domingo, 29 de setembro de 2013

Carta aberta a Luís Filipe Vieira


Exmo. Sr. Presidente do Sport Lisboa e Benfica e da SAD,

Exmo. Consócio e Águia de Ouro Luís Filipe Vieira,


Assunto: Resposta à união pedida entre os benfiquistas



Os benfiquistas pediram. E a promessa foi cumprida. Os bilhetes de sócio para a partida de ontem, frente a um histórico rival da cidade de Lisboa, chegaram a custar 9 Euros. Quando cheguei ao interior do estádio qual não foi a surpresa ao ver as bancadas despidas. Desta feita, tão pobre era a casa que nem foi anunciada a lotação, como acontece habitualmente no início da segunda parte e constitui-se sempre como um momento em que os benfiquistas presentes têm a oportunidade de se aplaudir entre si pelo esforço depositado em mais uma presença no seu templo.

Com toda a sinceridade, espero estar errado. Já o escrevi na 3ª jornada e, infelizmente, mantenho a opinião. À semelhança do campeonato espanhol, numa competição tão pouco competitiva como a liga nacional, disputada essencialmente por duas equipas, 5 pontos de desvantagem não são fáceis de recuperar. Acresce ainda que seria aconselhável recuperar  pelos menos 9 pontos até à penúltima jornada, dada a deslocação ao estádio do Dragão no último jogo. Ademais, para se ser campeão em Portugal existe uma necessidade imperiosa de 100 % de vitórias nos jogos em casa, o que já se ia tornando praticamente impossível frente ao Gil Vicente e se confirmou ontem com os azuis de Belém.

É certo que não existem campeonatos iguais. No entanto, lembrando a falta que os 6 pontos perdidos em casa com Braga, Porto e Estoril na época passada, estes 2 pontos (mais aqueles já perdidos na Madeira e em Alvalade, que não se verificaram na época passada) farão muita falta até ao final.

Serão estas contas de prova real na cabeça dos benfiquistas que os têm afastado do seu querido estádio? Embora a crise, a chuva torrencial e o aumento do número de assinantes que podem ver o jogo na Benfica TV tenham sido certamente fatores de contribuição, é importante não esquecer que o primeiro jogo da Liga dos Campeões, frente ao Anderlecht em casa, também registou uma fraca moldura humana.

O que será que se passa? A verdade é que no Benfica cada vez há mais sócios e cada vez há menores assistências. No Benfica as assembleias gerais já são novamente às sextas feiras e há menos militância. No Benfica cada vez há mais vendas de camisolas e menos crença.

Deambulo pela internet e por outros meios sociais onde pairam benfiquistas e, em cada frase, em cada página, em cada comentário, lá estão os parágrafos da moda: “Isto não é o MEU Benfica...”, “COSME DAMIÃO teria vergonha...” e o “Benfica deixou de GANHAR e morreu a partir de 1994”.

De facto, o nosso clube abriu o seu museu ainda este ano. Porém, ao ler estas frases penso que sua a história permanece por contar. Em primeiro lugar, o Benfica não é de ninguém. Bem sei que o termo o “MEU Benfica” não tem esse intuito de auto-empoderamento e pretende significar “isto não foi o que aprendi a gostar” e “estes não são os valores que aprendi a cultivar”. A história do Benfica está contada sob a forma de lenda (e que bonita que ela é!), mas talvez não fizesse mal conhecer-se os textos de Paulino Gomes Júnior sobre “abutres”, ter conhecimento de alguns amuos e certos autoritarismos dos dirigentes mais conceituados e fazer uma análise do comportamento dos associados nas assembleias gerais, dos processos eleitorais e sistemas de votação do clube ao longo do século.  

COSME DAMIÃO foi, sem dúvida, aquele que melhor personificou o que é a mística benfiquista. Escandalizam-me a utilização de expressões populistas invocando o seu nome. Entender que a concepção que Cosme Damião deu ao Benfica nos seus primeiros anos de vida foi tão importante, para o futuro do clube, como o momento da sua saída, torna-se fundamental para se evitarem discursos que não são maduros, preparados e que não deveriam usar, à  viva voz, espíritos benfiquistas em vão, sem conhecer a sua verdadeira história.

