domingo, 30 de setembro de 2012

Últimos apelos às eleições


Nem uma vitória soberana em Paços de Ferreira com um Lima cheio de sentido de oportunidade, que nos permitiu alcançar o primeiro lugar no Campeonato, foi capaz de me conter o sangue quente. Mais de 48 Horas já s
e passaram sobre a Reunião Magna do clube e, mesmo a pedido do Presidente da Mesa da Assembleia Geral de que a Direção retire as devidas ilações, nem uma única alma dos órgãos sociais executivos foi capaz de se pronunciar sobre os resultados. Ao invés, são crescentes por toda a comunicação social os apoios manifestados a uma recandidatura do atual Presidente.

Começou por ser João Rodrigues, ilustre consócio benfiquista, candidato a Presidente do Conselho Fiscal na lista de Luís Tadeu em 1997, que, apesar de ter estado a mais de 30 Km do Pavilhão Nº2 do Estádio da Luz na última quinta-feira, conseguiu ouvir, em alto e bom som, o famoso “petardo”, mas não lhe foi audível o agitador “pouco barulho” de um Vice-Presidente da Direção no palanque. Apesar de "tomar, igualmente, a árvore pela floresta e a floresta pela árvore" e não mostrar a consciência de que os atos de alguns não são o espelho de todos os intervenientes na Assembleia, daqueles que se pronunciaram ontem na Comunicação Social – sobre os restantes pronunciar-me-ei em seguida – é o único, no entanto, que merece todo o respeito na opinião emitida, uma vez que fui o único também que o fez na sua livre qualidade de associado.

Maxi Pereira é, neste momento, o capitão do clube dentro do campo devido à ausência de Luisão. Merece a braçadeira e admiro muito a sua entrega de águia ao peito, mas há assuntos que não lhe dizem respeito. E ao treinador Jorge Jesus a mesma coisa. Tratam-se de dois funcionários, que recebem um ordenado para trabalhar no clube que tiver o Presidente que os sócios elegerem. Não é preciso voltar muito anos para trás para saber reconhecer uma excelente atitude nos silêncios de João Vieira Pinto ou para perceber aquilo que aconteceu a Michel Preud’Homme... 
É certo que esta crítica poderia ser mais extensa, caso se desconfiasse de uma ordem superior. Preferirei não especular, contudo, perante os maus exemplos recentes dos comentários na Benfica TV, dos “detratores” na capa do Jornal centenário do clube ou até o apagar constante de “posts” na página oficial do Facebook que contém comentários indesejáveis, já nada é capaz de me admirar num clube cujos órgãos de comunicação estão ao serviço dos órgãos sociais eleitos e não de uma instituição cujo órgão de deliberação máxima é a sua Assembleia Geral.

Não menos vergonhosa foi ainda a atitude de um caro consócio, de seu nome Fernando Valente, Presidente de algumas Casas do Benfica, um senhor que sozinho, no próximo dia 26 de Outubro, terá nada mais nada menos do que praticamente 150 votos na sua mão, caso se contem os das duas casas que preside e se for, igualmente, um sócio com direito aos poderosos 50 votos que eu também tenho e abomino. Todavia, o mais interessante é que os 100 votos correspondentes às duas casas de que se afirma Presidente, - e também os das outras duzentas e noventa e oito Casas como faz questão de referir - já estão, supostamente, decididos. E isto numa altura em que se desconhecem o número de listas candidatas e, consequentemente, os respectivos membros que compõe as ditas casas não os ouviram e, com certeza, nem se pronunciaram... Estas declarações foram, no mínimo, um atentado à solidariedade institucional que lhes cabe ter por todos os associados, para nem sequer falar nas palavras soberania, justiça, associativismo ou liberdade.

Já tive oportunidade de me pronunciar sobre a Assembleia Geral da passada semana e quais aquelas que julgo que deveriam ser as consequências e ilações a retirar. Pouco me importa a concórdia ou a discórdia das minhas posições. De resto, até sei reconhecer que, se o atual Presidente se recandidatar, contra uma lista que não contenha Bagão Felix num órgão social, irá, muito provavelmente, vencer as eleições. 

Contudo, por muito menos descontentamento, outros Presidentes, como José Ferreira Queimado, não se recandidataram. O Benfica não é um qualquer Governo de Portugal. O Benfica é movido por paixão e julgo que um Presidente não pode criar separatismo quando a sua figura e o seu nome não são consensuais de forma tão evidente. O que representará 51 % ao pé da paz social no clube que se quer reinante ?! Assim, abrir o clube à discussão, de forma atempada, livre e democrática, dando tempo para que todas as listas que decidirem avançar se constituam e, garantindo ele próprio por fazer dos órgãos de comunicação do clube um espaço que todas elas o pudessem utilizar, de igual forma, para esclarecer os sócios dos seus próprios projetos, seria a saída pela porta certa e a demonstração de um “sentido de clube” que, em vários momentos ao longo dos seus três mandatos, soube, reconhecidamente, embora nem sempre, ter. 

Embora o último parágrafo sonhador, todos sabemos que nada disto irá acontecer. Luís Filipe Vieira irá, quase de forma certa, continuar calado e a receber apoios diariamente. Irá concorrer sozinho e com a presença, na sua lista, de dois opositores de 2009, cujos estatutos sociais, desde então, mudaram.

Com sinceridade, quem acredita e vende a história do "mudar por dentro" são só aqueles que ainda têm peso na consciência ao oferecer, numa bandeja, a alma ao diabo. A partir desse momento, para efeitos práticos, esses “senhores”, que integrarão essa lista, passarão a concordar com a política de comunicação da Benfica TV, com o nível boçal dos nossos representantes, com os estatutos em vigor, com o passivo astronómico e com “o Benfica ser um clube para valorizar jogadores, não para ganhar títulos”. No meu entender, esses “senhores”, se queriam ter o respeito dos sócios, tinham de seguir o caminho da coerência e fazer a luta onde ela deve ser feita (nas urnas)... E perder as eleições - conquistando o devido espaço - se fosse preciso !

