terça-feira, 21 de maio de 2013

Os erros que nos tramaram o campeonato


A caça às bruxas já se iniciou. Na praça pública já se pede a cabeça de Jesus – menos mas também a de Luís Filipe Vieira – depois de mais uma longa época de emoção terminada em fracasso. Embora os sportinguistas se esqueçam que naquele ano nós fomos campeões nacionais e este ano ainda podemos vencer a taça de Portugal, a comparação com o ano do “quase” de José Peseiro em 2004/05 parece interminável e o ‘gozo’ e as pastilhas ‘rennie’ multiplicam-se nos locais de trabalho, nas páginas de facebook e nas sms enviadas.

Antes de prosseguir nesta minha análise sobre quais os erros que nos tramaram o campeonato, julgo que é importante salientar que julgo que este não é o momento certo de voltar a exigir revoluções. Relativamente a Luís Filipe Vieira, a margem com que venceu as eleições é suficientemente grande para o seu lugar não ser posto em causa já na primeira época do novo mandato e, no que diz respeito a Jorge Jesus, não me parece acertado despedir um treinador com quem já se assumiu a continuidade ainda antes de ter vencido o campeonato, ao contrário do que alguns dirigentes tinham assumido a meio do ano.

Independentemente dessas duas questões, existiram alguns erros no decorrer desta época que merecem profunda reflexão. Entre eles, contabilizam-se, certamente, erros de arbitragem, de tática e de comunicação e postura.

É claro que é incrível o branqueamento que tem sido feito pelos adeptos portistas relativamente ao benefício das arbitragens. De um campeonato que seria vencido pelo Benfica à “capela” – que pena tenho eu que o penalty de Maxi Pereira sobre Capel não tenha sido assinalado, pois não tenho dúvidas de que o Benfica daria a volta ao resultado - passou-se, num ápice, para um campeonato ganho com toda a justiça pelo FC Porto e do qual foram esquecidas as mãos de Alex Sandro, as entradas de Mangala e o caso Hugo ‘Miguelote’ na última jornada. Assim o futebol português não tem seriedade, nem história e muito menos verdade.

No entanto, ser justo também implica lembrar que a verdadeira razão de o Benfica não ter vencido este campeonato foi da sua inteira responsabilidade. Por mais que queiramos reiterar sobre o “azar” que foi perder um clássico ao minuto 92 da penúltima jornada, ninguém me tira da cabeça que uma equipa que quer ser campeã não pode cometer 5 erros (!) a um minuto e meio de garantir praticamente o título nacional.

Naquelas circunstâncias, nunca o lançamento de linha lateral devia ter sido efectuado pelo lateral esquerdo, que deveria estar recuado, mas sim por um médio. Ademais, naquele momento, não se deveria fazer um cruzamento largo para a área num lance difícil para Cardozo sozinho no meio de 4 centrais. A bola tinha de ser colocada nos pés de Aimar ou Salvio para a segurarem na bandeirola. Com isto, permitiu-se um contra-ataque, no qual ninguém sabe onde andava Maxi Pereira e Roderick não teve a coragem de não permitir Kelvin passar sequer do meio campo.

Acresce a isto o Benfica ter-se subjugado a 90 minutos de mais de 60 % de posse de bola portista. Em 1991, Eriksson colocou César Brito, um avançado rápido que enganou o Porto nas costas à medida que ia atrás do resultado. Em 2013, o mestre da tática lembrou-se de Roderick, recuou as linhas e só aos 90 minutos – quando aí sim só deveria defender - é que, em busca da glória de ser campeão naquele estádio, acreditou em ganhar.

Poder-se-ia ainda dissecar ou especular sobre os benfiquistas terem começado a falar cedo demais, a ausência de Luís Filipe Vieira no jogo do estádio da Luz frente ao Estoril, de ter ficado “barricado” no balneário e não no banco de suplentes no estádio do Dragão ou da conferência de imprensa boçal de João Gabriel. Eu não o farei. Não me parece que seja a hora. Contudo, não me peçam elogios desmesurados, endeusamentos e que aceite de bom grado tarjas que digam que “as lágrimas valem mais que as taças...”.

Até porque se me vierem dizer que é cometendo erros e passando por eles que se aprende, melhora e ganha no futuro, eu responderei sempre que, em 2011, foi também o Jardel que não saltou com o Custódio em Braga.




4 comentários:

  1. Onde fica essa tal de praça publica? Não será com toda a certeza a Praça Centenário pois não?

    É que 50.000 após duas desilusões contraria fortemente o primeiro paragrafo do post... mas... deve haver uma praça qualquer onde isso seja realidade.

    Cumprimentos

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    1. Qualquer manifestação pública... é na praça pública. E eu tenho visto algumas... Se têm peso ou não isso já é outra história .

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  2. o fcp e merda o resto e treta !

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  3. Aqui fica a minha análise da época para quem quiser ver :) com ou sem Taça de Portugal ;)
    http://orgulhosamentelampiao.blogspot.pt/2013/05/numa-ma-epoca-muita-coisa-esta-bem.html

    Abraço,
    Bruno Pereira

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