segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Desequilíbrio ao meio nas alas e físico



Claramente o resultado de ontem foi melhor que a exibição, não há muitas dúvidas sobre isso parece-me um facto indesmentível. Atribuir esse resultado à sorte já é algo bastante discutível pois a sorte dá imenso trabalho e vamos na segunda época a ouvir essa ladainha, mas o que me impele hoje a escrever é o ataque de muitos adeptos a Samaris como se o Grego fosse o principal responsável pela fraca exibição. 

Primeiro: estrategicamente fomos comidos pelo treinador do Porto, Oliver a meio campo foi a diferença que raramente conseguimos parar, por insuficiência posicional do nosso meio campo. E é aqui que se começa a bater no Samaris o que do meu ponto de vista é redutor. O facto de Fejsa estar em todo o lado facilita muita coisa em termos defensivos no nosso jogo, mas o Sérvio é um jogador único, não se pode exigir algo parecido a jogadores com características tão diferentes, acresce que estou convencido que a sua utilização não alteraria a nossa exibição, poderia eventualmente atenuar mas não a melhoria. O grande problema do nosso Benfica esteve em Pizzi (sem bola) e nas laterais. Pizzi com bola é uma delícia, em jogos de superioridade qualitativa e mental, com uma percentagem de posse de bola normalmente elevada é uma excelente alternativa, mas em jogos equilibrados com intensidade elevada e sem cobertura de alguém como Fejsa, a sua incapacidade defensiva e posicional torna-se demasiado evidente. Alicerçado num constante desposicionamento, aliamento de Salvio e Cervi nas coberturas defensivas (andaram sempre perdidos entre fechar no meio e acompanhar os laterais contrários) o nosso meio campo ficou entregue apenas a Samaris que sem capacidade para acudir aos vários focos refugiou-se junto aos centrais numa espécie de defesa a três onde se juntavam, frequentemente, Eliseu e Nelson Semedo, ou seja, oferecemos as laterais e cobrimos apenas o que conseguíamos que era a zona central do terreno, e sejamos justos, o Porto raramente conseguiu ganhar vantagem nessa zona, daí o adiar do golo que só ocorreu por erro do nosso guarda-redes.

Segundo: A evidência do que escrevi reflete-se na melhoria da equipa após a entrada de Horta (e a saída de Oliver). Com um jogador um pouco mais intenso no meio Samaris saiu de perto dos centrais e assumiu de vez a intermediária, com isso a equipa começou a ter mais bola. As saídas de Cervi e Salvio principalmente deste último equilibraram a equipa mesmo com a entrada de um avançado. Rui Vitória perante as ausências de jogadores nucleares acabou por falhar estrategicamente porque não quis alterar ainda mais a dinâmica da equipa, mas acabou por ir corrigindo a mão e embrulhar Nuno Espirito Santo na sua própria vaidade. 

Terceiro: defrontamos um Porto hipermotivado que revelou uma capacidade física muito superior à nossa o que revela preparação especifica para este encontro, pena não haver campeonato já na próxima semana pois teríamos dividendos desta estratégia.

Quarto: A evidência de que algo se passa com a preparação/recuperação física dos nossos jogadores. Se a onda de lesões poderia ser coincidência infeliz, a não recuperação em tempo útil, as inúmeras recaídas com impacto temporal na disponibilidade dos atletas começa a ser incompreensível: Jardel, Jonas, Rafa, Grimaldo são situações demasiado estranhas para ninguém questionar internamente. Que o façam em silêncio, internamente e corrijam o que houver a corrigir, rapidamente, se faz favor.