sexta-feira, 12 de novembro de 2010

10 razões para 10 pontos de atraso

1. Arbitragens. Não é por acaso que começo por esta. Entre outros, jogos como Benfica-Académica, V.Guimarães-Benfica, Naval-FC Porto ou Rio Ave-FC Porto originaram que o Benfica se deslocasse ao Porto com demasiados pontos de atraso e foram decisivos na afirmação de uma equipa que parecia titubeante uma semana antes do primeiro jogo oficial e no declínio daquela que parecia vir com pujança semelhante à de 2009/2010.

2. Supertaça. É verdade que o jogo não contou para o campeonato, mas a derrota foi importante no aspecto anímico. O Benfica não o encarou convenientemente. Organizou a Eusébio Cup 4 dias antes (depois de um fim-de-semana com dois jogos) e achou que o facto de ser campeão nacional poderia ser suficiente para chegar ao êxito. Afinal, só ia defrontar o vencedor da Taça de Portugal e havia que respeitar hierarquias. Saiu tudo ao contrário e acabou por ser um episódio decisivo para que os portistas começassem a confiar no seu jovem treinador e na equipa que perdera o campeonato na época anterior.

3. Eleições na Liga. O apoio do Benfica a Fernando Gomes continua a ser um mistério. Manteve-se o presidente da Comissão de Arbitragem, afastou-se o Conselho de Disciplina que tanto incomodara os batoteiros e foi eleito para presidente deste organismo um portista que havia acabado de encenar um desentendimento com o vigarista-mor. Parece óbvio que esta eleição potenciou o fenómeno apontado no ponto 1.

4. Falta de espírito ganhador. Tive a felicidade de acompanhar de perto a equipa de basquetebol que, nos anos 80 e 90, dominou o basquetebol nacional. Lembro-me de que, na hora de festejar os títulos nacionais, o treinador Mário Palma parecia um homem preocupado. Uma vez, perguntei-lhe o que se passava: já estava a pensar na época seguinte e como suplantar um adversário que se apresentava cada vez mais forte. É assim o espírito ganhador. Aquele campeonato já estava conquistado, mas havia que preparar o êxito seguinte. Neste Benfica, toda a gente parece estar ainda a pensar no título de campeão nacional de 2009/2010, apesar de estarmos a jogar a nova temporada há vários meses. O 'speaker' do Estádio da Luz insiste no grito de "campeões, campeões, nós somos campeões". Somos, sim senhor, mas infelizmente caminhamos para deixar de ser. É difícil chegar ao topo, mas é mais complicado permanecer aí. No Benfica, parece que ninguém percebeu as repercussões que poderia ter a conquista de dois ou três campeonatos seguidos

5. Passo maior do que a perna. Começar a falar de Liga dos Campeões depois de ganhar o primeiro campeonato em 5 anos é desajustado. Parece que ninguém aprendeu com o que aconteceu em 2005/2006. Tínhamos acabado de ser campeões e o treinador de então quis brilhar na Europa. Foi bom para a sua carreira profissional, mas ao Benfica apenas trouxe a efémera (embora inesquecível) glória dos sucessos diante de Manchester United e Liverpool. Perdemos as mais importantes provas nacionais desse ano e a boa carreira europeia não teve sequência. Este ano, treinador e presidente resolveram também falar em conquista da Europa. Cedo de mais. A revalidação do título era (é) de longe a missão mais importante.

6. Perda do desequilibrador. É verdade que o papel de Ramires era fundamental, mas, com a saída de Di Maria, o Benfica perdeu o seu único desequilibrador, aquele que, mesmo que as coisas não estivessem a correr bem, poderia decidir um jogo a nosso favor. Neste momento, no futebol português, só há um jogador com essas características. Chama-se Hulk (ou Givanildo) e joga no FC Porto.

7. Dificuldade de afirmação dos reforços. Não é um dado novo, nem sequer exclusivo do Benfica. Basta ver que, no FC Porto, a única aquisição que joga com regularidade é João Moutinho. Na nossa equipa, Roberto teve os problemas que todos conhecemos, Jara tem sido um suplente triste, Gaitán faz lembrar o Di Maria dos primeiros tempos: grande capacidade, mas péssimas decisões na maioria das vezes. Não caiamos, no entanto, na tentação de concluir que são todos maus. Tenhamos alguma paciência e deixemo-los evoluir. Como aconteceu com o actual 22 do Real Madrid.

8. Baixa forma de peças fundamentais. O problema apontado no n.º 7 foi potenciado pela baixa de forma de algumas das peças fundamentais de 2009/2010: Saviola, Cardozo, David Luiz, Maxi Pereira, Javi Garcia e, até, Pablo Aimar. Se pensarmos em jogadores que se têm destacado com regularidade neste início de temporada, só conseguimos apontar 3 nomes: Fábio Coentrão, Luisão e Carlos Martins. É pouco para manter o nível do ano passado.

9. Valor do adversário. Independentemente do que ficou escrito no ponto 1, é evidente que o FC Porto deste ano está mais forte. Mas isso só pode surpreender quem estava desatento. Não nes esqueçamos de que os portistas terminaram a temporada passada com uma série de vitórias. E ganharam-nos na penúltima jornada do campeonato de 2009/2010, mesmo passando perto de meio jogo com menos um jogador. Ao contrário do que acontece no Benfica, rapidamente se encontra uma dezena de portistas que têm estado em grande forma. Não podemos ignorar este facto.