Restará aos outros elementos do conhecido “Movimento Benfica Vencer Vencer” saberem distanciar-se no devido tempo, que teima em não chegar. E aqui, novamente, o “sentido de clube” também exige uma candidatura deste Movimento. Mesmo que não existam condições de vitória (não haverá mesmo?), os seus membros devem avançar, com nível e elevação, para respeitar o clube e as suas tradições. A formação para a cidadania - outro dos desígnios do Sport Lisboa e Benfica, que não serve apenas para “jogar futebol” - deve partir de quem é capaz de se fazer ouvir. A hora exige ! E, se por um lado, não lhes será incutida a responsabilidade caso não vençam, por outro, o mesmo não poderá ser dito em relação ao legado que, caso não se candidatem, abandonam.


“A penalização por não participares na política é seres governado pelos teus inferiores”, Platão escrevia. Assim, encontro-me cansado de “ouvir falar” em jantares, fiquei obtuso com o espelho de falta de cultura associativa e fico, interminavelmente, impressionado com a infindável gestão de silêncios por parte de toda a gente. 

Acredito, honestamente, que, no Benfica, uma ‘Nova’ Farmácia Franco deveria ser feita com todas as gerações. Julgo, no entanto, que, cada vez mais e perante os acontecimentos, não tardará a chegar o tempo de serem outros, bem mais novos, a fazer renascer, de novo, o mais nobre espírito benfiquista, a refundar os valores do Glorioso e começar no Benfica algo que Portugal tanto precisa: a renovação das classes dirigentes.

Há “jovens”, penso em abstracto, por esse Mundo benfiquista fora, tão mais bem preparados para a gestão adequada e com tanta mais paixão e vontade de vencer. Contudo, esta força só estará apta quando, na defesa da grandeza daquilo que os une, se deixarem de chamar “abutres”, “cegos” e “ridículos” uns aos outros por pensarem diferente. 

Se são o futuro, sejam desde já o exemplo. É este o verdadeiro apelo. 
E que isso concretizar-se seja a maior vitória destas eleições.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sou do Benfica...


Quando se é livre pode ler-se um texto previamente escrito, fazer um discurso populista, enfadonho ou mesmo de improviso. Porém, ser livre é respeitar o próximo onde este é livre também nas suas convicções. 

A mobilização para esta Assembleia Geral já vinha ganhando forma de há umas semanas para cá desde que saíra a convocatória. Todos os dias se apelava à presença nas redes sociais, assim como no contacto dos benfiquistas entre os seus núcleos de amigos. Assim, de forma esperada, a moldura humana não defraudou. Para os sócios presentes, foi como se de um jogo se tratasse. Sem bola e equipamento, mas com palavras e pequenas folhas A5 com números na mão, o resultado final foi uma reprovação do relatório de contas apresentado pela Direção.

A Assembleia começou com pouco pulso do Presidente da Mesa da Assembleia Geral na forma como baralhou os sócios com duas propostas em alternativa para leitura da ata da reunião anterior. Pouco importa dissertar sobre esse assunto, pois a maioria votou claramente contra a leitura, mas não devia ter sido negada a importância de todos os registos das reuniões magnas serem “bem escritos” e com os relatos do que efetivamente aconteceu, sob pena de no futuro não haver história e documentos para a reescrever.

Assim se entrou no ponto quente da Ordem de Trabalhos já com os ânimos exaltados. Mais de 108 anos já se passaram desde que um conjunto de jovens rapazes em Belém se reuniu e comprou uma bola de 1500 réis em segunda mão. Mas, por vezes, não parece. Se, de facto, existiram vários comportamentos por parte dos presentes que devem ser veementemente reprovados, as primeiras palavras na intervenção da Direção, através de um dos seus vice-presidentes, serem um desavergonhado “pouco barulho” não é mais do que uma demonstração do mesmo baixo nível – quando se tinha a obrigação de ser superior pelo órgão social que representa - e uma contribuição, de forma indelével, para o “incêndio” das hostes, o qual se deve, a todo o custo, evitar. 

Importa também referir que uma das características fundamentais de um Presidente líder do Sport Lisboa e Benfica tem de ser a capacidade de comunicação nata, sobretudo com os seus associados. Não deve, de todo, remeter tais temas de vital importância para figuras de segundo plano, ainda para mais para discursos de adormecimento, propaganda e que fogem às questões essenciais.

De seguida, vários sócios quiseram tomar a palavra – sobretudo a criticar o Relatório e Contas - e fizeram-no sem risco ou ameaças. Apesar de uns mais aplaudidos do que outros, houve alguns mistérios e silêncios. O Presidente, no discurso final, foi talvez o mais apupado e começou a fazer adivinhar o que há pouco meses atrás não se faria prever, nomeadamente o resultado de “chumbo largo” que a votação acabou por ter, apesar de um sistema de contagem - e de poder diferencial de voto - claramente ineficiente.

No meu entender, mas uma vez que foi o próprio Vice-presidente da direção, através da tipologia do seu discurso, e o Presidente da Mesa da Assembleia Geral a assim o entender, tudo deveria ter sido feito de forma diferente. As “leis” do associativismo mandariam fazer duas votações em separado: uma votação para a gestão (mais em concreto o “plano de actividades”) e, em separado, as contas do respectivo exercício. Pelo meio, o parecer por parte do Presidente do Conselho Fiscal também deveria ter sido apresentado. Todos sabemos que o que foi “chumbado” - e provavelmente de forma justa (até porque é a maioria da democracia que deve prevalece e não as opiniões) foram as saídas de Witsel e Javi Garcia, os apoios a Fernando Gomes para a FPF, as insuficientes vitórias consecutivas no futebol e as atitudes e incoerências dos órgãos sociais em várias matérias ao longo do seu tempo à frente do clube, e não propriamente as contas do clube que, retiradas as empresas que lhe estão associadas, até manifestaram um lucro de aproximadamente 423 Mil Euros.

Por fim, resta agora entender as consequências. Da própria Direção do clube à porta de eleições e se, esta mobilização que deu um claro “cartão vermelho” aos atuais corpos dirigentes, é capaz de constituir alguma alternativa... 

Independentemente disso, julgo que a Direção, em nome do seu Presidente, deveria por o seu lugar à disposição, saindo "a bem" e com o clube agradecido, abrindo o clube à sua discussão atempada e, caso a mesma “linha” se deseje, legitimamente, recandidatar, fazê-lo - em ambos os sentidos - com outra “cabeça”. Com muitos menos divisão entre os simpatizantes do clube, outros Presidentes o fizeram e, tal como alguém disse, em pleno discurso mobilizador das massas que fez o sangue correr com mais fervor e onde até a Ser Benfiquista se cantou, "só lá vamos todos juntos...". E os benfiquistas estão claramente divididos neste momento. 

