quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Defesa da mediocridade

Felizmente, o futebol voltou, e no caso do nosso Benfica em grande, porque nos períodos que estupidamente o campeonato pára, os pensadores de futebol em Portugal entretêm-se numa espécie de populismo de rebanho, a congeminar formas de destruir o futebol em Portugal.

Desta feita surge a defesa da mediocridade a que dão o simpático nome de defesa do jogador Português. Aventam-se formas que impeçam que tenhamos, nas nossas fileiras, jogadores de futebol para passarmos a contar com meninos mimados de qualidade duvidosa que se julgam astros por indicação dos seus empresários.

No actual contexto Europeu, enquanto perdurar a obrigatoriedade de cumprimento da Lei Bosman, toda e qualquer medida de restrição imposta dentro de portas retirará competitividade às nossas equipas numa primeira fase e destruirá, no futuro, o futebol em Portugal. Sem futebol em Portugal, não há jogador Português.

Se querem impor medidas de restrição que fomente a formação e utilização de jogadores de nacionalidade Portuguesa, deverão canalizar os esforços nos escalões de formação. Aqui deverão impor regras mais apertadas para a utilização de estrangeiros e dar benefí­cios às equipas que tiverem, no plantel principal, jogadores oriundos da sua formação, mas nunca impedir a entrada de estrangeiros seja que por via for.

A verdadeira defesa do jogador Português deverá ser efectuada junto da formação dos próprios enquanto pessoas, fazê-los perceber que é preferí­vel crescer como jogador em Portugal num clube grande ou mesmo num clube de média dimensão a ganhar 5.000€ do que ganhar 10.000€ e jogar em ligas como a Cipriota, Belga, Romena e outras mais que beneficiam exclusivamente a conta bancária dos seus empresários.

Uma grande medida a impor seria reduzir o espaço de manobra destes agentes no seio do futebol e os que persistirem obrigá-los a pagar impostos (aqui terí­amos um duplo ganho para o paí­s no contexto económico em que vivemos). Outra medida muito interessante seria, na formação dos dirigentes de clubes, fazê-los perceber que uma transferência interna de determinado jogador que dá nas vistas não poderá constituir por si só a tábua de salvação para encobrir uma gestão deficiente e bastas vezes danosa. Um jogador Português a militar em clubes mais fracos não pode ser substancialmente mais caro que a contratação de um jogador estrangeiro de qualidade similar (em teoria).

Acabe-se com a obscuridade das transações no futebol, imponha-se medidas que elevem a competitividade e qualidade dos jogadores que joguem nos nossos campeonatos, punam quem alicia árbitros, jogadores e dirigentes, punam adeptos que tenham uma conduta violenta e os clubes que os protegem, beneficiem e fomentem as famílias nos estádios marcando os jogos para horas decentes e deixem-se de pensar em porcarias que de populismo têm muito mas efeitos qualitativos para quem gosta de futebol tem muito mas mesmo muito pouco...

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