quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os bons, os maus e os razoáveis...


Os benfiquistas teimam em esquecer que o seu clube tem mais de 100 anos de História. Por essas “redes sociais” e “blogs” fora fazem-se, diariamente, sondagens, artigos de opinião ou fotografias a criticar o atual Presidente do Benfica e a apelidá-lo como o “pior Presidente da História do clube”, com Manuel Damásio e João Vale e Azevedo a completarem a trilogia.

Alberto Miguéns é, provavelmente, uma das pessoas que mais se dedicou à história do Benfica. Embora eu nem sempre esteja de acordo com algumas das suas análises, sei respeitar o seu lugar como talvez o mais conhecedor da história gloriosa do nosso clube.

Na sua página na Internet, Em defesa do Benfica, na análise que faz aos 32 Presidentes eleitos ao longo de 108 anos de Clube (excluiu o primeiro Presidente José Rosa Rodrigues por ter sido nomeado aquando da fundação do clube), dá especial valor aos títulos conquistados pela equipa de honra da secção do futebol, deixando uma menor importância às modalidades, mas tem sempre em conta, baseando-se numa frase de Joaquim Ferreira Bogalho, a forma como o clube foi “entregue” à Direcção que toma posse e como, passados uns anos, esta o “deixa”. Julgo, porém, que mais dois critérios deveriam fazer parte da análise, os quais irei acrescentar naquela que farei ao longo deste texto: o indelével benfiquismo e a obra “térrea” levantada.

Começando pelos dois Presidentes anteriores a Manuel Vilarinho, Manuel Damásio foi eleito em Janeiro de 1994 e pôs o seu lugar à disposição após três campeonatos perdidos para o FC Porto e uma derrota pesada em Vila do Conde no início da época 1997/98, quando já decorria o seu segundo mandato.

Recebeu a “batata quente” de uma Direção em que o Presidente Jorge de Brito, e seus pares, eram figuras de descrédito na nação benfiquista depois do escandaloso Verão Quente e das rescisões dos contratos, unilaterais e por justa causa, de Pacheco e Paulo Sousa rumo ao Sporting. João Pinto quase seguiu o mesmo caminho, mas um “raide” de Jorge de Brito a Madrid ainda conseguiu evitar a sua saída.

Apesar da falta de liderança e da situação financeira ser preocupante, de Jorge de Brito nunca se duvidou do seu amor ao clube. Era Águia de Ouro, o seu Pai um conhecido benfiquista, tinha sido vice-Presidente de João Santos no mandato anterior e todos sabiam o quanto era capaz de delapidar do seu próprio património em nome do clube, como é disso exemplo a oferta da pista de tartan no mandato de Borges Coutinho.
Mesmo com a confusão instalada, Manuel Damásio ainda venceu esse Campeonato Nacional 1993/94 com Toni à frente da equipa, com uma espantosa vitória por 3-6 em Alvalade, e chegou às meias-finais da Taça das Taças. No entanto, errou – embora na altura ninguém acreditava que a decisão era incorreta – ao despedir o treinador campeão, no final dessa época, substituindo-o por Artur Jorge, Rei em Paris, que veio a desfazer uma equipa campeã ao preterir Isaías, Paneira e Veloso por jogadores como Tavares, Nelo, Paulo Bento e outros.

Na verdade, Artur Jorge também durou pouco como treinador da principal equipa e, na época 1995/96, já foi o seu adjunto Mário Wilson, “bombeiro” de serviço, a vencer a Taça de Portugal por 3-1 frente ao Sporting, final à qual o Benfica voltaria a chegar em 1996/97 com Manuel José, embora, desta feita, derrotado por 3-2 contra o Boavista.

No que diz respeito ao estádio, foi o responsável por trazer conforto ao antigo Estádio da Luz. Embora tenha diminuído a lotação, o novo fosso e as cadeiras vermelhas faziam melhor figura do que o cimento para a exigência dos adeptos perante um século XXI que se aproximava.