PS – Em relação ao petardo lançado em pleno pavilhão onde decorria a Assembleia Geral, tive o mesmo sentimento de desânimo, como aquele imediatamente a seguir ao 2-1 frente ao Liverpool, em casa nos Quartos-de-final da Liga Europa em 2010, quando o Benfica (sim, o Benfica também estava lá hoje!) estava em claro ascendente e prestes a fazer história novamente. Mesmo assim, hoje conseguiu fazer, mas da outra não o fez... O meu voto continua a exigir um “clube de senhores”. E, neste mar de falta de exemplos de um lado e de gestão de silêncios do outro, quem me garante que da próxima será diferente ?



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Cosme em vão



Assisto, impávido e sereno, a muitas acusações entre benfiquistas. Discussões sem elevação no trato e no argumento pouco me interessam. Provavelmente, também pouco me darão essa importância e saberão quem sou, mas, no fundo, tudo o que não é “à Benfica” não merece o meu  “gosto” ou participação com “comentário”.

A liberdade, em democracia, acaba onde começa a dos outros. E este texto não pretende de todo criticar as formas de expressão de cada um e muito menos pretende fazer juízos de valor sobre cada mensagem que cada benfiquista escreve sobre o seu clube. Mas há muito trabalho pedagógico por fazer – que devia ser levado a cabo maioritariamente por quem chefia o clube - sobre o que é o Benfica e também sobre o que é a democracia, no passado “quase” sinónimos indistintos.

Se, por um lado, o regresso de fantasmas de um passado recente tem servido, de forma indecente, como desculpa para que tudo se permita fazer em todos os documentos (estatutos e suas normas sobre regulamentadoras, por exemplo), assembleias gerais, órgãos sociais e de comunicação do Benfica, por outro, o discurso oposicionista não é maduro, preparado e não pode usar, à viva voz, espíritos benfiquistas que não estão entre nós em vão sem conhecer a sua verdadeira história.

Cosme Damião, de facto, sonhou um clube, mas tinha uma concepção de futebol muito diferente daquele que o Benfica é hoje, mas também diferente daquele que era já nos anos 30, 40 ou 60. A adopção do clube para um modelo profissional para o futebol, defendida por uma nova “fornada” de dirigentes em meados dos anos 20 liderada por Ribeiro dos Reis, foi a razão da saída de Cosme Damião dos órgãos sociais do clube. Embora convidado para encabeçar a lista de oposição a Bento Mântua(de quem era Vice-Presidente), decidiu colocar-se à parte por falta de identificação com o modelo "futuro" do Benfica, que foi sufragado pelos sócios, e que mais tarde veio dar ao clube tantas vitórias. Era um ferrenho defensor do amor à camisola e rejeitava liminarmente que qualquer atleta tivesse de ser pago para vestir o manto sagrado do Benfica. Embora a beleza do discurso - e talvez Cosme até tivesse razão tal a podridão que o futebol atingiu, ao longo dos anos e até hoje, por essa vil motivação – o dinheiro e o sucesso do futebol já se tinham tornado indissociáveis.

Apesar desta saída do clube, alguns anos antes, em 1911, como Capitão-Geral dera uma entrevista reveladora da sua ideia, já moderna para a época, do Sport Lisboa e Benfica como instituição e como clube. Desejava uma colectividade eclética, mas sobretudo focada no futebol com infraestruturas próprias destinadas ao seu sucesso. Já imaginava filiais e associações espalhadas pelo país e pelo mundo. E, usando a força motriz do clube, era um feroz defensor da formação e da educação dos sócios e adeptos do ponto de vista cultural, social e recreativo.

Analisando, sem injustiça, os tempos de hoje, julgo que deve ser reconhecido que os últimos mandatos são dos que mais têm ajudado o clube a cumprir as três primeiras ideias de Cosme: a sede do Benfica no Estádio da Luz, o centro de estágios, a aposta nas modalidades, mas com especial enfoque no futebol (apesar dos títulos em proporcionalidade inversa) e o crescimento do número de sócios e de casas do Benfica.

Quanto à última premissa - formação e a educação dos sócios e adeptos do ponto de vista cultural, social e recreativo - é, porém, talvez onde mais estes órgãos sociais têm falhado. Apesar da Fundação Benfica e do seu bom trabalho desenvolvido, o clube que um dia deu lições de associativismo e democracia ao país, está hoje a “deseducar” os seus dos fieis princípios.

A começar pelo desrespeito pela mera ideia de opinião contrária e pelo fomentar de uma guerrilha cujas munições são todo o tipo de epítetos , se há coisa que devemos questionar na vida é porque será que somos os únicos a fazer determinadas coisas ? Será que inventámos mesmo ou outros não fizeram porque não fazia sentido ? Apenas para que sirva de exemplo, usemos a ideia do voto electrónico, consagrado nos estatutos para ser utilizado aquando das eleições para que estas aconteçam em simultâneo por todos os lugares do Mundo.

Embora a ideia de alargar o colégio eleitoral seja interessante, impossibilita que o voto de cada associado seja livre, autónomo e independente . Será por acaso que em todas as democracias por esse mundo fora é precisamente através do voto em papel e do voto com antecedência por correio ("gozar" com o Pombo Correio é, pois, de uma total iliteracia democrática) que se votam as listas ? Existem razões para isso : em primeiro lugar, é preciso garantir a presença de membros de todas as listas (não elementos da Prosegur...) nos locais de voto – de forma a garantir a idoneidade - e porque apenas o voto físico é passível de ser recontado, um direito que assiste a qualquer lista candidata. Outra razão é a possibilidade de existência de "votos nulos" com mensagens escritas que são outra forma de liberdade e democracia e não apenas “brancos” ou “nas listas”.