10. Erros de Jesus. O nosso treinador não se caracteriza por ser particularmente perspicaz quando é necessário virar um resultado. Por isso, quando sofremos o primeiro golo do jogo, raramente ganhamos. No entanto, costuma ser certeiro na construção da equipa. Daí que nos lembremos dos jogos em que as suas inovações deram barraca. No Porto, o pior que poderia acontecer era dar uma mensagem de medo ao adversário. Foi isso que Jesus fez. Com os resultados que conhecemos e que muitos de nós previmos assim que vimos o 'onze' que entrou em campo. Mas, pior do que isso, como muita gente tem apontado, este não parece o Jesus da temporada passada.

PS - Poderá haver ainda outras razões, como as apontadas no 'blog' Ndrangheta: distanciamento entre treinador e alguns jogadores, problemas no pagamento e na definição de prémios, vaidade do presidente, subalternização de Rui Costa, etc. Mas dessas, não vivendo de perto o que se passa com a equipa, não posso falar, por desconhecimento.

5 comentários:

  1. excelente post, vou referenciar porque acho importante....

    saudações gloriosas

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  2. Tudo o que foi aqui escrito é 100% verdade, não tenho mais nada acrescentar.

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  3. patriarca disse:

    Excelente Texto, contemplando a Razão 1 e a Razão 10, as principais que culminaram no estado onde actualmente o Benfica se encontra. O Sistema Mafioso Corrupto está mais activo que nunca e os responsáveis do Benfica e na pessoa do seu treinador,não tiveram isso em conta e o que ainda está por esclarecer, porque sabendo bem ELE o que rege o futebol português, actuou daquela forma, ou seja deixou de actuar onde e quando devia e não o fez, sabe-se lá porquê, EU TENHO uma idéia, portanto o JJ não soube ou não quiz gerir a situação e DEU de mão beijada os pontos ao clube do SEU Grande AMIGUINHO Porco da Bosta.
    Porque será que o Jorge Jesus ELOGIOU tanto a Equipa dos Corruptos, depois do Benfica ter sido derrotado por 5-0 ???!!!
    É que o mesmo treinador quando treinava outras equipas, NUNCA, mesmo NUNCA ELOGIOU o Benfica, em nenhuma circunstancia. Estranho, nem por isso.O Futuro dirá.

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  4. Bela resenha dos acontecimentos da presente temporada.

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  5. Acho este artigo de opinião maravilhoso!
    E parece que bastantes Benfiquistas já vão sabendo que eu sou contra as críticas em público, as críticas que expõem o Benfica.

    Mas a principal verdade e diferença é que muito do que até eu agora apelidei de crítica não é crítica. E não me venham com a distinção entre crítica construtiva, a que diz bem, e crítica destrutiva, a que diz mal, porque só existe crítica e maledicência.

    A crítica, ainda que aponte erros, desde que seja oportuna, no momento e local certo, eivada de responsabilidade, boa-fé e ética, é sempre e só crítica!
    É construtiva porque, com tais atributos, justifica sempre a sua visão das coisas e apresenta, implícita ou explicitamente, as alternativas credíveis, ajudando a corrigir os erros, a superá-los e a aperfeiçoar o que de bom vai sendo feito, numa evolução positiva que só assim se consegue.

    A crítica aponta os erros e não crucifica as pessoas. Compreende-os, porque errar é humano e, se a ninguém obriga a aceitá-los, a compreensão é um válido contributo para a sua superação e nela se plasma a boa-fé e a ética do crítico.

    As virtudes desta crítica estão na sua oportunidade e no espelho dos valores que referi e, muito em especial, porque não condena ninguém, não anda à caça das pessoas que erraram para as crucificar, não faz caça às bruxas, não se guia por simpatias ou antipatias pessoais, é objectiva, coerente e lúcida.
    E, com todos estes atributos, ganhou credibilidade que é o dom mais importante de quem expressa as suas opiniões.

    Só há uma das razões apontadas que, para mim, não é convincente.
    Afirmo desde já que, conquanto pense e saiba que há portistas de boa cepa e de valores nobres que se não revêem na política da vigarice desportiva levada a cabo pelos chefes e apoiada por muitíssimas personagens se julgando importantes, mas da mesma "cepa" de que é feito o mentor da corrupção desportiva pela qual foi condenado, não concordei nem concordo com o apoio dado a Fernando Gomes porque ele, tendo feito parte da corja que desvirtuou a verdade desportiva, nunca dela se demarcou, pelo que não é o eventual "ficar ao portal que o torna menos cúmplice do assalto à vinha".

    Eu sei por palavras de responsáveis da SAD Benfiquista que Fernando Gomes, enquanto gestor da SAD portista, já colaborou, antes, em ideias comuns consideradas positivas. Certamente que muitos Benfiquistas se esqueceram deste pormenor que se passou a nível institucional.

    Não está, porém, convincentemente demonstrado que a sua eleição para a Liga tenha tido, até agora, algo que ver com a época desportiva do Benfica, inclusive, com as más(para uns) ou boas (para outros) arbitragens.
    Especular por especular, diria mesmo que o branqueamento à "pilatos" dos tribunais portugueses pode ter sido bem mais nefasto. Nefasto para a reposição e o triunfo da verdade desportiva e incitador da continuação do seu atropelo indisfarçável.

    Não o apoio na Liga, não apoio o apoio institucional que o Benfica lhe deu. Gostava de ver no seu lugar um Benfiquista ou uma personagem não comprometida e que, ao contrário, tenha condenado a corrupção desportiva e o conteúdo das escutas telefónicas.
    Mas não é só a presidência que está podre! Aliás, se não houver uma vassourada nos secretários ou secretárias da Liga e, em especial, nos ditos observadores dos árbitros, por muito bom que possa ser um presidente, se não tiver poder para essa vassourada, de pouco valem as esperanças.

    Saudações Benfiquistas

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