sexta-feira, 26 de abril de 2013

Preocupante ou preocupação

O Benfica desta época habituou-nos mal. Controlo da posse de bola, dinâmica ofensiva, muita velocidade e forte desgaste nos adversários, gestão do plantel que foi permitindo manter o ritmo e resultados bastante satisfatórios. 

Nos últimos quatro jogos (Newcastle; Paços de Ferreira; Sporting e Fenerbahce) notou-se algo diferente. A equipa está com pouca dinâmica, não consegue ter bola e o seu ataque vive de explosões individuais, normalmente protagonizadas por Salvio e/ou Gaitan. Das poucas vezes que consegue ser colectiva cria oportunidades de golo, mas estas teimam em escassear. Os passes saem mal e as combinações raramente resultam. Pensei que a equipa vinha a gerir os vários jogos perspectivando o futuro próximo, mas o jogo de ontem e principalmente as palavras de Jesus, evidenciaram a verdadeira razão: desgaste físico em vários jogadores.  

Conforme já tinha escrito anteriormente, o que verdadeiramente me preocupava era a má forma de alguns dos nossos jogadores: Ola Jonh e Rodrigo, principais alternativas ofensivas estão muito em baixo não constituindo alternativas válidas aos fatigados Lima e Gaitan. A juntar a este facto verifica-se pela enésima vez a falta de alternativas no meio campo. Quando Matic e Enzo não estão a equipa ressente-se muito.
É neste enquadramento físico da equipa que vamos à Madeira, a que temos de acrescentar a jogada dos nossos adversários ao nível da arbitragem. Já vimos este filme várias vezes, com especial evidência na época passada. Deveremos esperar o pior para o jogo frente ao Marítimo na próxima segunda-feira e para combater os vários adversários temos que nos apresentar fortes, muito fortes e verdadeiramente focados nesse jogo. Temo que os jogadores pensem em demasia no jogo frente aos turcos. Importa trabalhar para que tal não aconteça, é vital referir que o principal objectivo é o campeonato e canalizar todos os esforços nesse sentido, foi dessa forma que chegamos aqui, será dessa forma que podemos ir mais longe. Se formos a todas com os mesmos, considerando a situação descrita e confirmada pelo nosso treinador, poderemos ficar na praia mesmo à beirinha do sonho. Isso será nefasto e terá repercussões nos próximos anos.

A dobradinha é a nossa meta e obrigação, o que vier a mais será muito bem-vindo, desde que não sacrifique o objectivo primordial.   

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O dia da libertação


Foi há 39 anos que uma revolução sem sangue, mas de cravos, depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, devolvendo a “liberdade” a Portugal.


A história do desporto português é uma ciência académica recente em Portugal. Ainda são poucos os estudiosos que a ela se dedicam e alguns dos que a têm feito ao longo dos anos são jornalistas que, frequentemente, não adoptam nos seus textos ou teses as correntes historiográficas mais atuais. Hoje, na feitura da história exige-se a ausência de todo o tipo de anacronismos, isto é, o regresso ao passado não pode ser feito de acordo com a realidade socialmente construída do presente, mas sim da época que se está a descrever.

Contando que as competições internacionais existem aproximadamente desde meados dos anos 50, será que nunca nenhum jornalista ou historiador do futebol português se apercebeu do porquê de a década de 70 ter sido a única sem presenças de portugueses na final de uma competição europeia?

Em 1949, o Sporting Clube de Portugal foi a primeira equipa portuguesa a estar presente numa final da Taça Latina, sendo que o Sport Lisboa e Benfica esteve presente em duas finais dessa competição nos anos 50. No melhor período da sua história, na década de 60, o Benfica esteve presente em cinco finais da Taça dos Campeões Europeus e o Sporting Clube de Portugal em uma da Taça dos Vencedores das Taças.