Embora extremamente educado, cortês e um senhor no trato, Manuel Damásio não foi capaz de ver para além da poeira dos dias que corriam. Conseguiu fazer ultrapassar o número dos 100 000 sócios, mas era, principalmente, tempo de profissionalizar o clube, pois daí dependeriam as vitórias do futuro. Contudo, tal não se verificou e as entradas e saídas de jogadores ocorriam de forma amiúde, até que uma equipa, sempre às costas de João Pinto, se tornou insustentável. Como bom benfiquista, incapaz de fazer melhor, abriu o clube a ser discutido…

Essas eleições de 1997 são, provavelmente, o maior erro histórico do Sport Lisboa e Benfica. A campanha fabricou um derrotado chamado Luís Tadeu e deu a vitória a um muito “desejado” Pinto da Costa vermelho. João Vale e Azevedo tinha a campanha preparada, pois tinha concorrido contra Damásio pouco tempo antes. Ao sentir a porta “aberta”, venceu as eleições e, em três anos, nunca venceu qualquer Campeonato Nacional ou Taça de Portugal. Sofreu ainda a maior derrota de sempre do clube nas competições europeias e “incendiava” as assembleias gerais do clube com decisões polémicas e duvidosas. Deu pouco apoio às modalidades – embora tenha apostado no ciclismo – e fez tábua rasa à formação futebolística depois de uma noite mal dormida.

Tudo o que Vale e Azevedo fazia era “estranho” e os sócios eram pouco informados. A título de exemplo, de forma súbita, fechou-se uma bancada no Estádio numa promessa vã de renovação quando já se começava a falar da organização próxima de um Europeu em Portugal. Todas as semanas os “ingleses” iam investir no Benfica. E tardava a aparecer o “Benfica à Benfica” prometido em campanha eleitoral.

Isolado dos outros clubes no movimento associativo nacional, desprotegido pela comunicação social e separatista dos sócios do seu clube, tendo vencido com pouca margem de diferença as eleições de 1997, foi, naturalmente, derrotado no ano 2000 por uma maioria silenciosa que deu voltas ao Colombo e ao Estádio da Luz.

No meio de tanta “trapalhada”, veio a ser preso mais tarde por processos relacionados com o Benfica, o que fez pôr em causa o seu indelével benfiquismo, isto é, não ser capaz de pôr o clube à frente do seu próprio benefício. Foi o único caso alvo de expulsão de sócio em Assembleia Geral na história do clube. Avaliando hoje, talvez essa decisão não tenha sido injusta, mas o fantasma criado do “seu” regresso reencarnado por alguém, que ainda hoje se vive, não é mais do que uma repercussão desse sangue derramado...

E foi assim que Manuel Vilarinho encontrou um clube endividado, sem mística e sem o seu jornal centenário, mas com um jovem treinador, de seu nome José Mourinho, a moralizar uma equipa de “operários”, de qualidade duvidosa, mas que logo num dos primeiros jogos do mandato foi capaz de vencer por 3-0 um Sporting campeão em título.

Contudo, por pretensa arrogância do jovem Mourinho, Vilarinho decide substituí-lo pelo seu escolhido na campanha eleitoral, o ex-campeão Toni. Este até esteve perto de alcançar o Boavista no primeiro lugar não fosse aquela bola no poste de Pierre Van Hooijdonk a cruzamento de Carlitos… Mas acabou em 6º lugar e pouco melhor ficou o Benfica classificado nos restantes anos do seu mandato. Não obteve qualquer título conquistado, algo que o seu indubitável benfiquismo não deve perdoar a si próprio.

Todavia, teve como especial mérito o regresso dos tempos de acalmia e fazer os sócios voltar a acreditar, de novo, no futuro… Apesar dos parcos resultados, a SAD começava a ganhar contornos de grupo empresarial e os sócios respondiam às subscrições de capital social. Era também construído o novo Estádio em 2003 para dar abrigo ao Euro 2004. E o clube regressava aos dias de credibilidade.

