O gesto

Tenho já idade para ter seguido toda a carreira desportiva do Carlos Lisboa. Uma carreira repleta de êxitos, amado pelos seus e alvo constante de impropérios dos adversários.

Vi-lhe uma ou outra quezília mas nunca o vi agredir alguém. Como tal, estou convicto que o gesto do dedo a passar pelo pescoço não se tratou de uma ameaça mas antes de uma boca do género "já  foste".

Como jogador, o Lisboa, além de ser, em relação às vitórias, insaciável, sempre achei que se motivava ainda mais quando era alvo de insultos. E ganhou, quase sempre, não se deixando enredar no politicamente correcto do "saber ganhar". Quem o insultava, não merecia tal condescendência, merecia ser pisado e merecia, sobretudo, saber que tinha sido pisado.

Acontece que o porto canal, órgão não oficial de propoganda portista, entendeu ser necessário escamotear a vergonha que se passou no pavilhão do porto. Utilizou, para isso, imagens do nosso treinador a mandar alguém levar no cu e a "ameaçar" o treinador adjunto.

Além da manipulação evidente (as situações ocorreram em jogos diferentes), esqueceu-se o canal portista do contraditório. Carlos Lisboa poderia muito bem estar somente a tentar comunicar com uma adepta portista e desejar-lhe, simpaticamente, uma agradável sessão de sodomia. Ou até mesmo a um adepto portista. Melhor que isso, talvez propusesse que fosse com o treinador adjunto do porto.

Até julgo que o rapaz não é homossexual, e isso não vem para o caso, mas fartou-se de levar no cu. O tal rapaz que terá sido "ameaçado" no final do jogo 2, é filho de Fernando Gomes, o presidente da federação portuguesa de futebol, antigo atleta e director do basquetebol portista e administrador da SAD portista. Cresceu a ver o Carlos Lisboa a ir-lhe ao cu, duas vezes na cidade do Porto, foram só 10 campeonatos em 11 anos.

Há quem diga que o treinador adjunto do porto gosta do pai, o que é natural. Talvez não costume ir ao youtube para que possa alegar ignorância quando alguém lhe diz que o seu papá, o tal que se conta ter-se chateado com um treinador portista que não permitiu que os seus jogadores se dopassem num jogo contra o Benfica, foi um operacional do festival de fruta com que vários árbitros de futebol foram brindados ao longo dos anos.

Mas tal cairá por terra quando se fala à boca cheia que o menino, qual virgem ofendida e molestada psicologicamente pelo tal gesto do Lisboa, dedicou uma hora da sua vida, às 3 da manhã, num hotel em que todas as equipas que disputaram uma fase final pernoitaram, a ver vídeos dos super dragões de apoio ao porto. O apoio que todos tivemos oportunidade de ouvir e ser elogiado pelos comentadores do porto canal e mesmo da sporttv e que se consubstancia num fervoroso "SLB filhos da puta SLB".

É por gente desta que eu fico atónito quando leio um benfiquista a criticar o Carlos Lisboa. O Carlos Lisboa que, depois de ser insultado e cuspido repetidamente durante 3 jogos, festejou, vá lá, excessivamente, a conquista do campeonato. O Lisboa que, embora tenha sido já campeão três vezes no pavilhão do porto, nunca recebeu a taça no pavilhão. O Lisboa que já foi alvo de uma sessão de pedrada no pavilhão das antas. O Lisboa que, apesar disso tudo e também do arremesso de cadeiras na sua direcção, nunca deixou de tudo fazer para ganhar no pavilhão deles. E ganhou muito. Alíás, ganhou sempre que o corrupto-mor esteve presente no poleiro.

Se há coisa que o Benfica precisa é de gente que mostre que não tem medo daqueles vermes. O Lisboa não se limita a mostrar, o Lisboa não tem.

O Benfica é campeão nacional de basquetebol. É campeão pela 3ª vez em 4 épocas. O 23º campeonato da nossa história, e o Lisboa fez parte de 13 deles (10 como jogador, 1 como treinador e 2 como director geral das modalidades).

Indignados com o gesto? Vão levar no cu!