Em seguida, no entanto, existiu um vazio de 15 anos de finais europeias com presença portuguesa. Este facto deveu-se, provavelmente ao 25 de Abril de 1974 e à consequente descolonização das províncias ultramarinas. Entre outros aspectos da vida portuguesa, também no futebol, os clubes portugueses viram-se privados de uma das suas maiores fontes de recrutamento de jogadores. Apenas com jogadores oriundos do nosso “rectângulo” – política principalmente seguida pelo Benfica – a concorrência internacional com os outros clubes europeus tornou-se desfavorável para o lado dos portugueses. Assim, nó nos anos 80 (a assembleia geral que aprovou jogadores estrangeiras na equipa principal de futebol do Benfica foi a 1 de Julho de 1978!) voltou a haver presença de clubes portugueses em finais: duas do Benfica e duas do Porto.

Já na década de 90, só o Benfica esteve presente numa final europeia em 1990. E apenas treze anos depois, na primeira década do século XX, o Porto foi à final da Taça UEFA em 2003 e à final da Taça dos Campeões Europeus em 2004, conseguindo também o Sporting alcançar a final da Taça UEFA em 2005. Por último, em 2010, Porto e Braga disputaram a final da Liga Europa.

Hoje é dia 25 de Abril de 2013. O Benfica joga, em Istambul, frente ao Fenerbahce, a 1ª mão da sua 13ª meia-final europeia.  Por este Portugal e Mundo fora, casas, cafés e restaurantes vão-se encher de benfiquistas a roer as unhas à distância à espera de um resultado positivo da sua equipa na Turquia. Em cada lugar pintado de vermelho, mais logo a partir das 20  horas, serão gerações e sentimentos que se misturam. Por um lado, os mais velhos, que se habituaram a ganhar e que querem relembrar esse sentimento. Por outro, jovens benfiquistas que, pelo menos, há 23 anos que contém ou não conhecem as suas emoções.
Tenho 29 anos. Nascido em 1984 e sócio desde esse dia, mal me lembro da caminhada para Estugarda em 1988 e da visita de Eusébio ao túmulo de Béla Guttmann, em Viena, em 1990. Todavia, não me esqueço de jogos como Juventus (QF TU: V 2-1; D 0-3), Parma (MF TVT: V 2-1 ; D  1-0), AC Milan (QF TCE: D 2-0 ; E 0-0), Fiorentina (QF TVT: D 0-2 ; V 0-1), Espanyol (QF TU: D 3-2, E 0-0), Liverpool (QF LE: V 2-1 ; D 4-1), Braga (MF LE: V 2-1 ; D 1-0), Chelsea (QF TCE: D 0-1, D 2-1) e tantos outros confrontos decisivos com colossos (e não colossos) europeus, que estavam perfeitamente ao alcance da nossa equipa. Fora os anos sem sequer ir à “Europa”, derrotas estrondosas e ter um presidente preso, foram demasiados anos sem se fazer jus ao nosso palmarés ético e desportivo e às histórias do passado que me tinham sido contadas enquanto ia crescendo.
Julgo que escrevo por uma geração inteira quando afirmo que paira sobre mim uma panóplia de emoções, desejante de gritar bem alto o dia em que o Benfica voltou. Transformar as saudades daquilo que nunca vi num sentimento de pertença a algo enorme e grandioso é talvez o meu maior sonho.
Acredito, sinceramente, que hoje é esse dia. O dia da libertação do glorioso.



segunda-feira, 15 de abril de 2013

Próximos jogos

Não é segredo para ninguém que temos um calendário complicado. Para além do jogo de hoje, temos de enfiada sporting, três dias de descanso com viagem para a Turquia, fenerbahce fora, dois dias com viagem para a Madeira, marítimo fora, viagem de regresso a Lisboa e três dias, fenerbahce em casa.

Não temos a menor hipótese, parece-me, de usar a mesma equipa em todos os jogos. Logo, sobram duas hipóteses.

