sexta-feira, 14 de março de 2014

JJ FOREVER



" Sinceramente, eu imagino lá no longínquo 17 de Fevereiro de 1907, dia em que o Sport Lisboa venceu por 1-2 o Carcavellos, Manuel Gourlade e Fortunato Levy, treinador e capitão, respectivamente, a provocarem os ingleses do Cabo Submarino com dois dedos em forma de vitória. "


Tenho noção desde esta primeira linha que este texto poderá ser polémico. Não escrevo neste espaço faz já algum tempo. São variados os motivos e pouco importa explora-los agora. No entanto, seria incapaz de não escrever depois de uma noite gloriosa como esta. Sobretudo porque vejo uma “vitória sem espinhas” a procurar ser diluída por um gesto – consideram alguns - menos feliz do nosso treinador.

O futebol é um jogo de emoções, com uma misticidade única, que une e afasta, a cada instante, milhares de indivíduos. Qualquer jogo que não seja vivido dessa forma não merece sequer ser jogado.

É evidente que a responsabilidade dos intervenientes é maior quando se representam instituições com projeção internacional. Não é no recreio de uma qualquer escola básica que os gestos e atitudes são transmitidos em todas as televisões do mundo e reportadas, com exploração ao limite, em todos os jornais e sites. Contudo e apesar do historial com antecedentes do género de JJ, as crónicas sobre a suposta falta de ‘classe’ parecem-me manifestamente exageradas.

É conhecido (e, por vezes, muito criticável!) o feitio de Jorge Jesus. Não é homem de ‘five o’clock tea’, nem tão pouco dado a grandes regras de ‘etiqueta’. No entanto, a partir de hoje, ninguém lhe poderá tirar o lugar de treinador do Sport Lisboa e Benfica com mais coragem a jogar fora de casa em confrontos europeus. Algo que só acontece graças à sua maneira de ser.

Jorge Jesus erra taticamente e, frequentemente, na comunicação também. É casmurro, fanfarrão e tem dificuldade em aprender com os erros. Perdeu títulos que todos lamentamos. Reconheça-se, porém, que vai para cima dos adversários com unhas e dentes. Com JJ à frente não há equipa do Benfica que não entre para ganhar e discutir o jogo em que campo for, não há duelo sem emoção e a troca de galhardetes com o banco adversário torna-se recorrente, se necessário!

A redoma de vidro em que vive o Sport Lisboa e Benfica, sob o simbolismo de uma frase que eu próprio utilizo muitas vezes “O Benfica é um clube de senhores”, tem de existir. Mas também não exageremos. Dentro de um campo de futebol, onde a vida parece que apenas tem 90 minutos e o coração quer sair pela boca, também se diz CARALHO, MERDA e FODA-SE!

Sinceramente, eu imagino lá no longínquo 17 de Fevereiro de 1907, dia em que o Sport Lisboa venceu por 1-2 o Carcavellos, Manuel Gourlade e Fortunato Levy, treinador e capitão, respectivamente, a provocarem os ingleses do Cabo Submarino com dois dedos em forma de vitória. 107 anos depois, Jorge Jesus é a melhor personificação desse espírito de guerrilha, digno de uma batalha em que é tudo ou não é nada! Sobretudo num tempo e num espaço em que se repete de novo a opressão portuguesa sob a alçada das grandes potências financeiras.

O Benfica fez-se de cavalheirismo, é verdade. Mas também de bravura e, sobretudo, de vitórias. Com Jorge Jesus no banco de suplentes, o Benfica já venceu ou eliminou fora de casa, entre outros, Zenit, Everton, Marselha, Estugarda, Paris-Saint-Germain, PSV Eindhoven, Leverkusen, Bordéus, Newcastle, Fenerbahce. Primeira mão fora ou em casa. Tanto faz. É à Benfica! Quantos treinadores podem dizer o mesmo?