Terminando pelo GANHAR até 1994, as notícias da “morte são manifestamente exageradas”, como escreveu Mark Twain. Importa lembrar que o Sport Lisboa e Benfica nas duas últimas vezes que disputou finais europeias, em 1988 e 1990, não conquistou esses dois campeonatos nacionais, nem sequer as duas Taças de Portugal, ficando, respectivamente a 15 e a 4 pontos do FC Porto, deixando também as taças ser conquistadas pelo mesmo clube e pelo Estrela da Amadora.

O Sr. Presidente pede, mais do que nunca, a união entre os benfiquistas. Todos quanto me conhecem sabem o quanto fui aqui uma voz crítica de algum do seu trabalho nos últimos mandatos e, sobretudo, do seu estilo. Mas desta vez acho mesmo que tem razão. Infelizmente, mais na forma do que no conteúdo.

Os benfiquistas precisam de se unir, é verdade. Mas não é em torno de estar bem posicionado no Top 10 do ranking europeu. Os benfiquistas, sobretudo os mais jovens, precisam de se unir mais do que nunca no sentido de aliviarem a pressão da quimera que conceptualizaram como Benfiquismo, sob pena de nunca se reverem em algo que não existe, de tão perfeito que imaginam.

Os benfiquistas precisam de se unir, sim. Mas não é à procura da vitória na Liga dos Campeões, envaidecendo-os deste ano ser jogada em Lisboa. Os benfiquistas precisam de se unir em torno do escudo de campeão nacional e ser a conquista desse ceptro a sua principal prioridade.

Os benfiquistas precisam de se unir, concordo. Mas não é à volta do “melhor plantel dos últimos 30 anos”. Os benfiquistas precisam de se unir à volta de um clube com identidade, deferência institucional e que seja um baluarte na defesa dos interesses do desporto em Portugal.

Os benfiquistas precisam de se unir, nada mais importante. Mas não é através do endividamento, na esperança de continuar a gerar mais e mais receitas. Os benfiquistas precisam de se unir através de uma gestão coesa, responsável e responsabilizante da sociedade.

Os benfiquistas precisam de se unir, já! Mas não é com ofensas e a criação de um clima de guerrilha entre os adeptos que pensam de maneira diferente. É com ensinamento e associativismo.

Os benfiquistas precisam de se unir, tem toda a razão. Mas não é com desculpas. É com boas práticas e competência.

O que o treinador do Belenenses ordenou ontem os seus jogadores fazerem nos últimos minutos no estádio da Luz era aquilo que Jorge Jesus deveria ter feito no Porto no final da época passada, em vez de permitir que André Almeida fizesse o lançamento de linha lateral para Cardozo no meio da grande área, encurralado por 4 defesas, e permitindo um contra ataque onde Roderick não soube fazer falta (Enzo Perez tinha sido encostado à direita) e ainda hoje ninguém sabe onde andava Maxi.

Não acho justo, nem tenho crucificado ninguém por termos perdido daquela forma inglória depois de uma época que parecia destinada. Mas não aceito que tenha sido só azar!

O mesmo se pode dizer em relação à final da Liga Europa. As finais não são ganhas, na maior parte dos casos, por quem mais se entrega ao jogo e “joga melhor à bola” (e que elogio merece o Benfica a esse respeito!), mas sim por quem joga com alguma “ratice” e sabe fazer as leituras certas nos momentos cruciais. Infelizmente, desde 1962, em que Béla Guttmann se apercebeu do cansaço físico dos jogadores do Real Madrid ao intervalo, que o Benfica tem sido sempre um pouco amador e inexperiente nas finais que disputa. Continua a ser necessário jogar mais com a “cabeça” e não tanto com a “língua de fora” nos jogos decisivos e nas finais. É só isso que a maldição significa. Não uma macumba de azar.

Com este tipo de conteúdo e com uma verdadeira aprendizagem sobre os erros cometidos – algo que prometeu –, da minha parte poderá contar com a união que, de forma modesta, ao longo da minha jovem vida sempre fui dando e que, de forma indissociável daquilo que sou, tudo farei para continuar a dar: pagar todos os meses as quotas de associado e continuar a frequentar o estádio com a voz levantada e o cachecol nos braços.

E Pluribus Unum é uma frase demasiado forte para ser desprezada.