A primeira será apostar tudo no campeonato e e fazer poupanças nos dois jogos com os turcos, aceitando como forte a probabilidade de sermos eliminados.

A segunda seria tentar fazer uma gestão cuidada da equipa, que tem sido feita e muito bem até aqui, mas que talvez nunca se tenha posto com tanta acuidade e relevância como nesta série de quatro jogos difíceis e decisivos que temos pela frente.

Em minha opinião nenhum jogador, com a eventual excepção do Artur, deveria ser utilizado nos quatro jogos, e deveríamos planear os mesmos seguindo este princípio. Mesmo Luisão, Garay ou Matic, jogadores mais difíceis de substituir, deveriam ter direito a descansar num dos jogos. Jardel seria obviamente o substituto dos centrais. Maxi e André Almeida deveriam fazer dois jogos cada um, sendo que na Turquia sabemos que tem de jogar o Maxi. O Enzo também tem de descansar na Turquia, jogaria os outros três jogos. André Gomes e/ou Carlos Martins substituiriam Enzo e/ou Matic nos jogos em que um deles não jogasse. Nas alas, Ola John, Gaitan, Sálvio e Urreta rodariam entre si, tal como no ataque o fariam Cardozo, Lima, Rodrigo e até o mesmo Gaitan. E o Luisinho (ou o Carole) poderia substituir o Melga na Madeira.

Hoje, jogaria com uma equipa claramente menos principal - utilizaria Roderick, Jardel, Luisinho, André Gomes, Carlos Martins, Aimar, Urreta, Kardec, e mais dois, para além de Paulo Lopes que deve continuar a ser o GR da Taça.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Revolta dos adversários

Faltam 11 jogos para o final da presente época. Do sonho à realidade não falta muito, as bases estão lançadas e aparentam ser sólidas, contudo é factual que vivemos num lamaçal cheio de podridão onde todo o cuidado peca por escasso.

É neste contexto que assisto, com um misto de diversão e preocupação, ao estrebuchar dos nossos adversários. Vítor Pereira a ter necessidade de clamar pela força dos seus para o que resta da época, enquanto os adeptos parecem nervosos, entregues, até rendidos. A lagartada já enfatiza a sua força e a provável vitória na Luz que nos retirará o título, não percebendo que o Benfica terá ou poderá ter papel crucial nas suas possibilidades em chegar à Europa através dos jogos frente ao Marítimo e Estoril. O treinador do Newcastle acredita na reviravolta. Apenas o Paços de Ferreira se mantém calado e consciente daquilo que parece uma evidência: Um Benfica concentrado, capaz, pouco disponível para dar baldas.

Sinceramente, acho que dependemos verdadeiramente apenas de nós e da nossa capacidade dentro de campo. Tentam distrairmo-nos com lenga lenga, elogios, com a nomeação de Proença para o Porto-Braga, dando a entender que está descartado para a penúltima jornada. É preciso ter cuidado e estar atento, mas o que me preocupa é a baixa de forma de Ola Jonh e sobretudo de Cardozo. Se não tivermos lesões em jogadores chave (Melgarejo; Garay; Matic; Enzo; Salvio; Lima e Gaitán) e recuperarmos a forma destes dois importantes jogadores... (!!!)

Não é sonho, é realidade, pois trata-se apenas de futebol, 11 contra 11, e quando se trata apenas disso, as nossas possibilidades aumentam

domingo, 7 de abril de 2013

O TREINADOR COMPETENTE = JORGE JESUS



Independentemente do nº de troféus que o Benfica possa conquistar no final da presente época. Esta ficará para a história como exemplo máximo da competência de um treinador.

