Preocupações

Enquanto continua o folclore da comunicação social e de clubes com ligações estreitas que todos percebem existir mas que com seriedade não deveriam ocorrer, a resposta por parte do Benfica tarda em aparecer e temo que não exista. A ausência de uma resposta séria por parte da direcção, afirmando e aceitando que efectivamente no jogo frente ao Braga tínhamos sido beneficiados fazia todo o sentido e legitimava o futuro. Mais, essa resposta devia vir apensa a uma série de outros erros que nos prejudicaram e tiraram pontos, dizendo a todos que caso o Braga queira os pontos que perdeu, ou diz ter perdido, na Luz os vá buscar ao Nacional, e se estes não chegarem pode ir a Setúbal a Leixões ou à vila das Aves.

Pese as considerações que atrás escrevo e subscrevo não é isso que me tira o sono. O que verdadeiramente me preocupa são os 90 minutos de futebol, ou se preferirem de pouco futebol, que temos vindo a apresentar em campo.

Ao contrário da fabulosa comunicação social que analisa o jogo com base no resultado final e decide se uma equipa jogou ou não bem com base nesse importante pormenor mas por vezes pouco verdadeiro, tenho a perfeita convicção que a não ser o resultado final nada mudou neste Benfica face ao que existiu na Trofa.

A convicção de que temos um plantel com qualidade, e o ter visto a equipa no inicio da época com critérios de jogo muito melhores dos que apresenta no presente, logo o acreditar que podemos e devemos fazer mais, tem sido uma companhia demasiado evidente para não me deixar de preocupar, principalmente porque tardava a encontrar uma resposta. Esta chegou e deambula pela alteração do sistema táctico motivada pela substituição de apenas um jogador.

Cardozo é um jogador que não conquista todos os adeptos eu não sou excepção, ainda assim devemos cingir-mo-nos aos factos. Jogador Sul Americano (normalmente com dificuldades de adaptação), na sua primeira época ( e todos estamos recordados desta triste época) marcou cerca de 20 golos. Na presente temporada, nos primeiros tempos foi decisivo, marcou no empate com o FCP, no empate com o Leixões e na sofrida vitória frente à Naval (este já na condição de suplente). A partir daí foi entregue à sua sorte e pouco ou nada jogou, de vital passou a ser dispensável. O que motivou essa alteração foi a chegada de Suazo, um jogador de classe mundial.

Claro está que a referida mudança por si só não justifica tudo, agora a mudança de estratégia, essa sim condiciona todo o futebol do Benfica.

Quique consciente das características de Cardozo (jogador pouco móvel, um avançado mais fixo entre os centrais) e enquanto não tinha alternativas, montou com astucia a equipa à sua volta. Defesa subida, pressão no campo adversário de forma a recuperar cedo a bola e criar situações de desiquilibrio, e quando detentores do esférico, muita circulação de bola de preferência ao primeiro toque para criar espaços e situações de golo, onde Cardozo seria o barómetro da equipa.

A chegada de Suazo, jogador de características completamente diferentes (rápido, gosta de jogar no espaço e em velocidade) e com o cartel que trazia obrigou ou originou uma alteração substancial na nossa estratégia de jogo. Baixámos o bloco, ou seja passámos a defender mais atrás, muito mais atrás, de forma a existir espaço para o Suazo correr. A típica táctica de contra-ataque.

O que se verifica é que com excepção do Suazo a equipa não tem características de contra-ataque, os nossos jogadores do meio campo são típicos jogadores de posse de bola e de jogadas pensadas, e a equipa fica demasiado exposta no aspecto defensivo. A coisa não resulta. É tempo do Quique perceber isso e alterar a sua estratégia de forma a potenciar o plantel, sem que com isso ter que sacrificar o Suazo em detrimento do Cardozo, basta alterar. Como sugestão deixo-lhe o 4-3-3 com Suazo e Reyes nas pontas.