Dívida de gratidão?

Aproveitando para agradar aos fãs de Mantorras na sua própria terra, Luís Filipe Vieira resolveu dizer que "temos uma dívida de gratidão com o Mantorras. Enquanto ele quiser, estará no Benfica".

O assunto Mantorras é demasiado delicado para ser resolvido num discurso em Luanda. Eis o meu ponto de vista sobre o assunto:

1. Tenho a maior das simpatias pelo Mantorras. Ainda recentemente li o livro que traça a sua biografia e, face ao que passou, não só na infância e juventude, mas depois de se lesionar, é alguém com quem é difícil não simpatizar.

2. Não sei que dívida de gratidão tem o Benfica para com o Mantorras. Não pretendo com isto referir que não é um bom profissional, mas o Benfica tem pago o seu trabalho. A tempo e horas. A questão é outra: o Benfica sente-se responsável pelo que lhe aconteceu e, como tal, não quer tirar-lhe o tapete. Ora, num clube profissional, as coisas não devem funcionar assim.

3. É urgente definir, de uma vez por todas, se o Mantorras tem ou não condições para jogar no Benfica. Talvez fosse boa ideia um empréstimo por um ano a uma equipa do meio da tabela ou que lute pelo acesso às competições europeias, para se avaliar as suas actuais capacidades.

4. A meio-gás, o Mantorras não serve ao Benfica. Ainda que tenha entrado bem em alguns jogos, não me parece que o Benfica deva reservar lugar no seu 'plantel' a alguém que nunca poderá disputar 90 minutos por jogo. Ficando na equipa, o Mantorras não pode, nem deve, ser visto como o quarto avançado. Tem de ser igual aos outros: tanto pode ser o mais importante, como o segundo suplente. Não pode haver uma espécie de hierarquia pré-definida, face às suas limitações.

5. Portanto, é uma situação que urge clarificar, o que não se faz, repito, com um discurso populista na terra dele, onde é um ídolo.