Recordemos

Em Julho de 2012 todos os que seguem o futebol de perto e o Benfica em particular apostariam num onze em que nomes como os de Luisão, Aimar (Carlos Martins como opção), Witsel e Javi Garcia seriam indiscutíveis. Era de todo impossível projectar uma equipa do Glorioso que não integrasse qualquer um destes nomes. No final de Agosto, e aqui convém lembrar que Javi Garcia e Witsel ainda jogaram na presente Liga, fomos confrontados com as vendas de ambos, a que se somou a lesão de Aimar e o castigo de Luisão. Tudo sem assegurar a aquisição de qualquer jogador para os substituir. A maioria dos nossos adeptos desesperaram e deram a época como perdida. Pior ficaram, quando ouviram o treinador afirmar que tinha as soluções necessárias dentro do plantel, o homem só podia estar louco e nunca deveria ter iniciado a época.
O teimoso, para não dizer a besta como muitos benfiquistas afirmam, do Jorge Jesus integrou simultaneamente na linha defensiva André Almeida, Jardel e Melgarejo - anedótico. No meio-campo a tontice ainda foi maior, o patrão passou a ser essa espécie de jogador que é o Matic, inventou um argentino (Enzo Perez) a fazer de belga (como se isso fosse possível) e para o caldo estar mesmo entornado chamou um garoto da equipa B (André Gomes) para lhe fazer companhia - sacrilégio.

Em Janeiro, na abertura do mercado de transferências, os benfiquistas voltaram a ser confrontados com outras insanidades dos seus responsáveis, sempre reféns do louco do seu treinador. Ao autorizarem novas saídas do plantel, Nolito e Bruno César  e novamente sem assegurar qualquer nova entrada, porque o plantel era suficiente para as exigências.

Eliminados da Chanpions e relegados para a liga Europa,  chegou o derby com os Norte Coreanos (expressão magnifica roubada ao cronista do Expresso Henrique Raposo). Empatámos 2-2,  o nosso adversário marcou um golo, o outro foi o Artur que lhes ofereceu, sempre a perder conseguirmos sempre recuperar, terminando o jogo com mais % de bola, mais cantos, mais remates e os únicos com verdadeiras oportunidades de golo. Apesar dos factos, estes não foram suficientes para calar os descontentes, e muitos dos nossos adeptos prontamente constataram que nada jogávamos e que a equipa estava toda exprimida, era só esperar por Fev/Mar para cedermos fisicamente como é "normal" nas equipas do Jesus.

Entretanto já passou o Fevereiro e o Março. E a "fraca" equipa do Glorioso passou quase incólume, excepção feita á meia-final da Taça da Liga,  disputado em Braga contra o Sporting local e perdida no desempate por g.p.. Partida que ficou marcada pela não marcação de um g.p. perto do seu final que poderia nos ter dado a vitória. Mas nem assim as vozes contra se calaram, benfiquistas houve que na única pequena nuvem em dois meses perfeitos, criticaram o nosso treinador por poupar alguns dos seus titulares. Ou seja, preso por ter cão e por não ter.

Foi este o difícil percurso até a Abril, a caminho das meias-finais da Liga Europa, com um pé na final da Taça de Portugal e na frente do Campeonato com 4 pontos de vantagem sobre o segundo classificado. 4 que deveriam ser 8 não fossem o golo limpo anulado a Cardozo frente ao Sp Braga no Estádio da Luz e as 2 incríveis g.p. assinaladas por Carlos Xistra em Coimbra.. Curiosamente, ambos  os jogos terminaram empatados 2 a 2. Isto num resumo das incidências aos nossos jogos.

Num mesmo ano era difícil reunir tantas e tantas contrariedades e responder sempre á altura. Felizmente para nós que o Jorge Jesus é teimoso e não dá ouvidos a jornalistas, paineliros e treinadores de bancada. Caso contrário tinha sido tão fácil ser uma desgraça.

No Benfica é sempre muito difícil. E no contexto descrito só para os verdadeiramente competentes. Porque para ganhar campeonatos qualquer, António Oliveira, Fernando Santos, Jesualdo Ferreira ou Vitor Pereira servem, desde que no clube certo.

Renovar contrato com Jorge Jesus é um imperativo de inteligência e bom senso, independentemente do número de troféus.