sexta-feira, 17 de maio de 2013

A história absolverá Luís Filipe Vieira


Não escrevo um texto neste espaço de benfiquismo absoluto desde o dia 25 de Abril deste ano, o dia que considerei como “o dia da libertação do glorioso”. Como sempre, estive enganado na minha análise e perdemos na Turquia numa das piores – mas mais sortudas – exibições da temporada.

Em 2012, já no decorrer desta época desportiva, existiram duas listas candidatas ao Sport Lisboa e Benfica. Luís Filipe Vieira voltou a vencer, sem margem para a discussão, deixando promessas no ar, nas quais poucos acreditavam. Benfica é Benfica. Não é como as legislativas ou presidenciais em que os partidos se regeneram e continuam a dizer mal de quem governa. Por isso mesmo, a união entre os benfiquistas regressou e fez-se notar. 

Melhor ainda: o “estilo” do Presidente – talvez a parte que eu próprio mais criticava – mudou para o sentido certo e as promessas começaram a ser cumpridas. A equipa jogava bom futebol, ia em primeiro no campeonato e as eliminatórias europeias eram ultrapassadas passo a passo e com humildade. Também a Benfica TV foi consolidada e o fim da hegemonia da Olivedesportos foi combatida com a força necessária. E para mim – perdoem-me o egoísmo - a “cereja no topo do bolo” foi ter sido o próprio Presidente a colocar o emblema de ouro, por 50 anos de filiação, na lapela do casaco do meu Pai, quando, por motivos públicos, já não se falavam desde um acontecimento numa casa do Benfica de Palmela no ano de 2003.

A época continuava. O Benfica não parava de ganhar no campeonato e consolidava o caminho para a conquista do campeonato nacional com 4 pontos de avanço. Ajustava contas com o passado internacional recente, trazendo de volta a repetição de êxitos com os mesmos clubes do passado: Bayer Leverkusen, Bordéus, entre outras exibições de gala.

Também a equipa principal de futebol se ia tornando mais portuguesa com os Andrés (Almeida e Gomes) a cimentarem os seus lugares no plantel principal e a serem frequentemente titulares em jogos importantes.

No topo de uma época que se avizinhava perfeita, para gáudio dos adeptos e das camisolas encarnadas, o inferno da Luz reapareceu quando mais se precisava. Nunca neste novo estádio se tinha assistido à simbiose perfeita entre adeptos e equipa como naquele dia 2 de Maio em que vencemos os turcos por 3-1 com 2 golos lindos do Tacuara, que, já no decorrer desta época, conseguiu a proeza alcançar o 2º lugar no lista de melhores marcadores do Benfica nas competições europeias.

Desde esse dia para a frente, para trás ficaram as lembranças dos estádios semi-vazios ao longo da época e começaram a aparecer os benfiquistas das finais a mostrar o seu bilhete e a indicar a alguém que tinha de se levantar. Começaram a chover red passes e títulos fundadores para os bilhetes da final de Amesterdão. Toda a gente queria ver o Benfica a fazer a sua melhor época de sempre e a conquistar as três taças.

Num ápice tudo mudou. Com o empate com o Estoril em casa, muitos desistiram de ir ao Porto no sábado seguinte. Em seguida, com o golo de Kelvin aos 92 minutos vários não foram trocar o seu voucher pelo bilhete da final europeia e outros ainda, já depois do derrota de quarta-feira,  puseram à disposição o seu  lugar para o “churrasco” do Jamor no dia 26 de Maio.

Pelo meio, culpam Béla Guttmann pela sua maldição, mas não sabem do que falam. Quando o feiticeiro húngaro chegou ao Benfica em 1960, foi o único no clube que acreditou chegar à final da Taça dos Campeões Europeus e, depois de conquistar duas consecutivas, percebeu que foi pela sua experiência na abordagem estratégica e emocional do jogo que venceu as finais.

As finais não são ganhas, na maior parte dos casos, por quem mais se entrega ao jogo e “joga melhor à bola” (e que elogio merece o Benfica a esse respeito!), mas sim por quem joga com alguma “ratice” e sabe fazer as leituras certas nos momentos cruciais. Infelizmente, desde 1962, em que Guttmann se apercebeu do cansaço físico dos jogadores do Real Madrid ao intervalo, que o Benfica tem sido sempre um pouco amador e inexperiente nas finais que disputa. 

Basta ver a final de 1963, frente ao AC Milan, em que perdemos 2-1 - vejam! vejam! por favor, vejam como continuámos a jogar deliberadamente ao ataque e a sofrer contra-ataques depois de estar a ganhar 1-0! - , com Fernando Riera no banco, para encontrarmos os mesmo erros de ansiedade a correr atrás da bola durante todos os momentos do jogo (até quando só tínhamos 10 jogadores em campo!) com o Chelsea na quarta-feira passada. O mesmo se pode dizer da final de 1965 (sendo que essa é, de facto, a de maior azar...), da gestão física para o prolongamento de 1968, da forma como Silvino abordou os penalties em 1988 e do receio que mostrámos durante todo o jogo frente aos 8 italianos e 3 holandeses em 1990.

Aconteça o que acontecer, com esta chegada à final, a história absolverá Luís Filipe Vieira. Simplesmente, como tantos outros, não conseguiu, de novo, fazer melhor que todos os outros Presidentes desde Maurício Vieira de Brito e Fezas Vital, continuando a ser necessário jogar mais com a “cabeça” e não tanto com a “língua de fora” nos jogos decisivos e nas finais. É só isso que a maldição de Béla Guttmann significa. Não uma macumba de azar.

Depois da não termos ganho a final da Liga Europa, julgo que não ganharemos também o campeonato nacional, embora ainda falte um jogo, onde estarei durante os 90 minutos a acreditar. Ambos por culpa própria. Contudo, também não perdemos nenhum dos dois e temos a nossa imagem e orgulho intactos. 

“O Benfica nunca perde, às vezes não ganha”. Há muitos anos que esta frase de Artur Semedo não fazia tanto sentido como está a acontecer nesta época. E, quanto a mim, essa frase ser verdade constitui-se, de facto, como a maior prova de que o Benfica europeu e respeitado está de volta. 

Viva o Benfica! O seu presente e o seu passado!




1 comentário:

  1. https://twitter.com/cabreuamorim


    Divulgarei até que os dedos me doam.

    Começo a perceber porque é que este pobre país está como está. Não admira, com gente desta !

    Digam-lhe que sou magrebino com muito orgulho e que cada vez mais gosto desses que vivem à custa dos imposto, selvaticamente, aplicados aos pobres portugueses. Até quando ???

    BASTA!!!

    A Neto

    ResponderEliminar