terça-feira, 5 de julho de 2011

Os ídolos e os pés de barro

A actual pré-temporada deveria servir para os benfiquistas reflectirem muito bem quanto aos ídolos e símbolos do clube. Depois da 'novela Nuno Gomes', com uns a considerarem que foi desconsiderado e outros a entenderem que já ia tarde, muito se discutindo sobre o seu benfiquismo, temos o vai/não vai de Fábio Coentrão. Elevado à categoria de símbolo do Glorioso pela atitude em campo, tem deixado muito boa gente de pé atrás neste processo de contornos pouco claros, mas em que a atitude do jogador acaba por decepcionar-nos.
É, pois, tempo de sermos mais prudentes quanto a quem consideramos portador daquilo a que vulgarmente designamos mística benfiquista. Não podemos nunca esquecer-nos de que, antes de mais, são profissionais e nem sempre o que corre mais é o mais benfiquista. Quando comecei a ver futebol, o jogador mais controverso era o grande Nené, sobretudo por causa daquele estilo de não sujar os seus calções. Ninguém ousará discutir o seu benfiquismo. Mais tarde, apesar de gostar muito dele, fazia-me alguma confusão a tendência para considerar como símbolo do Benfica alguém que fizera no nosso clube apenas os primeiros anos como profissional, emigrando assim que o clube conseguiu fazer um bom negócio. Agora, é nosso dirigente, ninguém põe em causa o seu benfiquismo, mas o que tinha feito até então era claramente insuficiente para que dele se fizesse um modelo.
Mas a história mais elucidativa quanto a isto de ser ou não portador dos valores do Benfica passou-se em 1993, quando estava no jornal "O Benfica". Num célebre jogo no estádio do Bessa, a certa altura, o nosso guarda-redes (Neno) cometeu 'penalty' e foi expulso. Já tínhamos feito as duas substituições permitidas na altura e logo um jovem colega, corajoso, se ofereceu para ir para a baliza: "Eu vou! Eu vou", percebemos todos quantos estávamos a ver o jogo pela televisão. Não conseguiu evitar que a grande penalidade aproximasse o adversário, que ficou a apenas um golo (2-3), mas depois impediu que a bola voltasse a entrar na nossa baliza, com algumas defesas. Terminado o jogo, logo se arranjou ali novo herói. Formado no clube, para onde viera jovem, o jornal transformou-o no novo símbolo do benfiquismo. Uma página inteira só de fotografias do nosso menino (na altura, pareceu-me um exagero...), que demonstrava como éramos competentes a formar jogadores, homens e benfiquistas. No final da época, todos sabemos o que se passou...

4 comentários:

  1. Ora aí está, são profissionais e ninguém poderá levar a mal que tenham atitudes pouco dignas do clubismo. E é por isso que costumo afirmar que não quero benfiquistas a jogarem no Benfica por serem benfiquistas. O que eu quero são jogadores que queiram e tudo façam para ganhar.
    Porque, contrariamente ao que parece ser a teoria em voga, a mística do Benfica não se trata apenas de benfiquismo, trata-se antes de lutar sempre pela vitória.
    João Tomaz

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  2. "fazia-me alguma confusão a tendência para considerar como símbolo do Benfica alguém que fizera no nosso clube apenas os primeiros anos como profissional, emigrando assim que o clube conseguiu fazer um bom negócio."
    pois a mim ainda me está a fazer mais... esclareça-me lá, mas algum dia o nené emigrou??

    abraço, vermelhinho

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  3. amigo esta parte do comentario e sobre o rui costa... quanto ao resto acho bem um jogador querer mais (€)para a sua vida so nao gostei foi da forma como ele se ofereceu e estragou um possivel bom negocio para o clube,viva o Benfica e mais nada nem ninguem.

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  4. esclarecido!
    abraço, vermelhinho

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