Os críticos levantarão logo exemplos de outros lugares no Mundo, como no Brasil, que assim também se faz. Nessa jovem democracia faz-se, é verdade. Mas com acompanhamento de voto físico, pelas razões atrás explicitadas. É assim mesmo "essa coisa muito chata", chamada democracia, que precisa de regras claras e frequentemente de muitas horas de espera para se fazer cumprir, pois o voto de cada um tem de ser respeitado.
O Benfica é (e deve ser sempre) uma educação moral e social para as pessoas. É uma associação, movida por paixão, onde todos temos de ter a humildade de aprendemos uns com os outros. Assim, não me sentiria bem comigo mesmo se, antes de me deslocar até à importante Assembleia Geral que hoje decorrerá no Estádio da Luz, não viesse aqui afirmar que julgo que tanto o nome do Cosme Damião, como até o do próprio Benfica, têm sido frequentemente usados em vão como armas populistas de pré-campanha.

Só o conhecimento da história pode mostrar a todos os benfiquistas – defensores ou não defensores dos atuais corpos dirigentes -  que o nível de “debate” e “invocação do passado” a que estamos a chegar é em tudo o inverso daquilo que é e fez o Glorioso: um clube com deferência institucional, democrático, respeitoso da sua (verdadeira) história, sem ofensas e guerrilhas entre os seus adeptos, nacional e, quando não caminha contra a sua natureza, vitorioso.

Eleve-se o nível e o discurso na Assembleia Geral (e todos os dias) !
Viva o Benfica !


Nota: Na fotografia, o jovem com o pin do Benfica é o Capitão de Abril Salgueiro Maia .

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os bons, os maus e os razoáveis...


Os benfiquistas teimam em esquecer que o seu clube tem mais de 100 anos de História. Por essas “redes sociais” e “blogs” fora fazem-se, diariamente, sondagens, artigos de opinião ou fotografias a criticar o atual Presidente do Benfica e a apelidá-lo como o “pior Presidente da História do clube”, com Manuel Damásio e João Vale e Azevedo a completarem a trilogia.

Alberto Miguéns é, provavelmente, uma das pessoas que mais se dedicou à história do Benfica. Embora eu nem sempre esteja de acordo com algumas das suas análises, sei respeitar o seu lugar como talvez o mais conhecedor da história gloriosa do nosso clube.

Na sua página na Internet, Em defesa do Benfica, na análise que faz aos 32 Presidentes eleitos ao longo de 108 anos de Clube (excluiu o primeiro Presidente José Rosa Rodrigues por ter sido nomeado aquando da fundação do clube), dá especial valor aos títulos conquistados pela equipa de honra da secção do futebol, deixando uma menor importância às modalidades, mas tem sempre em conta, baseando-se numa frase de Joaquim Ferreira Bogalho, a forma como o clube foi “entregue” à Direcção que toma posse e como, passados uns anos, esta o “deixa”. Julgo, porém, que mais dois critérios deveriam fazer parte da análise, os quais irei acrescentar naquela que farei ao longo deste texto: o indelével benfiquismo e a obra “térrea” levantada.

Começando pelos dois Presidentes anteriores a Manuel Vilarinho, Manuel Damásio foi eleito em Janeiro de 1994 e pôs o seu lugar à disposição após três campeonatos perdidos para o FC Porto e uma derrota pesada em Vila do Conde no início da época 1997/98, quando já decorria o seu segundo mandato.

Recebeu a “batata quente” de uma Direção em que o Presidente Jorge de Brito, e seus pares, eram figuras de descrédito na nação benfiquista depois do escandaloso Verão Quente e das rescisões dos contratos, unilaterais e por justa causa, de Pacheco e Paulo Sousa rumo ao Sporting. João Pinto quase seguiu o mesmo caminho, mas um “raide” de Jorge de Brito a Madrid ainda conseguiu evitar a sua saída.

Apesar da falta de liderança e da situação financeira ser preocupante, de Jorge de Brito nunca se duvidou do seu amor ao clube. Era Águia de Ouro, o seu Pai um conhecido benfiquista, tinha sido vice-Presidente de João Santos no mandato anterior e todos sabiam o quanto era capaz de delapidar do seu próprio património em nome do clube, como é disso exemplo a oferta da pista de tartan no mandato de Borges Coutinho.
Mesmo com a confusão instalada, Manuel Damásio ainda venceu esse Campeonato Nacional 1993/94 com Toni à frente da equipa, com uma espantosa vitória por 3-6 em Alvalade, e chegou às meias-finais da Taça das Taças. No entanto, errou – embora na altura ninguém acreditava que a decisão era incorreta – ao despedir o treinador campeão, no final dessa época, substituindo-o por Artur Jorge, Rei em Paris, que veio a desfazer uma equipa campeã ao preterir Isaías, Paneira e Veloso por jogadores como Tavares, Nelo, Paulo Bento e outros.

Na verdade, Artur Jorge também durou pouco como treinador da principal equipa e, na época 1995/96, já foi o seu adjunto Mário Wilson, “bombeiro” de serviço, a vencer a Taça de Portugal por 3-1 frente ao Sporting, final à qual o Benfica voltaria a chegar em 1996/97 com Manuel José, embora, desta feita, derrotado por 3-2 contra o Boavista.

No que diz respeito ao estádio, foi o responsável por trazer conforto ao antigo Estádio da Luz. Embora tenha diminuído a lotação, o novo fosso e as cadeiras vermelhas faziam melhor figura do que o cimento para a exigência dos adeptos perante um século XXI que se aproximava.

Embora extremamente educado, cortês e um senhor no trato, Manuel Damásio não foi capaz de ver para além da poeira dos dias que corriam. Conseguiu fazer ultrapassar o número dos 100 000 sócios, mas era, principalmente, tempo de profissionalizar o clube, pois daí dependeriam as vitórias do futuro. Contudo, tal não se verificou e as entradas e saídas de jogadores ocorriam de forma amiúde, até que uma equipa, sempre às costas de João Pinto, se tornou insustentável. Como bom benfiquista, incapaz de fazer melhor, abriu o clube a ser discutido…

Essas eleições de 1997 são, provavelmente, o maior erro histórico do Sport Lisboa e Benfica. A campanha fabricou um derrotado chamado Luís Tadeu e deu a vitória a um muito “desejado” Pinto da Costa vermelho. João Vale e Azevedo tinha a campanha preparada, pois tinha concorrido contra Damásio pouco tempo antes. Ao sentir a porta “aberta”, venceu as eleições e, em três anos, nunca venceu qualquer Campeonato Nacional ou Taça de Portugal. Sofreu ainda a maior derrota de sempre do clube nas competições europeias e “incendiava” as assembleias gerais do clube com decisões polémicas e duvidosas. Deu pouco apoio às modalidades – embora tenha apostado no ciclismo – e fez tábua rasa à formação futebolística depois de uma noite mal dormida.

