segunda-feira, 15 de junho de 2009

Os princípios, senhores, os princípios...

O presente 'post' é uma resposta ao anterior, da autoria do MLeal, mas não só. Em primeiro lugar, não pode centrar-se a discussão da atitude dos órgãos sociais na conveniência da data inicialmente marcada para as eleições. É óbvio que é preferível ter eleições antes de a época começar do que enquanto decorre. Mas, se o seu propósito fosse, como alega o MLeal, a defesa dos superiores interesses do clube, tê-lo-iam feito há mais tempo, marcando as eleições para finais de Maio ou início do Junho. Só que apanhariam a fase em que os associados pensam "vão todos à merda! Não contem mais com o meu cativo". Como, entretanto, felizmente, as modalidades e a formação do futebol proporcionaram algumas alegrias e o tempo, como se sabe, sara muitas feridas, em Julho estarão os sócios bem menos revoltados - já se correu com o treinador, que, afinal, era a fonte da maioria dos males - e com a habitual atitude da pré-época "este ano é que é! Já estão à venda os cativos?". Simultaneamente, reduz-se a margem de manobra de quem queira apresentar-se como alternativa realmente credível aos olhos dos associados. Foi este e só este o propósito dos órgãos sociais, em particular do presidente da Direcção. Quem defenda o contrário, ou é ingénuo, ou é daqueles que aprovam tudo o que seja feito pelo presidente do Benfica ou quer atirar-nos areia para os olhos.

Tudo isto é também uma questão de princípios, que não pode ser equiparada à atitude de Eusébio - associado livre de tomar o partido de quem quiser - em 2000, ou à promessa de Manuel Vilarinho em contratar Jardel (o problema não foi a promessa, mas sim o seu incumprimento. Que eu critico. Ainda hoje espero a entrega de 500 mil euros ao clube, como prometido se falhasse a contratação do brasileiro...). Mas o pior é afirmar-se que os órgãos sociais se limitaram a ignorar o "cumprimento das regras das boas maneiras". Afirmar isto é, com todo o respeito, um disparate. O que se pretende é que haja armas desiguais na luta eleitoral. Isso já aconteceria de qualquer forma. Basta ler o lamentável editorial desta semana escrito por José Nuno Martins no jornal do clube. E vamos ver como se comportará a Benfica TV no período de campanha. No fundo, salvas as devidas proporções - repito, para não haver confusões, salvas as devidas proporções -, faz-se o mesmo que nós tanto criticamos no futebol nacional. É, pois, uma questão de princípio. Por isso, não votarei em listas que integrem membros dos actuais órgãos sociais e estou disponível para ouvir as alternativas. Custa assim tanto perceber que há (muito) Benfica para lá de Vieira, em quem, relembro, votei duas vezes?

9 comentários:

  1. Subscrevo e reafirmo, esta atitude que demonstra o egocentrismo e a prepotência do presidente e seus pares numa atitude de sobranceria sobre os demais sócios, será uma fuga para a frente. A eleição está enquinada desde inicio e caso se mantenham os resultados desportivos (espero que não) para o ano teremos novamente eleições. Mais, neste momento se estivesse no lugar de alguém credivel com projecto não avançaria e aguardava pelos desenvolvimentos da próxima época.

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  2. Glorioso11385

    Fico satisfeito por me esclarecer do único verdadeiro propósito de demissão dos órgãos sociais do clube. E ainda mais pela definição elogiosa sobre todos aqueles que pensam de forma diferente. No meu caso hesito entre escolher o ingénuo e o dizer que sim a tudo do presidente. Já que não me revejo no arremesso de areia. Aceito também a qualificação de disparate para as minhas palavras porque é afirmado com todo o respeito. Penso que sobre princípios estamos conversados.

    Concordo ainda que existe muito Benfica para além de Vieira. Na data em que escrevo temos o Bruno Carvalho e o João Varandas Fernandes, que são ser suficientes para nos tranquilizar a todos.

    TC

    "Mais, neste momento se estivesse no lugar de alguém credivel com projecto não avançaria e aguardava pelos desenvolvimentos da próxima época."

    Eu discordo para servir bem o Benfica qualquer altura é boa. Se não incorres no mesmo pecado que apontas à direcção.