Subscrevo-me atentamente e com as mais cordiais saudações benfiquistas,


Fernando Arrobas da Silva

Da mediania surge a mediocridade

Pela enésima vez LFV deu uma entrevista e no jogo imediatamente a seguir a equipa de futebol não ganha. Esta é daquelas coincidências só comparável com a de Pedro Proença sempre que arbitra um jogo, em Portugal, invariavelmente beneficiar e decidir jogos e campeonatos a favor do fcp.

O treinador, JJ, comunicou durante a semana que o objectivo principal era o campeonato. Por sua vez o presidente rapidamente se apressou a dizer que não seria bem assim e que aspira a uma boa participação na Liga dos Campeões. Para o comum adepto isto seria no mínimo estranho, mas falamos de comunicação do Benfica pelo que este tipo de dissonâncias são perfeitamente normais. Veja-se até como os jogadores não tiveram qualquer duvida e presentearam-nos com aquilo que todos vimos ontem. Coitados, que frete ainda por cima à chuva.

Se duvidas houvesse, e há muito que não deveriam existir, Jorge Jesus é uma figura estranha na estrutura de futebol, e não tem condições para se manter à frente da equipa. Insisto que não é o principal culpado, esse mora no topo da hierarquia, mas não posso deixar de salientar a pobreza de futebol que a equipa apresenta desde a final do Jamor com a agravante de termos passado da mediania das primeiras jornadas para a mediocridade apresentada ontem, isto com o melhor plantel que há memória.
De tão criticado por a equipa não apresentar solidez defensiva o que lhe custou pelo menos dois campeonatos (claro que lhe faltam defesas centrais ou avançados da qualidade de Pedro Proença ou Hugo Miguel) JJ abandonou o seu celebre jogo da nota artística ("forte contra os fracos e fraco contra os fortes") para recriar um futebol posicional género matrecos que se assemelha muito ao de Quique Flores (por acaso não foi campeão graças aos todo o terreno do apito, será que existe um padrão?) ao qual os jogadores interpretam a passo e com a alegria de um Português normal a olhar para o seu recibo de ordenado.
A JJ restam, nesta altura, duas opções: por o lugar à disposição por falta de condições; mandar uma forte mensagem para dentro do balneário e na próxima quarta-feira sentar no banco ou bancada Garay; Matic; Enzo e Lima e já agora voltar à nota artística, é que pelo menos vemos bons jogos, lutamos por títulos e classifica-mo-nos em lugares de acesso à Champions, o que assim vai ser difícil.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A minha visão do caso Jesus


O que os meus olhos viram do já famoso caso do D. Afonso Henriques:

1º Que grande apoio dos adeptos do Benfica.
2º Já não festejava assim um golo há muito tempo.
3º Aquele numero 7 não joga mesmo nada, só marca golos.
4º O do apito gamou como sempre, mas desta vez não chegou.
5º Quando o jogo acabou que grande "Vamos" que eu dei.
6º Gostei que JJ tivesse dito aos jogadores para virem dar as camisolas. Nós merecíamos.
7º Quem não gostava de ter uma camisola de um jogador? Nem que fosse para poupar 70 ou 80€.
8º Tudo bem que a lei (isso existe para todos?) diz que o adepto não pode invadir o campo, mas o santo que nunca tiver infringido uma que se acuse.
9º A invasão foi pacifica. Só queriam umas camisolas.
10º O Óscar marcou o 1º golo, cuidado que ele é perigoso!!
11º Na altura achei muito bem a atitude do JJ. Era um dos meus que estava em causa!
12º Porquê que stweards e policias especiais no acompanhamento de adeptos reagiram assim? Com outros não fazem ganchos no pescoço, connosco até nos juniores em Vila do Conde são muito maus.
13º Vi o povo unido naquele momento. Gostei!
14º Tanto eu como o Mister sabemos que não se deve reagir de forma tão emocional, mas quem não sente, não é filho de boa gente.
15º Isto não invalida que "ontem" tenha criticado o Jesus ou que "amanha" o volte a fazer. A vida é mesmo assim, comigo tens de ganhar sempre! Títulos ou títulos.
16º Cardeuz voltou... É que ele marca um, marca dois, marca três e eu rejubilo outra vez!!
17º Se Jesus tem de ser ou não castigado, não faço ideia. Aqui não há escutas, que pena porque aí já estava safo!
18º Quererem fazer de JJ o novo terrorista? Calma, ele não mandou nenhum jornalista ou qualquer outro cidadão para o hospital em coma.
19º O que eu quero mesmo é ganhar ao Belém, com ou sem nota artística.
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33º Oh JJ, de castigo ou não, em Maio dá-me uma alegria!! Esse é que é o meu caso... de vida. Até lá, que haja muitas camisolas para dar e invasões pacificas para fazer. É sinal de vitórias!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Fábula "Assalto ao Museu"