Tudo o que Vale e Azevedo fazia era “estranho” e os sócios eram pouco informados. A título de exemplo, de forma súbita, fechou-se uma bancada no Estádio numa promessa vã de renovação quando já se começava a falar da organização próxima de um Europeu em Portugal. Todas as semanas os “ingleses” iam investir no Benfica. E tardava a aparecer o “Benfica à Benfica” prometido em campanha eleitoral.

Isolado dos outros clubes no movimento associativo nacional, desprotegido pela comunicação social e separatista dos sócios do seu clube, tendo vencido com pouca margem de diferença as eleições de 1997, foi, naturalmente, derrotado no ano 2000 por uma maioria silenciosa que deu voltas ao Colombo e ao Estádio da Luz.

No meio de tanta “trapalhada”, veio a ser preso mais tarde por processos relacionados com o Benfica, o que fez pôr em causa o seu indelével benfiquismo, isto é, não ser capaz de pôr o clube à frente do seu próprio benefício. Foi o único caso alvo de expulsão de sócio em Assembleia Geral na história do clube. Avaliando hoje, talvez essa decisão não tenha sido injusta, mas o fantasma criado do “seu” regresso reencarnado por alguém, que ainda hoje se vive, não é mais do que uma repercussão desse sangue derramado...

E foi assim que Manuel Vilarinho encontrou um clube endividado, sem mística e sem o seu jornal centenário, mas com um jovem treinador, de seu nome José Mourinho, a moralizar uma equipa de “operários”, de qualidade duvidosa, mas que logo num dos primeiros jogos do mandato foi capaz de vencer por 3-0 um Sporting campeão em título.

Contudo, por pretensa arrogância do jovem Mourinho, Vilarinho decide substituí-lo pelo seu escolhido na campanha eleitoral, o ex-campeão Toni. Este até esteve perto de alcançar o Boavista no primeiro lugar não fosse aquela bola no poste de Pierre Van Hooijdonk a cruzamento de Carlitos… Mas acabou em 6º lugar e pouco melhor ficou o Benfica classificado nos restantes anos do seu mandato. Não obteve qualquer título conquistado, algo que o seu indubitável benfiquismo não deve perdoar a si próprio.

Todavia, teve como especial mérito o regresso dos tempos de acalmia e fazer os sócios voltar a acreditar, de novo, no futuro… Apesar dos parcos resultados, a SAD começava a ganhar contornos de grupo empresarial e os sócios respondiam às subscrições de capital social. Era também construído o novo Estádio em 2003 para dar abrigo ao Euro 2004. E o clube regressava aos dias de credibilidade.

Importa talvez não deixar de referir que a essência deste novo Estádio em nada se coadunou, à luz do que já vinha acontecendo aos poucos com o antigo, com os princípios de origem social do Sport Lisboa e Benfica. A bancada central dos sócios do Benfica, oriundos de diversas origens sociais, deixou de existir.
O rico “na central (de negócios)” e o pobre “atrás do baliza” não são de todo uma metáfora do Benfica verdadeiro. E a ideia de “clientelismo” criada desde então é uma das mais importantes e das mais atuais críticas dos sócios aos últimos anos de gerência do clube.

Independentemente disso, foram, com toda a certeza, estes últimos feitos do mandato de Manuel Vilarinho que levaram Luís Filipe Vieira, homem forte do futebol desde 2001 e, juntamente com Mário Dias, um dos grandes responsáveis de “levantar” o Estádio, a vencer por larga margem as eleições de 2003.

Luís Filipe Vieira viria a ser eleito por mais duas vezes, nomeadamente nos anos eleitorais de 2006 e 2009, com mais de 90 % de expressão dos votos. Merece, por isso, essa saudação, o cargo que ainda hoje ocupa e deve existir respeito por aquela que tem sido, inequivocamente, a vontade da maioria benfiquista.

Ainda assim, como qualquer outro que represente os órgãos sociais do clube, não está isento de críticas e acima da instituição Sport Lisboa e Benfica, sobretudo em ano eleitoral. E a verdade é que nenhum sócio tem ficado indiferente à forma como é tratado, inclusivamente pelos órgãos de comunicação do clube, quando discorda de algum dos seus atos.

Além disso, mesmo que se reconheçam, sem dúvida, bons momentos na gestão do clube por parte de LFV, tais como a profissionalização das estruturas do clube, o aumento do número de sócios, a proliferação e uniformização das casas, a Fundação Benfica, as contas auditadas (o que - note-se – não invalida os resultados negativos e o passivo “astronómico”), o aumento significativo da qualidade da equipa de futebol-e tudo aquilo que a rodeia, como os departamentos clínicos, observadores e segundas equipas - em relação aos mandatos imediatamente anteriores, os resultados da equipa principal de futebol não são os melhores e são manifestamente insuficientes para este clube vermelho e branco com mais de 100 anos de vitórias: em 9 anos de Presidência de Luís Filipe Vieira, a nível doméstico, o Benfica conquistou dois campeonatos, uma Taça de Portugal (esteve presente noutra final), quatro Taças da Liga e uma Supertaça. No que diz respeito às provas europeias, nunca ultrapassou os quartos-de-final na Champions League e chegou por uma vez às meias-finais da Liga Europa, no ano em que a final foi disputada por FC Porto e SC Braga.

É certo também que a  “refundação” das normas estatutárias não caiu bem à Presidência de LFV. Todos sabem que Luís Filipe Vieira era um desconhecido entre os benfiquistas antes da sua aparição no mandato de Manuel Vilarinho. Mas assim aconteceu também com outros Presidentes e outras importantes figuras que deram enormes contributos para o crescimento do Benfica. Serve disso exemplo o ministro das Obras Públicas, Engenheiro Cancella de Abreu, eleito mais tarde Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Clube, que, em 1946, aquando da sua audiência concedida aos corpos sociais do clube, onde se prontificou a resolver algumas questões com a Câmara Municipal de Lisboa a propósito dos terrenos para a construção do Estádio da Luz, afirmou, sem pudor aos dirigentes benfiquistas: “É só um empurrãozinho; e , se for necessário, eu próprio me farei sócio do Benfica...”. Um simples exemplo histórico de que os 25 anos ininterruptos de filiação associativa não fazem qualquer sentido nos novos Estatutos do Sport Lisboa e Benfica.

