quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dissonância entre a forma e o conteúdo

Os resultados do Benfica na Champions têm sido fortemente marcados por pormenores. Erros individuais de jogadores e do treinador têm condicionado os nossos jogos e acima de tudo têm ditado os resultados. Se sobre os jogadores não me quero alongar muito, são situações que acontecem e que têm de ser trabalhadas para serem minimizadas já sobre o treinador importa escalpelizar, analisar e se possível corrigir.
Por muito que custe a interiorizar a grandeza do Benfica situa-se ao nível da reputação e na sua massa adepta, em 90 minutos de futebol a jogar na Europa não é bem assim. Shalke e Lyon têm condições económicas e jogam em ligas muito mais fortes, logo têm acesso a jogadores de qualidade e experiência que infelizmente nós não temos, temos que adaptar estratégias de jogo que nos permitam contrariar essa qualidade. O Lyon é uma equipa muito forte em todas as zonas do campo e demonstra isso mesmo há vários anos com performances assinaláveis nesta competição milionária. Jesus ontem penso que acertou na forma mas falhou completamente no conteúdo, ou seja, consciente que Javi Garcia era manifestamente curto para a luta do meio campo, principalmente quando a equipa não tem capacidade de circulação e retenção de bola, nem efectua pressão alta condicionando a construção de jogo do adversário, alterou o sistema com a inclusão de um duplo pivot no meio campo (no caso Javi e Carlos Martins). Se concordo com a ideia, não posso deixar de condenar a escolha dos intérpretes, Aimar foi “encostado” à direita (quando Martins está mais rotinado nessa tarefa), Carlos Martins na função de fechar o jogo mais atrás também não tem rotinas e isso sentiu-se, penso que teria sido mais indicado a inclusão no jogo de Airton em detrimento de um dos elementos de construção, Carlos Martins, Aimar ou mesmo Saviola (até porque estávamos a privilegiar um jogo mais directo e de contra-ataque). Com um golo e 10 minutos de atraso acabou por efectuar a substituição que se impunha ao intervalo, desta feita acertou no conteúdo mas falhou na forma, a jogar com 10 penso que teria sido mais benéfico para a equipa avançar Fábio no terreno em detrimento do marido da Diana Chaves.
O jogo já estava entregue quando passámos a jogar com 9, saiu um desinspirado Aimar para entrar Jara (faz-me espécie que não constitua opção para um jogo da taça de Portugal frente a uma equipa de segunda e seja opção para a Champions). A partir desse momento era só esperar pelo apito final, ficando apenas na retina a entrega dos jogadores nos minutos finais.

A ambição de Jesus tem sido traída pela inépcia em dar a volta ao texto que ele próprio escreveu. Insisto que Gaitan não é extremo e dificilmente será e não existe no plantel ninguém que ofereça a estabilidade táctica que Ramires dava ao nosso jogo, pelo que é tempo de adaptar a táctica aos jogadores e não os jogadores ao treinador/táctica.

6 comentários:

  1. Embora ao longo de toda uma vida, que vem dos anos gloriosos em que o hábito de ganhar nem dava azo à análise do treinador de bancada, confesso que, por mais que sangre com as últimas décadas um coração acostumado às maiores glórias e alegrias, nunca fui grande adepto nem nunca pratiquei a arte do dito treinador de bancada.

    Claro, tenho e sempre tive as minhas próprias opiniões, mas sempre me recusei a manifestá-las. E não é tanto por pensar que o treinador de bancada tem a vida muito facilitada porque, normal e naturalmente, acerta sempre. É uma análise depois do resultado e não obriga o treinador de banca a tomar decisões ... antes da partida.
    Nem sequer a minha falta de conhecimentos técnicos específicos da função.

    É mais porque, quanto mais difícil é o momento, mais necessário se torna a união e a força apoiante da superação.

    Por isto tudo, sinto-me por vezes muito pior, muito mais triste com os comentários e análises dos treinadores de bancada, sem nunca pôr em causa minimamente o seu Benfiquismo, no caso, e as suas boas intenções - e sem esquecer que o inferno está cheio destas - do que com os próprios resultados da equipa.
    E eu, eu que vivi em plenitude todos os tempos áureos da Gloriosa caminhada do Benfica rumo à sua Grandiosidade!

    Devo dizer, porém, que esta análise - de treinador de bancada também, naturalmente - não me causa aquela tristeza de que falei acima.
    E não me causa porque ela é muito equilibrada, profundamente enraízada no desejo de contribuir, bastante compreensiva com a equipa, jogadores e equipa técnica, que,acredito, sentem também os insucessos com tristeza.

    Daí que, ao contrário do que tenha expressado em todas as ocasiões, aqui me sinta obrigado a concordar, com o conteúdo e com a forma, desta sábia análise que, sem negar o seu contributo para a tristeza do momento e para o apoio que a união de todos exige, sabe exprimir-se com sensatez de exaltar.

    Parabéns.

    ResponderEliminar
  2. Obrigado Gil Vicente pelas suas palavras.
    Hoje dizia a um amigo Benfiquista que teve a sorte de ver o Benfica na sua plenitude, que em certa medida o invejava. Como gostaria de sentir esses tempos.
    Infelizmente esse amigo já não vai ao estádio, deixou de ir há uns 4 ou 5 anos, não consegue prefere guardar os seus momentos e não substitui-los por outros. É triste este sentimento.

    ResponderEliminar
  3. "A ambição de Jesus tem sido traída pela inépcia em dar a volta ao texto que ele próprio escreveu".
    Que grande frase! Traduz precisamente o que eu penso sobre o jogo de ontem. Assim, e como não tenho tempo, já não escrevo um post que seria intitulado de "Espelho meu, espelho meu".
    Resumindo a ideia central, o Jesus está para a Champions como o treinador do CAB está para a liga de basquetebol. O importante é ele e não os resultados que as suas convicções produzem.
    Dito isto, e com as mesmas convicções do Jesus, não acho que seja uma grande complicação passarmos a fase de grupos. Penso que temos qualidade individual e colectiva para ir ganhar a Israel e para ganhar os dois jogos em casa. Também porque o nosso treinador é o Jorge Jesus.

    ResponderEliminar
  4. sera que o jesus esta com a cabeça no benfica?nao parece o mesmo treinador,aquela historia com o porto esta mal contada o benfica este ano tinha que jogar bem melhor ontem erraram-se passes incriveis e a desculpa do ramires e do di ja nao pega alias quem escolheu o gaitan foi o jesus como foi possivel dispensar o urreta que bem falta nos faz com muita pena minha penso que nao temos equipa para a europa e muito menos para ombrear com o porto

    ResponderEliminar
  5. patriarca disse:

    O Treino de ontem, Quinta-Feira 21OUT10, deveria ter sido das 10H00 às 22H00, para ELES sentirem que deveriam ter feito aquilo que não fizeram, dar o litro em campo e Prestigiar a camisola que envergavam e Honrar o Simbolo Sagrado que trazem ao peito E O NÃO FIZERAM. E o JJ o "castigo dele era REGAR todos os campos de treino da Caixa Futebol Campos A BALDE.
    Caimos mais uma vez sem Honra nem Gloria.

    ResponderEliminar