Importa talvez não deixar de referir que a essência deste novo Estádio em nada se coadunou, à luz do que já vinha acontecendo aos poucos com o antigo, com os princípios de origem social do Sport Lisboa e Benfica. A bancada central dos sócios do Benfica, oriundos de diversas origens sociais, deixou de existir.
O rico “na central (de negócios)” e o pobre “atrás do baliza” não são de todo uma metáfora do Benfica verdadeiro. E a ideia de “clientelismo” criada desde então é uma das mais importantes e das mais atuais críticas dos sócios aos últimos anos de gerência do clube.

Independentemente disso, foram, com toda a certeza, estes últimos feitos do mandato de Manuel Vilarinho que levaram Luís Filipe Vieira, homem forte do futebol desde 2001 e, juntamente com Mário Dias, um dos grandes responsáveis de “levantar” o Estádio, a vencer por larga margem as eleições de 2003.

Luís Filipe Vieira viria a ser eleito por mais duas vezes, nomeadamente nos anos eleitorais de 2006 e 2009, com mais de 90 % de expressão dos votos. Merece, por isso, essa saudação, o cargo que ainda hoje ocupa e deve existir respeito por aquela que tem sido, inequivocamente, a vontade da maioria benfiquista.

Ainda assim, como qualquer outro que represente os órgãos sociais do clube, não está isento de críticas e acima da instituição Sport Lisboa e Benfica, sobretudo em ano eleitoral. E a verdade é que nenhum sócio tem ficado indiferente à forma como é tratado, inclusivamente pelos órgãos de comunicação do clube, quando discorda de algum dos seus atos.

Além disso, mesmo que se reconheçam, sem dúvida, bons momentos na gestão do clube por parte de LFV, tais como a profissionalização das estruturas do clube, o aumento do número de sócios, a proliferação e uniformização das casas, a Fundação Benfica, as contas auditadas (o que - note-se – não invalida os resultados negativos e o passivo “astronómico”), o aumento significativo da qualidade da equipa de futebol-e tudo aquilo que a rodeia, como os departamentos clínicos, observadores e segundas equipas - em relação aos mandatos imediatamente anteriores, os resultados da equipa principal de futebol não são os melhores e são manifestamente insuficientes para este clube vermelho e branco com mais de 100 anos de vitórias: em 9 anos de Presidência de Luís Filipe Vieira, a nível doméstico, o Benfica conquistou dois campeonatos, uma Taça de Portugal (esteve presente noutra final), quatro Taças da Liga e uma Supertaça. No que diz respeito às provas europeias, nunca ultrapassou os quartos-de-final na Champions League e chegou por uma vez às meias-finais da Liga Europa, no ano em que a final foi disputada por FC Porto e SC Braga.

É certo também que a  “refundação” das normas estatutárias não caiu bem à Presidência de LFV. Todos sabem que Luís Filipe Vieira era um desconhecido entre os benfiquistas antes da sua aparição no mandato de Manuel Vilarinho. Mas assim aconteceu também com outros Presidentes e outras importantes figuras que deram enormes contributos para o crescimento do Benfica. Serve disso exemplo o ministro das Obras Públicas, Engenheiro Cancella de Abreu, eleito mais tarde Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Clube, que, em 1946, aquando da sua audiência concedida aos corpos sociais do clube, onde se prontificou a resolver algumas questões com a Câmara Municipal de Lisboa a propósito dos terrenos para a construção do Estádio da Luz, afirmou, sem pudor aos dirigentes benfiquistas: “É só um empurrãozinho; e , se for necessário, eu próprio me farei sócio do Benfica...”. Um simples exemplo histórico de que os 25 anos ininterruptos de filiação associativa não fazem qualquer sentido nos novos Estatutos do Sport Lisboa e Benfica.

Não menos importante, e algo também nunca visto na história do clube, deve ser reconhecido que o levantamento de suspeitas (confirmadas pelo próprio) sobre a sua associação a clubes rivais, tem contribuído para colocar o Benfica à mercê do falatório de adeptos de outros clubes e tem permitido o ato detestável de se estar constantemente a medir o “nível” de benfiquismo entre os benfiquistas e a fazer reinar o desrespeito entre eles.