Não menos importante, e algo também nunca visto na história do clube, deve ser reconhecido que o levantamento de suspeitas (confirmadas pelo próprio) sobre a sua associação a clubes rivais, tem contribuído para colocar o Benfica à mercê do falatório de adeptos de outros clubes e tem permitido o ato detestável de se estar constantemente a medir o “nível” de benfiquismo entre os benfiquistas e a fazer reinar o desrespeito entre eles.

Relativamente à obra “térrea” levantada, foi construído o Centro de Estágios no Seixal, será inaugurado no próximo mês o Museu do clube e a Benfica TV tratou-se de um projeto pioneiro em Portugal. Mas, o próprio Museu nos fará ver que, ao longo da nossa História, em tempos de normalidade, o mais difícil nunca foi fazer... foi pagar...

Assim, embora já existam vários critérios que podem ser avaliados no presente, a análise do lugar de Luís Filipe Vieira na história do clube ainda não atingiu o seu pico de maturação. Deve, pois, ser realizada com um suficiente distanciamento no tempo, após a sua saída do clube e como a sua Direção "deixará" o clube para a Direcção seguinte .

Será Luís Filipe Vieira de novo candidato nas eleições que se aproximam e ter mais 4 anos de mandato pela frente? Se sim, esses 4 anos farão toda a diferença na sua avaliação como Presidente, podendo vir a ter razão aqueles que incluírem LFV nos "piores", nos "melhores" ou mesmo nos "razoáveis" Presidentes da história encarnada. Mas o correto, para já, parece-me que é aguardar... E analisar a totalidade dos seus mandatos no devido tempo... Ou não votar nele se insatisfeitos.

Em relação a todos os restantes 31 Presidentes eleitos na História do Sport Lisboa e Benfica (excluir-se-ão, propositadamente, desta análise final Luís Filipe Vieira e José Rosa Rodrigues), muito dificilmente algum deles reunirá todos os critérios de forma intocável, sobretudo porque Presidentes em momentos diferentes da história do clube lidaram com problemas diferentes. No entanto, avaliando por critério, os melhores e os piores poderiam ser distribuídos da seguinte forma:

1) Títulos importantes conquistados pela equipa de honra de Futebol :

Melhor: Maurício Vieira de Brito ; Pior: João Vale e Azevedo

- Maurício Vieira de Brito foi o Presidente que contratou Eusébio e o primeiro Campeão Europeu, entre vários outros títulos conquistados. Duarte Borges Coutinho ocuparia, quase com toda a certeza o segundo lugar.

- João Vale e Azevedo não conquistou qualquer título pela equipa principal de futebol, embora o seu sucessor também não tenha conquistado.

2) Situação como “encontra” o clube e situação como o “deixa”:

Melhor: João José Pires ; Pior: João Vale e Azevedo

- João José Pires recebe um “Sport Lisboa” que havia estado perto de ser extinto e entrega-o Campeão de Lisboa em 1910 e responsabilizou-se, pessoalmente, por várias dívidas. Talvez Manuel Vilarinho mereça o segundo lugar como igualmente um dos melhores neste critério.

- João Vale e Azevedo deixa o clube sem soluções na banca, sem dinheiro na tesouraria, sem equipa de futebol, sem jornal e acusado de devedor por parte de vários parceiros institucionais.

3) Indelével Benfiquismo:

Melhor: Manuel da Conceição Afonso ; Pior: Nuno Freire Themudo

- Encadernador de profissão, Manuel da Conceição Afonso foi eleito por 5 vezes Presidente do Sport Lisboa e Benfica numa vida inteira dedicada ao clube.

- Em 1919, Nuno Freire Themudo moveu uma ação de despejo ao Sport Lisboa e Benfica, deixando o clube à mercê de perder todas as suas instalações.

4) Obra “térrea” levantada:

Melhor: Joaquim Ferreira Bogalho ; Pior: Nuno Freire Themudo

- O Estádio da Luz, inaugurado em 1954, só não se chamou Joaquim Ferreira Bogalho porque este não o quis.

- Nuno Freire Themudo pelas mesmas razões escritas no critério anterior.


Para terminar esta crónica, julgo que existe ainda um outro nome que, embora nunca tenha sido Presidente (não o quis!), não pode passar ao lado. A adicionar ao facto de praticamente completar todos estes critérios de análise, ainda tem mais um insuperável: a sua imensa humildade.

De seu nome Cosme Damião, o “Pai” do Sport Lisboa e Benfica, o maior clube de Portugal.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Responsabilidades?

Em jeito de adenda ao post anterior e face aos comentários explico as responsabilidades de LFV e Jesus:
 
 - Em relação ao presidente, ao líder máximo que por várias vezes disse que controlava tudo o que acontecia no nosso clube, a sua responsabilidade no jogo de ontem está na inépcia e inação. Se um dirigente do clube vem a público dizer que estavam avisados e sabiam do que poderia acontecer com Xistra e nada fizeram, parece-me evidente que há responsabilidades na direcção por ausência de medidas.  
 
 - Em relação a Jesus, ainda que ontem não se possa dizer que tenha estado muito mal, pois o Benfica jogou o suficiente para ganhar se fosse mais eficaz (não só por causa de Xistra) o problema está na fórmula, na insistência de uma estratégia descompensada e na gestão de plantel. Não se percebe porque Nolito é constantemente suplente, não se percebe a questão Gaitan (só joga na Champions, isto cria divergências no plantel, é inevitável) mas acima de tudo nos espaços que concede. O Benfica de Jesus é incapaz de controlar um jogo com bola, é incapaz de pressionar e recuperar a bola em posições avançadas no terreno, a equipa está desposicionada defensivamente o que proporciona ataques aos nossos adversários. Nesses ataques sujeitamo-nos aos Xistras desta vida. A Académica com 10 não pode ter os lances ofensivos que conseguiu fazer e num dos quais acabou por marcar o segundo golo.
 
Fale-se de Xistra, fale-se de arbitragem em geral, mas não escondam a cabeça no chão a fingir que os nossos não têm responsabilidade. Têm responsabilidade e muita.

