domingo, 10 de fevereiro de 2013

Silêncio dos inocentes


À hora que estou a iniciar a escrita deste texto decorrem 29 minutos da primeira parte do FC Porto-Olhanense e o resultado encontra-se em 0-1 favorável à equipa do benfiquista Manuel Cajuda.

Ao mesmo tempo, proliferam, a cada segundo, impropérios nos murais de cada benfiquista com conta na rede social mais famosa do mundo. Por um lado, uns dedicam a sua fúria à maldita exibição de Pedro Proença e do resultado final ter sido 2-2 no campo do Nacional da Madeira. Outros, sob a égide nebulosa dos meses de Fevereiro e Março dos anos anteriores, já temem seriamente pelo futuro deste campeonato.

Contudo e na verdade, o jogo de hoje não começou às 18h deste dia 10 Fevereiro do calendário gregoriano. Tem semanas (anos?) de vida e anda aí à deriva esta época sobretudo desde as polémicas declarações do ‘Salvador’ bracarense que nada sabe da história do Desporto em Portugal.

A história do “caso” Calabote, ocorrida na final da década de 50, foi desencantada nos anos 80 como forma de dar resposta aos casos de arbitragem relacionados com o FC Porto. No fundo, o clube azul e branco alegava – numa defesa inaudita das acusações de que foi alvo - o benefício do Benfica no tempo do Estado Novo, pegando numa jornada em que se sagrara campeão nacional. Esse caso não é mais do que uma “não-história” que não faz qualquer sentido, pois, tal como descrevem as crónicas da época, se assim fosse verdade, Inocêncio Calabote teria assinalado “um autêntico ‘pénalti’ quase no final, quando Durand travou Cavém”, permitindo o 8º golo do Benfica e que o título ficasse em Lisboa, como admitiu, no final do jogo, Cândido Tavares, o treinador… da CUF! 

O que se torna difícil de compreender nestas situações nem é a incompetência e o baixo nível intelectual da maioria dos dirigentes do futebol português, é o permanente silêncio do Sport Lisboa e Benfica no movimento associativo nacional. Com uma história institucional carregada de valores éticos e morais, o seu presidente e os seus dirigentes – mesmo que depois se queiram sentar ao lado daqueles dirigentes - não podem admitir estas insinuações sem responder à letra, dignificando a história do clube que representam e contribuindo para esclarecimento dos adeptos do futebol nacional. Sob pena de que o desrespeito de determinados agentes do futebol – que não jogadores – para com a nossa camisola se continue a verificar tal como se observou hoje.

De facto, no jogo desta tarde o Benfica entrou entorpecido pelo sol madeirense. O Nacional entrou melhor, criou três oportunidades logo nos primeiros minutos e chegou facilmente ao golo, que não consegui entender se havia ou não fora-de-jogo pois a repetição nunca mais se sucedeu. Mais forte, a nossa equipa, carregada por Urreta, deu a volta ao jogo e, numa altura, em que a toada mais forte era vermelha, o recente “excesso” de confiança do Rei Artur voltou a comprometer.

Na procura pela vitória, talvez até pudesse ter saído o Salvio e não o Urreta e todo o resto de opções tácticas que percorrem os fóruns do Facebook de uma ponta à outra. Porém, a verdade é que o protagonista do costume estava a fazer uma exibição demasiado bem conseguida para aquilo que costumam ser os jogos do Benfica arbitrados por ele. Assim, a seis minutos do fim, quando o ataque benfiquista estava a pressionar e a ter excelentes oportunidades de fazer o terceiro golo (que exibição de Gottardi, o guarda-redes alvinegro!), o camisola amarela dos árbitros europeus decidiu que não haveria mais jogo. Era demasiado arriscado o Benfica conseguir, de forma suada e emocionante, obter os três pontos antes de duas jornadas consecutivas para o Campeonato Nacional em casa.

Já decorrem 48 minutos do jogo do Porto e o resultado mantém-se 0-1, deixando, para já, o Benfica no topo da classificação. Isto claro está se o jornal O JOGO e a LPFP reconhecerem nos seus sempre “interpretáveis” critérios que fica efetivamente no primeiro lugar quem tem mais pontos.

Irei roer as unhas até às 22h da noite, na esperança de que não exista nenhum jogador do Olhanense que jogue deliberadamente a bola com a mão dentro da área no minuto 90. Mas mesmo que isso aconteça, o momento que com mais preocupação me deixou hoje à noite foi o semblante de Jorge Jesus na flash interview da Sporttv. Já advinhava aquilo que acabou de acontecer: golo de Jackson Martinez para o FC Porto.

Depois das indiretas que deixou nas conferências de imprensa sobre a forma como o clube atuou no mercado de Janeiro, hoje referiu muito claramente que seria decisivo, negativamente, para o desfecho do Campeonato Nacional, qual a primeira das duas equipas a perder pontos. Se o FC Porto acabar mesmo por vencer hoje, julgo que poderemos começar a contar os dias até estarmos em primeiro lugar novamente. Espero que sejam poucos e que consigamos pelo menos recuperar a igualdade pontual daqui a 3 jornadas, quando os portistas vieram a Alvalade. Todavia, novamente aqui a história me preocupa de novo, pois mas esses não têm sido de todo os registos dos últimos anos. Quando o Benfica está em primeiro lugar , o Porto não descola. Ao contrário, acentua-se normalmente um fosso.

Penalty para o Porto. Jackson falhou! 
Lembrei-me do cão 'amuleto' de Manuel Cajuda que, ao que parece, se chama Benfica.
Desliguei a televisão e fui passear o meu. Chama-se Cardozo e hoje só entrou aos 60.





3 comentários:

  1. Excelente texto!
    Espero que o Benfica não torne a desperdiçar a benesse portista e descole definitivamente para o título. E sim, o Proença é um cão danado anti-benfiquista!

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  2. O empate do porto em casa com o Olhanense tem o condão de nos lembrar que pode acontecer perder pontos aqui ou ali. Hoje perdemos uma boa oportunidade de nos isolarmos na frente do campeonato. Mas faltam-nos 12 jornadas, 7 delas em casa. Seguimos num bom caminho. Veremos se chegaremos ao destino que ansiamos.

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