Relativamente à obra “térrea” levantada, foi construído o Centro de Estágios no Seixal, será inaugurado no próximo mês o Museu do clube e a Benfica TV tratou-se de um projeto pioneiro em Portugal. Mas, o próprio Museu nos fará ver que, ao longo da nossa História, em tempos de normalidade, o mais difícil nunca foi fazer... foi pagar...

Assim, embora já existam vários critérios que podem ser avaliados no presente, a análise do lugar de Luís Filipe Vieira na história do clube ainda não atingiu o seu pico de maturação. Deve, pois, ser realizada com um suficiente distanciamento no tempo, após a sua saída do clube e como a sua Direção "deixará" o clube para a Direcção seguinte .

Será Luís Filipe Vieira de novo candidato nas eleições que se aproximam e ter mais 4 anos de mandato pela frente? Se sim, esses 4 anos farão toda a diferença na sua avaliação como Presidente, podendo vir a ter razão aqueles que incluírem LFV nos "piores", nos "melhores" ou mesmo nos "razoáveis" Presidentes da história encarnada. Mas o correto, para já, parece-me que é aguardar... E analisar a totalidade dos seus mandatos no devido tempo... Ou não votar nele se insatisfeitos.

Em relação a todos os restantes 31 Presidentes eleitos na História do Sport Lisboa e Benfica (excluir-se-ão, propositadamente, desta análise final Luís Filipe Vieira e José Rosa Rodrigues), muito dificilmente algum deles reunirá todos os critérios de forma intocável, sobretudo porque Presidentes em momentos diferentes da história do clube lidaram com problemas diferentes. No entanto, avaliando por critério, os melhores e os piores poderiam ser distribuídos da seguinte forma:

1) Títulos importantes conquistados pela equipa de honra de Futebol :

Melhor: Maurício Vieira de Brito ; Pior: João Vale e Azevedo

- Maurício Vieira de Brito foi o Presidente que contratou Eusébio e o primeiro Campeão Europeu, entre vários outros títulos conquistados. Duarte Borges Coutinho ocuparia, quase com toda a certeza o segundo lugar.

- João Vale e Azevedo não conquistou qualquer título pela equipa principal de futebol, embora o seu sucessor também não tenha conquistado.

2) Situação como “encontra” o clube e situação como o “deixa”:

Melhor: João José Pires ; Pior: João Vale e Azevedo

- João José Pires recebe um “Sport Lisboa” que havia estado perto de ser extinto e entrega-o Campeão de Lisboa em 1910 e responsabilizou-se, pessoalmente, por várias dívidas. Talvez Manuel Vilarinho mereça o segundo lugar como igualmente um dos melhores neste critério.

- João Vale e Azevedo deixa o clube sem soluções na banca, sem dinheiro na tesouraria, sem equipa de futebol, sem jornal e acusado de devedor por parte de vários parceiros institucionais.

3) Indelével Benfiquismo:

Melhor: Manuel da Conceição Afonso ; Pior: Nuno Freire Themudo

- Encadernador de profissão, Manuel da Conceição Afonso foi eleito por 5 vezes Presidente do Sport Lisboa e Benfica numa vida inteira dedicada ao clube.

- Em 1919, Nuno Freire Themudo moveu uma ação de despejo ao Sport Lisboa e Benfica, deixando o clube à mercê de perder todas as suas instalações.

4) Obra “térrea” levantada:

Melhor: Joaquim Ferreira Bogalho ; Pior: Nuno Freire Themudo

- O Estádio da Luz, inaugurado em 1954, só não se chamou Joaquim Ferreira Bogalho porque este não o quis.

- Nuno Freire Themudo pelas mesmas razões escritas no critério anterior.


Para terminar esta crónica, julgo que existe ainda um outro nome que, embora nunca tenha sido Presidente (não o quis!), não pode passar ao lado. A adicionar ao facto de praticamente completar todos estes critérios de análise, ainda tem mais um insuperável: a sua imensa humildade.

De seu nome Cosme Damião, o “Pai” do Sport Lisboa e Benfica, o maior clube de Portugal.