Ser Xistra

Xistra não serve o sistema, Xistra não recebe chocolates, fruta e/ou envelopes, Xistra não beneficia de aconselhamento privilegiado, Xistra é simplesmente mau e incompetente. Vai-se mantendo na primeira divisão da arbitragem pela necessidade de queimar uns e promover outros para que o sistema funcione na sua plenitude. Vive do passado em que foi a grande aposta da arbitragem nacional e vai-se mantendo por lá com os resultados sobejamente conhecidos: erros atrás de erros prejudicando tudo e todos. 

Nós queixamo-nos mais porque falhamos mais, o empate em Coimbra tem muito de Xistra, mas também tem muito de Cardozo, Jesus e LFV. Por acaso Jesus, LFV e Xistra têm bastante em comum, são 3 casos que vivem de um passado glorioso mas cujo presente é cinzentão, e que o medo da mudança os vai mantendo nos cargos que ocupam. 

Urge dar uma sapatada na mesa para correr com a corrupção em Portugal mas essa sapatada deveria estender-se a quem por incompetência vai acumulando erros.

Não se dispersem...

Antes que alguém venha descortinar falhas do Melgarejo, do Jardel ou do Matic. Ou justificar com as más opções técnicas do Jorge Jesus. Venho pelo presente afirmar que só há um responsável pelo resultado do jogo de ontem, por sinal o mesmo da primeira jornada, o árbitro. Em vez de golearmos como era merecido, voltámos a empatar com grande protagonismo do artista de sempre.


Batam em quem merece poupem os nossos.

4 Jornadas
4 pontos roubados

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Diga lá 33

Podemos não gostar do estilo, podemos aventar inúmeras possibilidades e qualidades individuais que inibam Jardel enquanto forte possibilidade para ser titular da nossa equipa, mas a estatística é clara: uma vez mais o Benfica não sofre golos com Jardel a titular, o que nos últimos anos é de assinalar, pensar e repensar.

O plantel do Benfica é um verdadeiro luxo. Quantas equipas da Europa se permitem ter um jogador trabalhado em especifico para jogar a Champions? Sei que não tenho um conhecimento profundo de todas as equipas que participam na Liga dos Campeões, mas, atrevo-me a dizer que deveremos ser os únicos. Até aqui estamos, e Jesus em particular estará, na vanguarda da Europa. Que ala esquerda perfeitamente demolidora, um terror para os adversários, não fosse o Celtic ter um dos melhores defesas direitos do mundo e o resultado de ontem seria recordado para todo o sempre!

Em teoria fizemos um bom resultado, na pratica tenho duvidas pois a dupla de centrais dos verdes se fosse apertadinha era só buracos, conforme pudemos assistir esporadicamente no jogo de ontem.
Em suma devemos destacar André Almeida que surpreendentemente esteve bem. Enzo Peres com a bola nos pés gostei de ver, sem bola não me convenceu, como ouvi em tempos um catedrático do futebol dizer que 95% do jogo, um jogador não tem bola, estamos conversados. Ainda assim penso que existe ali potencial para evoluir naquela posição, mais potencial que um certo miúdo que joga na lateral esquerda.

Venha de lá a Académica que esse é que é o nosso campeonato. Até lá temos que mudar o chip, e criar ambição para ganhar jogos, é que parecendo que não, dá um certo jeito.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Para além da Champions

Hoje, a nossa equipa de andebol recebe o ABC na 1ª jornada do campeonato. Um jogo difícil que vai ser um bom teste ao nosso novo plantel. Infelizmente é à hora do jogo da Champions, pelo que provavelmente não haverá garnde presença de público. A Equipa B de futebol recebe o Tondela, sem dois jogadores muito importantes que foram a Glasgow - André Gomes e André Almeida (que são o Javi e o Witsel desta equipa). A isso se juntam cinco lesionados, o que significa que praticamente vamos jogar com... a equipa B da equipa B! Não vai ser fácil, mas acredito na equipa. Temos de tentar ser campeões da Liga de Honra!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Luisão não deveria jogar...


Eram os tempos de Otto Glória. Tempos de mentalidade adulta e responsabilidade .
Com a chegada do treinador brasileiro em 1954, houve grandes mudanças no aspecto da organização do clube. O Estádio da Luz estava prestes a ser inaugurado, comprou-se um autocarro para transportar os jogadores e criou-se o Lar do Jogador do Benfica.

O Lar do Jogador, onde viviam os jogadores solteiros e, de quinta a domingo, também os casados, era uma espécie de regime de vigilância em que quem não cumprisse, sequer os horários, era multado em valores superiores ao ordenado. As memórias de Francisco CALADO, expostas no Almanaque do Benfica, não deixam margem para dúvidas: “ Eu, por exemplo, fui uma vez apanhado as 23:10 na casa da minha vizinha, aquando do aniversário dela, e fui multado em mil escudos, quando ganhava apenas 750 escudos por mês.”

Luisão tem sido, ao longo dos vários anos que representa o Clube, um capitão dedicado dentro das quatro linhas, responsável até pela concretização de golos importantes como aqueles marcados ao Sporting e Liverpool, entre outros exemplos. Porém, há adeptos que não esquecem “a multa por excesso de álcool que o obrigou a 40 dias de trabalho comunitário” e as sucessivas chegadas ao aeroporto, com o pescoço carregado de ignóbeis correntes de ouro, a pedir transferências e melhores contratos. E, finalmente,  o caso de Dusseldorf sobre o qual ainda se espera, de braços cruzados, pela resolução da FIFA de participar ou não nas provas europeias. 

Se, por um lado, Luisão foi imprudente na abordagem ao árbitro, por outro, a forma de luta escolhida pelos dirigentes do Benfica foi absolutamente infrutífera e provavelmente oriunda do desespero de perder mais um jogador após um tão mau planeamento da época desportiva, pois trata-se de mais uma posição sem suplente à altura.

Cresci a saber que, no Benfica, vergonha é não ser um exemplo e que nenhum jogador está acima do clube. Por isso, Luisão não deveria jogar... Mas por castigo (e bom senso) dos responsáveis do Benfica. 

Mika

Alguém me pode explicar porque na lista para a Champions foi incluído o Bruno Varela e não o Mika? Foi mesmo opção técnica ou houve outras razões que se prendem com as regras da Uefa? Obrigado

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O nosso site...