Há mais de 100 anos nasceu um museu. Ao longo da sua história granjeou reputação pelas belas obras de arte que expunha.
Uns anos passados, o museu começou a ser vítima de inúmeros assaltos tendo como consequência a delapidação do seu riquíssimo património e a perda de qualidade aos olhos de quem, regularmente o visitava. Toda a gente sabia quem era o mentor dos assaltos, sabia-se como eram preparados, sabia-se quando eram executados e quem os cometia. O comandante da polícia e a sua força de intervenção assistia ao crime sem nada fazer, pareciam ter as mãos atadas, pareciam precisar de um incentivo para agirem, mas este nunca chegava. O chefe da família que “herdou” a gestão do museu, nada fazia para contrariar e impedir os contínuos crimes a que o museu era sujeito. Nos anos que levava à frente dos destinos do museu dotou a casa de magníficas infra-estruturas que albergavam peças lindíssimas e de grande qualidade, criou inclusive uma ala para que novos artistas tivessem todas as condições para criarem peças dignas de serem expostas naquele majestoso museu.
A população sentia-se triste e amargurada, olhava para o museu com os olhos repletos de água a lacrimejarem de saudade, viam um imponente e lindo edifício mas sabiam que o seu conteúdo era muito inferior a gloria passada. Uns culpam os ladrões por destruírem tamanho legado, outros culpam o arquitecto de interiores por não conseguir dispor as peças de arte de forma a extrair delas a grandeza esperada e por raramente aproveitar as peças criadas em tão nobre ala anexa, outras culpam o chefe por manter o arquitecto de interiores, por apoiar e contribuir para a nomeação do comandante da polícia e pela forma estranha como algumas das obras de arte eram transacionadas.
(…)

O museu perdura no tempo sobrevivendo a custo às adversidades, o seu passado glorioso continua na memória de muitos, principalmente daqueles que teimam em estudar a sua história. Em muitos ouve-se o lamento: perante os crimes que fomos sujeitos o chefe da família nunca materializou uma queixa na polícia, o clic que faltava para esta poder agir, porque terá sido?

domingo, 1 de setembro de 2013

Rescaldo do Derby

Comecemos pelo fim...

De um lado rejubila-se com um empate caseiro e os festejos nas bancadas estendem-se minutos a fio depois do artista do apito acabar com o jogo.
Do outro lado, em jeito de resposta, entoa-se o cântico "a Europa na tv" em modo de gozo. Pelo meio, resta uma minoria inconsolada por ter acabado de oferecer mais 2 pontos à concorrência. Senti-me triste, ainda mais triste.

Quanto ao futebol jogado, do lado encarnado, o único que interessa, 1a parte fraquíssima e uma 2a parte com mais vontade (só gostava de lhes mostrar a minha... São 365 dias por ano, não são 45 minutos por semana) de alterar o rumo do jogo. Foram 30 minutos de bom nível, com um génio à solta e um final já sem fôlego para ir buscar 3 pontos cruciais para a sobrevivência. Curto para o Benfica, o Benfica do Museu, por exemplo.

No jogo das palavras, JJ diz não estar preocupado por ter perdido estes 5 pontos no inicio de época. Eu percebo a sua perspectiva, o "Mestre" ofereceu 2 campeonatos quando tinha essa vantagem ou parecida a meia dúzia de jornadas do fim. Como vamos no início, ainda vamos a tempo, não é? Lembre-se é que isso, normalmente, só acontece a alguns! O meu desejo é que Jesus tenha razão, que eu esteja enganado e que no fim esteja tudo feliz a festejar o 33. 

Daqui a 15 dias, lá estarei no sitio do costume, a apoiar durante os 90 minutos. É assim, chama-se Sport Lisboa e Benfica.

Pai Cosme, merecias uma resposta melhor, desculpa!

Benfica. 1904