24 comentários:

  1. Absolutamente espectacular este artigo.
    Está aqui tudo!

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    1. É certo que faltam muitos detalhes das várias Presidências, mas também não se pretendia "escrever um livro" :)

      Obrigado pelo comentário amigo.

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  2. "João Vale e Azevedo não conquistou qualquer título pela equipa principal de futebol, embora o seu sucessor também não tenha conquistado.". Que cinismo. Porque não diz: "Vilarinho não conquistou qualquer título pela equipa principal de futebol, embora o seu antecessor também não tenha conquistado"? E mais: "foi assim que Manuel Vilarinho encontrou um clube endividado, sem mística e sem o seu jornal centenário, mas com um jovem treinador, de seu nome José Mourinho...". Sem mística??? Com assistências que enchiam o antigo estádio? Vilarinho encontrou o clube endividado? E Vale e Azevedo encontrou o quê???? Quanto ao "jovem treinador", que pena ter sido contratado pelo "pior presidente". Muito mais haveria a dizer. Mas para quê? os formatados já não desformatam. E assim se reescreve a História!

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  3. Faço um copy paste parcial de um post que fiz num blog que entretanto foi fechado pelo seu "dono" zangado com a saída do Witsel. É capaz de estar ligeiramente desactualizado:

    Não sou a favor ou contra a actual direcção. Reconheço-lhe defeitos e méritos. O maior defeito não ter dado ao Benfica tantas vitórias como desejamos.

    O maior mérito é ter devolvido ao Benfica uma identidade vencedora. Podem não concordar, mas ao longo das próximas linhas estão factos que sumarizam o que temos lido e ouvido nos últimos anos. Benfica campeão 11 anos depois. 17 anos depois. 25 anos depois. E a lista é demasiado extensa para não significar muito mais do que aquilo que aparenta.

    Futebol

    2003/04 Vencedor da Taça de Portugal 8 anos depois!
    2004/05 Campeão Nacional 11 anos depois!
    2005/06 Vencedor da Supertaça 16 anos depois!
    2010/11 Semi-finalista de uma competição europeia 17 anos depois!
    2011/12 Campeão de Inverno 18 anos depois! (não é um título mas um facto relevante)

    Notas: Tetra vencedor da Taça da Liga e mais um campeonato é claramente insuficiente. Mas não posso deixar em claro que estamos a competir no meio do lodo que é o futebol nacional. O último campeonato foi roubado e não há outras palavras para descrever este acontecimento.

    Futebol – Formação

    2008/09 Campeões nacionais em Iniciados A 20 anos depois! 3 nos últimos 4 anos.
    2010/11 Campeões distritais em Juvenis B 25 anos depois! Bicampeões um ano depois.

    Notas: Contra temos os últimos 8 anos sem ser campeão nacional de Juniores depois de um campeonato em 2003/04. A favor, os últimos 5 campeonatos nacionais (Juvenis e Iniciados) consecutivos que fazem deste período o segundo melhor da história.

    Andebol

    2007/08 Campeão Nacional 18 anos depois!
    2010/11 Vencedor da Taça de Portugal 24 anos depois!
    2010/11 Vencedor da Supertaça 17 anos depois!

    Notas: Finalista na Challenge Cup o ano passado e 2 vitórias na Taça da Liga (06/07 e 08/09; entretanto extinta) não eliminam um sabor agri-doce devido à não repetição dos principais títulos conquistados. Não deixa de ser a modalidade que estava mais moribunda, e por isso os títulos são de certa forma mais importantes.

    Atletismo

    2010/11 Campeão Nacional de ar livre 15 anos depois! Bicampeões um ano depois.
    2011/12 Campeão Nacional de pista coberta 17 anos depois!

    Nota: Recrutou-se benfiquistas de qualidade e fez-se uma aposta forte na formação:
    um projecto a longo termo que já começa dar frutos.

    Basquetebol

    2008/09 Campeão Nacional 14 anos depois! Voltou a ganhar 3 campeonatos!
    2009/10 Vencedor da Supertaça 11 anos depois! Voltou a ganhar 1 vez em 2!
    2010/11 Vencedor da Taça Hugo dos Santos (substituiu a Taça da Liga) 15 anos depois!

