Já critiquei bastantes vezes quer JJ quer Vieira, pelo que
estou, acho, à vontade para escrever isto.
Tem sido LFV criticado por aparentemente ter desde cedo dado
a entender que desistia da renovação de JJ e preferia avançar para outro
treinador.
Quando LFV foi reeleito pela última vez (até agora…), o
programa que apresentou tinha uma coisa muito clara: a formação do Benfica era
e é uma aposta séria e deverá progressivamente ser a base do plantel principal.
A crise dos últimos anos, o colapso do BES e a proibição dos
fundos acrescentaram um dado novo: é preciso reduzir custos, quer de
investimento quer de exploração (leia-se folha salarial do futebol).
Qual a posição de JJ perante estas duas questões, que são
linhas fundamentais para o futuro próximo do Benfica?
- JJ nunca se mostrou disponível para uma aposta séria na
formação, nem parecia ir mudar de ideias agora;
- JJ era um treinador que auferia um salário ao nível dos
melhores do mundo, representando um esforço financeiro acima do que o Benfica pode
pagar na sua situação actual. E com consequências naturais no que toca a
expectativas salariais dos jogadores – como convencer craques a assinarem ou
renovarem por valores mais baixos, se se paga uma pequena fortuna ao treinador?
Estarão porventura os meus consócios dispostos a pagar 50
euros por mês de quota para suportar o salário do treinador? Não me parece.
Face a isto, qual é a surpresa de LFV ter abdicado de
renovar com JJ? Entre um caminho proposto por um Presidente eleito, e reforçado
pela situação financeira que temos, e a visão do um treinador, por excelente
que seja, mas com o previsível impacto ao nível da despesa, o que vale mais?
Parece-me que foi tomada a única opção possível. Que ela
tenha tido como consequência a ida de JJ para um rival, é um “efeito colateral”
surpreendente e, claro, desagradável. Mas que não altera a questão de fundo.