Claramente o resultado de ontem
foi melhor que a exibição, não há muitas dúvidas sobre isso parece-me um facto indesmentível.
Atribuir esse resultado à sorte já é algo bastante discutível pois a sorte dá
imenso trabalho e vamos na segunda época a ouvir essa ladainha, mas o que me
impele hoje a escrever é o ataque de muitos adeptos a Samaris como se o Grego
fosse o principal responsável pela fraca exibição.
Primeiro: estrategicamente fomos
comidos pelo treinador do Porto, Oliver a meio campo foi a diferença que
raramente conseguimos parar, por insuficiência posicional do nosso meio campo.
E é aqui que se começa a bater no Samaris o que do meu ponto de vista é redutor.
O facto de Fejsa estar em todo o lado facilita muita coisa em termos defensivos
no nosso jogo, mas o Sérvio é um jogador único, não se pode exigir algo
parecido a jogadores com características tão diferentes, acresce que estou
convencido que a sua utilização não alteraria a nossa exibição, poderia
eventualmente atenuar mas não a melhoria. O grande problema do nosso Benfica
esteve em Pizzi (sem bola) e nas laterais. Pizzi com bola é uma delícia, em
jogos de superioridade qualitativa e mental, com uma percentagem de posse de
bola normalmente elevada é uma excelente alternativa, mas em jogos equilibrados
com intensidade elevada e sem cobertura de alguém como Fejsa, a sua
incapacidade defensiva e posicional torna-se demasiado evidente. Alicerçado num
constante desposicionamento, aliamento de Salvio e Cervi nas coberturas
defensivas (andaram sempre perdidos entre fechar no meio e acompanhar os
laterais contrários) o nosso meio campo ficou entregue apenas a Samaris que sem
capacidade para acudir aos vários focos refugiou-se junto aos centrais numa espécie
de defesa a três onde se juntavam, frequentemente, Eliseu e Nelson Semedo, ou
seja, oferecemos as laterais e cobrimos apenas o que conseguíamos que era a
zona central do terreno, e sejamos justos, o Porto raramente conseguiu ganhar
vantagem nessa zona, daí o adiar do golo que só ocorreu por erro do nosso guarda-redes.
Segundo: A evidência do que
escrevi reflete-se na melhoria da equipa após a entrada de Horta (e a saída de
Oliver). Com um jogador um pouco mais intenso no meio Samaris saiu de perto dos
centrais e assumiu de vez a intermediária, com isso a equipa começou a ter mais
bola. As saídas de Cervi e Salvio principalmente deste último equilibraram a
equipa mesmo com a entrada de um avançado. Rui Vitória perante as ausências de
jogadores nucleares acabou por falhar estrategicamente porque não quis alterar
ainda mais a dinâmica da equipa, mas acabou por ir corrigindo a mão e embrulhar
Nuno Espirito Santo na sua própria vaidade.
Terceiro: defrontamos um Porto
hipermotivado que revelou uma capacidade física muito superior à nossa o que
revela preparação especifica para este encontro, pena não haver campeonato já
na próxima semana pois teríamos dividendos desta estratégia.
Quarto: A evidência de que algo
se passa com a preparação/recuperação física dos nossos jogadores. Se a onda de
lesões poderia ser coincidência infeliz, a não recuperação em tempo útil, as inúmeras
recaídas com impacto temporal na disponibilidade dos atletas começa a ser incompreensível:
Jardel, Jonas, Rafa, Grimaldo são situações demasiado estranhas para ninguém questionar
internamente. Que o façam em silêncio, internamente e corrijam o que houver a
corrigir, rapidamente, se faz favor.