    Nota: Estamos à 16 épocas sem conquistar a Taça de Portugal. Ainda estamos a pagar o desinvestimento na formação que durou anos. Formação que foi campeã nacional este ano em todos os escalões e que ilustra a mudança de paradigma.

    Futsal

    Secção criada em 2001/02
    5 Campeonatos, 5 Taças de Portugal, 5 Supertaças e 1 UEFA Futsal Cup em 11 épocas

    Nota: cerca de 50% dos títulos nacionais conquistados faz desta a modalidade modelo da última década.

    Hóquei

    2009/10 Vencedor da Taça de Portugal 8 anos depois!
    2010/11 Vencedor da Taça CERS 20 anos depois!
    2010/11 Vencedor da Supertaça 8 anos depois!
    2011/12 Campeão Nacional 14 anos depois!

    Nota: Os resultados só não são ainda piores porque tivemos o prazer de contar com o génio (doido) do Panchito Velázquez.

    Voleibol

    2004/05 Campeão Nacional 14 anos depois!
    2004/05 Vencedor da Taça de Portugal 13 anos depois! 4 Taças nos 6 anos seguintes.
    2011/12 Vencedor da Supertaça 14 épocas depois! (não se realizou por 8 temporadas)

    Notas: Especialmente nos últimos dois anos estivemos perto de conquistar novamente o campeonato mas houve alguma infelicidade. Um projecto que com continuidade dará novamente alegrias.

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    1. É deste facto que muita gente se esquece quando quer criticar a actual direcção. O Benfica não era o Benfica de 10 anos antes quando para lá foram!

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    2. Amigo, respeito a sua análise, mas naquela que fiz no meu texto aos últimos Presidentes da História do Benfica - que julgo mais justa - escolhi e avaliei quatro critérios fundamentais : os títulos conquistados pela equipa de honra do futebol (deixei em detrimento as modalidades) , a forma como "encontra" e o "deixa", o indelével benfiquismo e a obra "térrea" levantada.

      PS - Com todo o respeito. vitória no campeonato de inverno é muito à Sporting . Cuidado com a falta de exigência :)

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  4. (cont)

    Outras modalidades

    Não tenho dados para falar sobre as outras modalidades ou sobre o sector feminino das que referi. Sei que há bons e maus exemplos. Ao contrário de muitos, considero que o Benfica deve ter uma presença continua em muitas delas mesmo que não seja com projectos ambiciosos. Deve acima de tudo ter um papel activo na formação.

    LFV pode sair do clube. Mas sem dúvida que fez um trabalho extraordinário, mesmo que incompreendido. Tirou o clube do abismo e devolveu-lhe a sua identidade vencedora. É muito mais difícil ganhar depois de anos a fim sem o fazer. A tensão e ansiedade são o verdadeiro adversário. Depois do trabalho mais duro em quase todas as modalidades não há desculpas para as próximas direcções não serem mais vencedoras. E ainda menos para se eleger presidentes artistas que levem o clube de novo para o abismo.

    PS recente: Só não ganhámos mais no futebol devido à corrupção. O ano passado o campeonato foi roubado à descarada. E o que o LFV fez? Apenas promoveu o apito dourado e fez com que o Porto seja para sempre reconhecido como um clube corrupto! Para se acabar com a corrupção não basta divulga-la porque eles não têm vergonha e ainda por cima estão num país também ele corrupto! Para acabar com a corrupção é necessário um esforço colectivo em que se varra a corrupção a nível geral. E de forma alguma se pode fazer como muitos que desculpam os erros sucessivos de árbitros que só sabem errar contra o Benfica e a favor do porto!

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    1. E por isso mesmo apoiou Fernando Gomes...

