Não escrevo
um texto neste espaço de benfiquismo absoluto desde o dia 25 de Abril deste ano, o dia que considerei
como “o dia da libertação do glorioso”. Como sempre, estive enganado na minha
análise e perdemos na Turquia numa das piores – mas mais sortudas – exibições
da temporada.
Em 2012, já
no decorrer desta época desportiva, existiram duas listas candidatas ao Sport
Lisboa e Benfica. Luís Filipe Vieira voltou a vencer, sem margem para a
discussão, deixando promessas no ar, nas quais poucos acreditavam. Benfica é
Benfica. Não é como as legislativas ou presidenciais em que os partidos se
regeneram e continuam a dizer mal de quem governa. Por isso mesmo, a união entre os
benfiquistas regressou e fez-se notar.
Melhor ainda: o “estilo” do Presidente –
talvez a parte que eu próprio mais criticava – mudou para o sentido certo e as
promessas começaram a ser cumpridas. A equipa jogava bom futebol, ia em
primeiro no campeonato e as eliminatórias europeias eram ultrapassadas passo a
passo e com humildade. Também a Benfica TV foi consolidada e o fim da hegemonia
da Olivedesportos foi combatida com a força necessária. E para mim – perdoem-me
o egoísmo - a “cereja no topo do bolo” foi ter sido o próprio Presidente a
colocar o emblema de ouro, por 50 anos de filiação, na lapela do casaco do meu Pai, quando, por motivos
públicos, já não se falavam desde um acontecimento numa casa do Benfica de
Palmela no ano de 2003.
A época
continuava. O Benfica não parava de ganhar no campeonato e consolidava o
caminho para a conquista do campeonato nacional com 4 pontos de avanço.
Ajustava contas com o passado internacional recente, trazendo de volta a repetição de êxitos
com os mesmos clubes do passado: Bayer Leverkusen, Bordéus, entre outras
exibições de gala.
Também a
equipa principal de futebol se ia tornando mais portuguesa com os Andrés (Almeida e Gomes) a cimentarem
os seus lugares no plantel principal e a serem frequentemente titulares em
jogos importantes.
No topo de
uma época que se avizinhava perfeita, para gáudio dos adeptos e das camisolas
encarnadas, o inferno da Luz reapareceu quando mais se precisava. Nunca neste
novo estádio se tinha assistido à simbiose perfeita entre adeptos e equipa como
naquele dia 2 de Maio em que vencemos os turcos por 3-1 com 2 golos lindos do
Tacuara, que, já no decorrer desta época, conseguiu a proeza alcançar o 2º lugar no lista de
melhores marcadores do Benfica nas competições europeias.
Desde esse
dia para a frente, para trás ficaram as lembranças dos estádios semi-vazios ao longo da época e
começaram a aparecer os benfiquistas das finais a mostrar o seu bilhete e a
indicar a alguém que tinha de se levantar. Começaram a chover red passes e
títulos fundadores para os bilhetes da final de Amesterdão. Toda a gente queria
ver o Benfica a fazer a sua melhor época de sempre e a conquistar as três taças.
Num ápice
tudo mudou. Com o empate com o Estoril em casa, muitos desistiram de ir ao
Porto no sábado seguinte. Em seguida, com o golo de Kelvin aos 92 minutos
vários não foram trocar o seu voucher
pelo bilhete da final europeia e outros ainda, já depois do derrota de quarta-feira, puseram à disposição o seu lugar para o “churrasco”
do Jamor no dia 26 de Maio.
Pelo meio,
culpam Béla Guttmann pela sua maldição, mas não sabem do que falam. Quando o
feiticeiro húngaro chegou ao Benfica em 1960, foi o único no clube que acreditou chegar
à final da Taça dos Campeões Europeus e, depois de conquistar duas
consecutivas, percebeu que foi pela sua experiência na abordagem estratégica e
emocional do jogo que venceu as finais.
As finais
não são ganhas, na maior parte dos casos, por quem mais se entrega ao jogo e “joga melhor à bola” (e que elogio merece o Benfica a esse respeito!), mas
sim por quem joga com alguma “ratice” e sabe fazer as leituras certas nos momentos cruciais. Infelizmente, desde 1962, em que Guttmann se apercebeu do cansaço físico dos jogadores do Real Madrid ao intervalo, que o Benfica tem
sido sempre um pouco amador e inexperiente nas finais que disputa.
Basta ver a
final de 1963, frente ao AC Milan, em que perdemos 2-1 - vejam! vejam! por favor, vejam como continuámos
a jogar deliberadamente ao ataque e a sofrer contra-ataques depois de estar a ganhar 1-0! - , com Fernando
Riera no banco, para encontrarmos os mesmo erros de ansiedade a correr atrás da
bola durante todos os momentos do jogo (até quando só tínhamos 10 jogadores em campo!) com o Chelsea na quarta-feira passada. O mesmo se pode dizer da
final de 1965 (sendo que essa é, de facto, a de maior azar...), da gestão
física para o prolongamento de 1968, da forma como Silvino abordou os penalties
em 1988 e do receio que mostrámos durante todo o jogo frente aos 8 italianos e 3 holandeses em
1990.
Aconteça o que acontecer, com esta
chegada à final, a história absolverá Luís Filipe Vieira. Simplesmente, como tantos outros, não conseguiu,
de novo, fazer melhor que todos os outros Presidentes desde Maurício Vieira de
Brito e Fezas Vital, continuando a ser necessário jogar mais com a “cabeça” e
não tanto com a “língua de fora” nos jogos decisivos e nas finais. É só isso que a maldição
de Béla Guttmann significa. Não uma macumba de azar.
Depois da não termos ganho a final da Liga
Europa, julgo que não ganharemos
também o campeonato nacional, embora ainda falte um jogo, onde estarei durante os 90 minutos a acreditar. Ambos por culpa própria. Contudo, também não perdemos nenhum dos
dois e temos a nossa imagem e orgulho intactos.
“O Benfica nunca
perde, às vezes não ganha”. Há muitos anos que esta
frase de Artur Semedo não fazia tanto sentido como está a acontecer nesta época.
E, quanto a mim, essa frase ser verdade constitui-se, de facto, como a maior prova de que o Benfica europeu e respeitado está de volta.
Viva o Benfica! O seu presente e o seu passado!
https://twitter.com/cabreuamorim
ResponderEliminarDivulgarei até que os dedos me doam.
Começo a perceber porque é que este pobre país está como está. Não admira, com gente desta !
Digam-lhe que sou magrebino com muito orgulho e que cada vez mais gosto desses que vivem à custa dos imposto, selvaticamente, aplicados aos pobres portugueses. Até quando ???
BASTA!!!
A Neto