Hoje foi mais um jogo para a história. A vitória por 1-3 sobre o Tottenham em Londres é o espelho de uma equipa confiante, que joga sem medo e que orgulha os benfiquistas presentes no estádio ou aqueles que estão em casa invejosos de perder ao vivo mais uma magnífica jornada. Exemplo máximo disso é a reação da equipa ao golo dos ingleses. Qualquer equipa sem uma mentalidade ganhadora pré-definida, sucumbiria provavelmente a uma subida de rendimento da equipa adversária por ter reduzido a desvantagem e começaria a colocar defesas para segurar o resultado. Com o Benfica (de JJ) isso não aconteceu. Antes pelo contrário: o jogo e a eliminatória tinham de ser sentenciados em White Hart Lane já hoje. Por conseguinte, os três jogadores que saltaram do banco para dentro do campo foram Gaitan, Enzo e Lima e só deu Benfica até ao minuto 93!

JJ FOREVER é uma frase provocadora. Nada na vida pode ser para sempre. Muito menos no futebol que depende tantas vezes de pequenas decisões ou fatores. Ainda assim, importa lembrar sempre aquilo que Toni ou Sven-Goran-Eriksson conquistaram em 1988 e 1990, últimos dois anos em que finais europeias foram atingidas. Zero títulos. Nem Europa, nem Campeonato, nem Taça. Não deixaram de ser por isso, durante anos a fio, dois dos treinadores mais amados de sempre do Clube e que mais saudades deixaram. Aliás, a última grande vitória de Eriksson, hoje muito justamente lembrada, foi também em Londres, frente ao Arsenal por 1-3... na 2ª eliminatória da Liga dos Campeões 1991/1992, ano em que também não foi Campeão Nacional, nem conquistou a Taça de Portugal.

Sei, por consciência e, por certo, várias pessoas o podem corroborar de que nunca fui favorável à saída de Jorge Jesus no final da época passada ou início desta, quando aliás seria o momento mais oportuno para o deitar abaixo.

A verdade é que de uma equipa totalmente desmotivada no início da época e com cinco pontos de atraso, neste momento, o cenário volta a compor-se para os benfiquistas com 7 pontos de avanço no Campeonato Nacional, à porta dos Quartos-de-final da Liga Europa e com as duas meias-finais da Taça de Portugal e Taça de Liga por disputar.

Pode dizer-se que nunca nenhum treinador teve os jogadores que Jesus tem à disposição. Não é verdade. Quique Flores, Fernando Santos e muitos outros treinadores também tiveram acesso a grandes equipas. Nunca tiveram foi a coragem de, num estádio mítico do futebol mundial, sofrer um golo, responder com outro e levantar três dedos como quem diz no seu tom bem característico e com erros de linguística: “Isto é nosso, percebestes...?”. E tão que estava a ser, com a exibição de gala dentro do campo e os cânticos do SLB em coro.

As batalhas ganham-se em todas as frentes. Por isso, desta vez, não culpo JJ pelo gesto pouco refletido. Só ‘malucos’ como este é que motivam ‘malucos’ como o Enzo e fazem do Fejsa, do Ruben e de todos os outros enormes jogadores. Malta trabalhadora e que não desiste perante as adversidades, tal como os benfiquistas e os portugueses se revêm e gostam.





quarta-feira, 12 de março de 2014

17


17 são os pontos que precisamos de conquistar para podermos festejar o titulo que nos tem fugido nos últimos anos. Em 24 possíveis, considerando a próxima jornada, a atendendo ao plantel que compõe a nossa equipa parece-me que temos oportunidade de gerir as coisas apostando nas várias frentes em que estamos envolvidos.

A passagem da eliminatória frente ao Tottenham é algo em que devemos apostar de forma clara. Bem sei que o jogo com o Nacional é difícil e muito importante, mas estou em crer que as nossas alternativas têm condições para ganhar o jogo e um eventual empate, desde que não derrapemos nos jogos teoricamente mais fáceis, não hipoteca as nossas possibilidades até porque os nossos adversários vão jogar entre si.

A ambição tem que fazer parte de nós e o nosso treinador não pode ter medo mas sim confiança nos jogadores e no seu trabalho. Teremos que procurar a sorte para sermos felizes, com critério, com cabeça e sem condicionar o objectivo primordial.