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    2. Repare como a maior parte desses títulos todos que refere, são entre os anos 2009 e agora... A maior parte fala de períodos de 10/12 anos, o que nos leva à conclusão que também existiram muitos anos de calvário na era Vilavinho/LFV. Que estes contribuíram para aumentar esse numero de anos. Se quer ser justo nessa analise tem sim que contar os anos que o Benfica não ganhava nessas modalidades, antes do LFV, se eram 3, 4, 5 anos e quantos mais demorou este a conseguir finalmente as vitórias. Sabemos ainda para mais como funcionam as modalidades em Portugal. Basta ter dinheiro, quem tiver mais ganha. Existem poucos casos em que isso não acontece. Com o multiplicar do passivo de quase 10x mal seria se nem uma Taçazinha de Portugal se tive ganho ao berlinde. Agarrar-se as modalidades, a títulos de camadas jovens, a desculpas gastas de corrupção é mesmo desespero para tentar justificar o injustificável. O SLB não ganha no seu principal motivo de interesse e existência: O Futebol profissional!

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    3. @ Fernando,

      Aparentemente o Benfica tentou que um benfiquista que ultimamente é mais conhecido pelas jantaradas que faz com o PC, se candidatasse. Mas o mesmo não quis.

      O suposto apoio ao Fernando Gomes sempre foi muito fraco e acho que foi para pelo menos integrarem alguém na estrutura que possa pelo menos saber o que se anda a fazer.

      @ Marquis,

      Depois de termos equipas que nem sequer lutavam por títulos e depois da formação ter sido toda esfarrapada, como é que esperava que em poucos anos se desse a volta? Há benfiquistas que não conhecem a história do clube. Não sabem que para se ganhar continuamente é necessário o esforço de anos!

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    4. Na minha opinião, Fernando Seara deve mais ao Benfica a sua carreira política do que o Benfica lhe deve alguma coisa.. É um situacionista que gosta de se posicionar tacticamente e uma pessoa na qual não confio .

      Outros benfiquistas havia... Se o Benfica, efectivamente, liderasse o movimento associativo nacional.

      Mas obrigado pelo comentário e contribuição para o debate ! :)

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    5. Caro 71460

      Está a ver o problema de não confirmar as fontes e querer defender o indefensável, é que depois mete argoladas! A formação foi esfarrapada? Imagine-se que nos anos do "descalabro" 99/00 o Benfica é campeão nacional de juniores e tinha sido de tal maneira esfarrapada que em 03/04 volta a ser. Essa tal formação que demora muitoooo tempo a construir... E imagine-se que agora que está tudo nos eixos nunca mais ganhamos nenhum... Não percebo a logica, mas devo ser só eu.. Imagine-se que somos tão competitivos que 3 clubes portugueses estiveram em finais europeias nos últimos e nós nem conseguimos lá ir uma vez, deve ser a UEFA que também está contra nós..

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    6. Caro 71460

      Lamento mas tenho alguma dificuldade em ver mentalidade vencedora.

      Futebol - 2 anos como director desportivo e 9 como presidente tiveram como resultado 2 campeonatos, 1 taça de portugal, 1 supertaça e 4 taças da liga, acha que em 11 são títulos suficientes para se falar de mentalidade vencedora ?

      Formação - quantos jogadores formados no Benfica são titulares ou foram nos últimos anos das selecções ? E quantos foram do sporting ou do porto ? Mas se quer comparar títulos, compare os títulos da nossa formação com a dos outros. Ao contrário do que diz o Marquis de Sade, Souness quase que deu um golpe de misericórdia na nossa formação e foi preciso tempo para recuperar e só após a construção do CFC conseguiram ter condições de trabalho iguais às dos rivais, mas isso foi devido à aposta em destruição do complexo desportivo da Luz para construção do novo Estádio.

      Andebol e Voleibol são o paradigma da incompetência, os maiores orçamentos em Portugal e mesmo assim os resultados são muito insuficientes para tamanho investimento. Nem falo da formação destas modalidades para não nos envegonharmos.

      No Basquetebol, depois de muitos anos a anhar, lá conseguimos recrutar um técnico competente - Henrique Vieira que construíu as bases da actual equip. Na formação actualmente trabalha-se bem e é uma modalidade onde se vê amentalidade ganhadora.

      No Atletismo a minha vénia, pois a Prof. Ana Oliveira tem feito um trabalho excelente em Masculinos e bom em Femeninos. Seja nos escalões principais, seja na formação. Também é uma modalidade com espírito ganhador.