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  3. Peço desculpa pela repetição de parte do meu comentário no post anterior mas a minha opinião mantém-se...

    "Relativamente à legitimidade do acto, penso que foi feita uma instrumentalização dos estatutos. Com que fim, não estou certo, mas acredito mais que tenha sido algo do género do presidente estar farto de ser criticado e, assim, abreviar a questão sendo que, convenientemente, minimizou, no seu entender, as chances de ser derrotado, o que não é bonito..."

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  4. E acrescento:
    Não alinho pela convicção do Glorioso11385 de nunca mais votar em qualquer dos elementos dos actuais orgãos sociais embora saiba que tal não significa que ele vá votar noutros candidatos se as suas propostas lhe agradarem e as pessoas parecerem credíveis.
    Estaremos perante uma subida em flecha dos votos em branco?

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  5. Deixem-me por isto em termos populares.

    O que se passou foi uma autêntica Golpada! Desculpem lá a comparação mas é como se o Sócrates agora viesse antecipar as eleições porque sabe que com a crise e o desgaste da sua imagem, lá para Outubro nem maioria absoluta e se calhar nem vitória. Dava-lhe jeito, não era!

    E depois, verdade seja dita, o nosso presidente está é com Miúfas! Não sei se do Veiga, ou se de uma candidatura credível com Veiga ou sem Veiga. Mas o mais grave é que isto reflecte os seus próprios receios de em Outubro o Benfica não estar numa posição desportiva confortável. Ou seja, nem sequer tem crença no novo treinador, ou nos 20 milhões que iremos gastar outrar vez em contrações. Isto para nem falar nos resultados anuais a apresentar por volta dessa altura.

    É verdade, não existem alternativas de momento (e desculpa MLeal, mas não é no espaço inferior a um mês que se forma uma lista com condições e se discute ideias ou propostas, a eleição do lagarto JEB é um caso diametralmente oposto ao nosso) mas também cabe-nos a nós dizer que queremos outro caminho, note-se, na gestão desportiva do futebol, ou acreditam na carta branca ao Rui Costa? E para mim o voto em branco é uma solução, ou pelo menos que o LFV não ganhe de uma forma tão expressiva.

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  6. Eagle84

    O exemplo da situação do Sócrates só abona em favor da actual direcção. Nunca passaria pela cabeça do 1º ministro antecipar eleições depois de uma pesada derrota. Ele quer é quebrar a dinâmica favorável aos partidos da oposição e ter tempo para dramatizar (leia-se ingovernabilidade com os resultados das europeias) nas eleições legislativas. Do género eu ou o caos.

    Mais uma vez estranho que questiones a "liberdade" do Rui Costa. Revê a entrevista concedida por ele à RTPN e ficarás elucidado. Eu sei que é uma “chatice” para muitos ele apoiar o LFV mas como alguém já disse é a vida.

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  7. João,

    Não disse que nunca mais votaria em listas que integrem membros dos actuais órgãos sociais. Não terão o meu voto nas eleições de 3 de Julho, por entender que foram pouco sérios no jogo eleitoral. Apenas seria capaz de fazê-lo se sentisse que haveria o risco de termos um novo Vale e Azevedo.

    Apesar desta premissa, o meu sentido de voto não está definido. De Bruno Carvalho, conheço as opiniões que produziu no 'blog' Novo Benfica. É suficiente para me afastar. Quanto ao Movimento Benfica Vencer, Vencer, enviou-me um documento que mais não é do que uma declaração de intenções vaga e cheia de lugares comuns. Insuficiente, por enquanto, para contar com os meus votos. Vamos ver que estratégias e pessoas apresenta.

    Portanto, para já, inclino-me para o voto em branco.

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  8. Caro Glorioso11385,
    Por acaso reparei que pertences a um blog de lagartos, queres comentar?
    Não apreciei... :)

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  9. O 'blog' não é de lagartos. Foi ideia de um amigo meu, sportinguista, que a certa altura me convidou para lá escrever. Aceitei de bom grado. Se verificares bem, nele escrevem três sportinguistas, dois portistas e três benfiquistas. É, portanto, multicolor.

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