Quando se quis dar o nome do estádio (e também de uma Taça) a Cosme Damião, este respondeu sempre sem dúvidas: "Dêem-lhe o nome de Sport Lisboa e Benfica". O Benfica fez-se grande por ser simples e do povo e "ninguém está acima do Benfica." Nunca é demais todos nos relembrarmos disto. E, neste caso, melhor data não poderia ser escolhida.

Obrigado Cosme Damião. Obrigado Sport Lisboa e Benfica.