Noite em grande para Luís Filipe Vieira: uma entrevista televisiva de cerca de hora e meia e a confirmação de que a sua estratégia eleitoral resultou.
Na sua participação do programa Trio de Ataque, o presidente do Benfica disse coisas com as quais concordo, nomeadamente quanto à insatisfação que sente face à (falta de) actuação da justiça nestas coisas da bola, e outras de que discordo. Teve a desfaçatez de referir que Quique Flores falhou por não ser português. Daí a contratação de Jorge Jesus. Também poderia ter dito que foi por ser ainda jovem, bem-falante e ter bom aspecto. Para superar essas insuficiências, nada como contratar alguém mais velho, de aspecto rude e com evidentes problemas quando chega a hora de aplicar as regras da gramática. Ou seja, isto demonstra apenas a falta de estratégia para o futebol, visível há algum tempo. Não falou de novo ciclo, mas de "nova era" com Jesus, sublinhando que dificilmente deixará de ter sucesso. Nada de novo, portanto. Por outro lado, não se cansa de criticar José Veiga, dizendo que afinal pouca influência teve no título ganho em 2004/2005. Não deixa de ser curioso, tendo em conta que, além de José Marinho, é a pessoa a quem mais elogios escutei à competência do nosso ex-director desportivo, não se cansando de repetir que esperaria o tempo que fossse preciso para resolver os problemas que teve com a justiça. Lembram-se? De resto, o habitual discurso: todo aquele que se lhe opõe é oportunista.
Bem gostaria de estar a sublinhar que ontem surgiu uma verdadeira alternativa a Luís Filipe Vieira. Infelizmente, o Movimento Benfica Vencer Vencer dificilmente o será. Demonstrou ontem que, neste momento, não está preparado para governar o clube. Estaria em Outubro? É possível, mas não podemos ter a certeza. O actual presidente receava que sim. Daí ter antecipado as eleições. Aniquilou as hipóteses do movimento. Não estive no Hotel Sheraton, mas vi o que foi transmitido em directo na TVI24 e na Sic Notícias e falei com uma pessoa que lá esteve. Concordo com a maioria das críticas feitas por duas pessoas que me pareceram sérias, mas logo assumiram indisponibilidade pessoal e profissional para assumirem funções no Benfica, o juiz Rui rangel e o médico João Varandas Fernandes. Também sinto necessidade de mudança, mas o que aconteceu foi insuficiente para entusiasmar os benfiquistas. Vejamos porquê:
- desde logo, pela incapacidade de indicar nomes e políticas capazes de constituírem alternativa;
- em segundo lugar, por não conseguirem ser certeiros nas críticas a Vieira. É um disparate dizer que nada fez de jeito. Há muita coisa bem feita nestes seis anos. A questão é o futuro e a falta de competência na gestão do futebol. A falta de confiança que suscita a manutenção de quem lá está. Vieira tem obra feita, mas duvido que tenha obra a fazer. E a gratidão não deve ser o factor determinante no voto. É este aspecto que deve ser sublinhado. Não se vai a lado nenhum dizendo que Vítor Santos é o "pai do estádio" (por momentos, cheguei a pensar que lá estivesse Mário Dias);
- finalmente, não deixando de reconhecer a legitimidade de qualquer benfiquista em acompanhar o movimento e independentemente do mérito que alguns tiveram no desempenho de funções no Benfica, algumas pessoas deveriam perceber que a sua presença e apoio em nada contribuem para a mudança. Os benfiquistas anseiam pelo aparecimento de gente diferente e não podem deixar de desconfiar quando vêem na mesma sala Jaime Antunes, Lopo de Carvalho, João Carvalho, Manuel Damásio, Vítor Vasques, Vítor Santos ou Gaspar Ramos, entre outros.
Portanto, ou as coisas dão uma reviravolta até dia 22, prazo para apresentação das candidaturas, e durante a campanha eleitoral ou o destino está traçado. As pessoas só se atrevem a mudar quando sentem que é forte a probabilidade de melhoria, quando estão desesperadas e elegem Vale e Azevedo ou percebem o que fizeram e correm com ele. E, com todas as críticas que possam ser-lhe apontadas, Vieira não é Azevedo. Não havendo alternativa sustentada, preferem a manutenção. Pelo menos, já sabem o que as espera...
"Jaime Antunes, Lopo de Carvalho, João Carvalho, Manuel Damásio, Vítor Vasques, Vítor Santos ou Gaspar Ramos". Exactamente o que penso. Ao incluir estes nomes julgo que o movimento se queima. Não esquecer que foi Damásio que iniciou o descalabro do Benfica.
ResponderEliminarDepois, este movimento tem algumas coisas boas, mas outras que me irritam, nomeadamente a eterna indisponibilidade que os tais "benfiquistas de bem e com nome e renome" sempre têm de se chegar à frente. Eu, como muitos quero a mudança, mas não a mudança só por mudar, é necessário apresentarem coisas concretas e a própria colagem a Veiga também me irrita. Não gosto quando Vieira fala em oportunistas, mas há que reconhecer que Veiga o é. Cola-se ao Benfica pois é onde vê que pode ter algum sucesso, senão por certo não o faría. Quem no seu perfeito juizo acredita que Veiga, estando há tantos anos no futebol, seja benfiquista se apenas é sócio desde que começou a trabalhar connosco? Nem 5 anos tem. Veiga presidente??!?!? Please. Mesmo administrador, custa-me. Apesar de considerar que tem algum mérito no título, não considero que ´só ganhamos o título por causa dele. Ganhámos porque tinhamos o Simão em forma, o Miguel em forma, o Manuel Fernandes em forma e tivemos o Mantorras de regresso. Para além do bom trabalho que possa ter feito esse ano, houve também muito dedo do Camacho na manutenção dos jogadores - não esquecer que o ano antes (Veiga ainda não estava) ganhámos a taça ao porto campeão europeu com a mesma equipa - saiu Tiago, supostamente incompatibilizado com Veiga. É preciso não esquecer que desperdiçámos a oportunidade de ganhar o ano seguinte e quebrar o porto. É preciso não esquecer o camião de jogadores que trouxe, onde houve realmente alguma qualidade (Miccoli, Karagounis), mas muita asneirada, como Everson, Paulo Almeida, Manduca, Marco Ferreira, Paulo Jorge, etc...
Eu quero mudar, mas que seja melhor para o Benfica, mudar por mudar, não obrigado.
Dezazucr,
ResponderEliminarParece-me que o teu sentimento é partilhado por muitos. Há vontade de mudança, de encontrar uma alternativa ao discurso redondo de Luís Filipe Vieira que nos leva sempre ao mesmo sítio (o insucesso). Já expliquei por que não voto na lista que encabeça, mas não será nenhuma catástrofe se for reeleito. Ainda não surgiu uma verdadeira alternativa e duvido que surja. Até ver, a minha folha de voto não conterá nenhuma cruz.
Caro Glorioso11385,
ResponderEliminarRevejo-me a 100% nas tuas palavras, porreiro assim escuso de escrever o que cai bem pois estou sem tempo :), no entanto aquilo do blog partilhado ainda não-me entrou muito bem...:).