Não se poderá fazer algo relativamente à pobreza de conteúdos do nosso site? Artigos sucintos, frequente falta de informação básica, enfim, um desastre. No que diz respeito à equipa principal de futebol a coisa ainda vai, mas em tudo o resto a informação é lamentável. A úlitma pérola é esta, a constituição inicial da equipa B que ganhou ao Airs de Salónica: Paulo Lopes; Carole, Leandro Pimenta, Duarte Duarte e Fábio Cardoso; Élvis Araújo, João Mario, Mvon e Carlos Ascues; Sidnei e Ivan Cavaleiro !!!!! Fantástico, não é? Segundo isto, Duarte Duarte, que é um médio ou avançado, foi central, Leandro também, Sidnei foi avançado... Seria cómico, se não fosse triste.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A mística nasce em casa


Caros amigos, eu gostava de partilhar convosco o texto mais fantástico que alguma vez li sobre o Benfica .

No final do texto irão perceber o porquê da minha envolvência emocional e de ser o meu texto preferido, mas não podia deixar de partilhar isto junto das pessoas, sobretudos dos benfiquistas, que visitam esta página todos os dias !

Aqui fica :

Benfica – um dos amores da minha vida

(Do livro Ser Benfiquista – 100 figuras, 100 histórias )

É meu privilégio ser um dos 100 convidados a escrever um texto sobre o nosso querido Benfica. Faço-o no dia 4 de Janeiro de 2004. Dia em que completo 50 anos de vida e 50 anos de benfiquista e benfiquismo.

Jogar-se-á, ainda hoje, o primeiro (e único?) clássico do futebol português no Estádio da Luz. A chamada “Nova Catedral”, recentemente inaugurada. Um Benfica-Sporting. Este jogo dará, também, início às comemorações do ano do Centenário do nosso Sport Lisboa e Benfica.

O Benfica comemora o seu Centenário, eu celebro 50 anos, tantos quantos faria, ainda este ano, o velho Estádio da Luz, inaugurado em Dezembro de 1954 e palco dos maiores e mais gloriosos feitos desportivos destes últimos 50 anos.

A fundação do Sport Lisboa e Benfica, há 100 anos, foi um momento único, de maravilhosa promessa. Os benfiquistas fundaram, nesse dia radiante, uma “civilização especial”. Não pretendo ser desrespeitoso com os adversários, bem pelo contrário, mas creio que o Benfica decidiu chamar a si a glória e transformar-se no maior clube português.

Tudo em seu redor, do céu (repositório de pedidos e meditações) que cobria os seus estádios à força popular que se unia em torno do clube, transformado em instituição, tudo indicava estar vocacionado para ser o clube do povo. E percorreu esse caminho. E assim foi e assim é. Desembaraçado, natural, espontâneo, genuíno, nacional e vitorioso.

Como dizia, celebro hoje 50 anos. Que se confundem com 50 anos de benfiquismo e de glórias aplaudidas e vividas a cada passo. As vitórias, as emoções, às vezes o sofrimento e a desconsolação infinita, tudo isto são sensações que fazem parte da paixão indomável, tantas vezes superior à razão, que define o que é ser benfiquista.

Talvez isso seja a tão falada mística: “crença ou atitude em que o sentimento se sobrepõe à lógica.” Mas é também a grande oportunidade, que não desperdiçarei, de falar no meu Pai.

Morreu novo, 44 anos (eu tinha 10) e chamava-se José Roberto de Barreiros Arrobas da Silva. Benfiquista de sempre, sócio, sofredor, cedo, fez sentir ao seu filho a ideia do que era, e é, ser do Benfica. É a ele que devo o meu benfiquismo, a minha paixão, a minha entrega.

Foram sem conta as vezes que, pela sua mão, fomos ver o Benfica ao Estádio da Luz. No tempo em que os jogos em “casa” eram aos domingos às 15h00 ou às 16h00, no horário de Verão. E às noites europeias! (eu, nem todas, porque era miúdo e a escola não perdoava).

Que saudades! Desse tempo, do meu Pai, do Eusébio, da linha avançada, do Estádio da Luz.

O tempo mudou. Agora vou com o meu filho, também ele sócio do “Glorioso”, e desde o dia em que nasceu. E com ele partilho discussões, ideias, opções e tácticas. E sonhamos com o futuro. Tenho também uma filha, igualmente benfiquista, sócia desde que veio ao Mundo, menos ligada ao futebol (coisas de raparigas), mas sempre solidária.

Vivo conformado com esta realidade que determina que as novas gerações ocupem os lugares que outrora eram nossos, ou seja, conformado com a lei da vida. Mas, nos grandes momentos, há um pensamento que não me abandona.

Foi o que aconteceu há dias. Na inauguração do novo Estádio da Luz, no dia 25 de Outubro de 2003. Vibrámos. A noite foi mágica e de esplendor. Acto tocante onde se misturaram sentimentos como a ilusão, a esperança, a magia e o pulsar de todos quantos acreditam que aquele será o palco de glórias futuras.

Sempre preferi o decoroso silêncio ao exercício de melancolias filosóficas. Foi o que fiz. Porém, chegou o momento de, embora com mal disfarçada timidez, confessar que os meus olhos arrasados de água, em diferentes momentos dessa noite memorável tinham também a ver com a saudade, com a pena, com a nostalgia de o meu Pai não poder ali estar connosco.

Dediquei-lhe, silenciosamente, o momento.
E agradeci-lhe, ali, mais do que nunca, ter-me feito benfiquista.

Fernando Arrobas da Silva

Advogado

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Amortizar é a palavra de ordem Presidente

40 Milhões é muito dinheiro e se tivermos em conta que o jogador foi adquirido há um ano por 6.5 milhões de euros não há dúvida que é um negócio do ponto de vista económico  fantástico. Se além disso tivermos ainda em conta que o fair play financeiro vai entrar em vigor na próxima época o valor em causa ganha maior relevância. Por isso peço, apelo e melhor ainda, exijo que este dinheiro do Witsel seja utilizado para amortizar o passivo, sirva para aquilo que os milhões do porto não tem servido. Diferencie-se dos outros e demonstre que a redução do passivo e do serviço da divida é o passo para a independência e para a grandeza do Benfica. É necessário dar um novo passo por isso AMORTIZE. Que a maior parte de nós certamente vai compreender. Porque os jogadores passam e o Benfica tem que ficar com a sua matriz e a sua identidade. E AGORA LUIS QUERES SER DIFERENTE ? AMORTIZA!