      No Hóquei em Patins depois de muitos anos, a entrada de Luis Sénica, há 2 anos, marcou uma ruptura na mediana instalada. Esperemos que a perda de Sérgio Silva não nos leve a perder essa ambição de ganhar como se viu na época passada.

      Deixei o Futsal para o fim. A enormidade dos orçamentos do Benfica face à concorrência, mesmo assim nem sempre tem dado resultados condizentes. Já tivémos grandes exemplos de competência, noutras vezes mostramos espírito de derrotados. Face aos orçamentos que temos, a conquista da Uefa Futsal Cup é o marco mais significativo e demonstrativo da competência. Os sucessivos campeonatos perdidos para os lagartos têm mostrado que mesmo gastando muito dinheiro nem sempre há qualidade em quem gere os plantéis.

      Em geral, o sucesso é apenas o reflexo de despejar quantidades astronómicas de dinheiro nas modalidades. Excepção feita ao atletismo e ao basquetebol onde já se trabalha bem na formação, não me parece que exista uma mentalidade ganhadora como escreveu, aliás às vezes apesar do dinheiro gasto, é a falta dessa mentalidade que nos leva a perder os campeonatos.

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  5. Campeão de Inverno? Mas isso é titulo? É relevante? Ai como está a exigência...

    É verdade que Vieira voltou a ganhar titulos muitos anos depois do ultimo, mas isso foi em 2005 já lá vão 7 anos e nesses sete anos somou apenas mais 1, apesar do investimento monumental que foi feito.

    A corrupção não desculpa tudo, existe muita incompetência pelo meio. E mesmo falando de corrupção, não deixa de ser engraçado que este presidente apoiou por duas vezes, duas, o actual presidente da FPF, figura essa presente nas ditas escutas, braço direito de Pinto da Costa e que estava bem metido no núcleo do tal clube corrupto.


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  6. Cosme Damião envergonhado26 de setembro de 2012 às 16:27

    Os defensores de LFV que me expliquem como é que o próprio, no primeiro mandato, em que afirmou que serviria para "arrumar a casa" consegue ganhar um campeonato e uma taça de Portugal - e no último mandato - aquele em que já teria a casa arrumada e que ele próprio designou como "mandato desportivo", consegue ganhar menos!? Não seria de esperar uma evolução!? Onde anda ela!? Evolução só negativa no passivo astronómico que vai deixando e que um dia será a perdição do Benfica. Teima-se em acreditar que o Benfica é eterno e que jamais morrerá. Pois bem, do lado menos poético da "coisa" é uma verdade bem mais próxima e incómoda do que parece... Foram alertados.

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    1. Ganhar menos? Como se pode desvalorizar tanto a taça da liga e o comportamento da equipa nas competições europeias? Ja sem falar, que agora o Benfica luta de facto pelo título! de tal modo que só com os roubos descarados e que os outros conseguem ganhar!

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    2. Cosme Damião envergonhado27 de setembro de 2012 às 12:27

      Sim a taça da liga diz-me imenso, mas se quiser, ganhou...! Ganhamos muito mais Taças da Liga, e segundos lugares! Eu pensava que a sportinguização ainda vinha a caminho e não estava instalada, mas parece que sim... Exigência no Benfica, "jamais" como dizia o Lino!

      Que tristeza...

      E quem apoia aqueles que por sua vez apoiaram, por duas vezes, Fernando Gomes e Vítor Pereira, só tem de se enfiar num buraco BEM FUNDO quando fala de arbitragens.

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  7. Muito bom texto.

    Não me considero um opositor ao actual presidente do Sport Lisboa e Benfica, mas também estou longe (bastante longe mesmo) de me considerar um apoiante.

    Mas a verdade é que simplesmente não há alternativas. Muita gente fala mal, mas como se costuma dizer... Falar mal é fácil, fazer melhor é que é difícil!

    Talvez seja o maior problema do Sport Lisboa e Benfica no presente. Maior problema do que o passivo, só a falta de participação associativa no momento em que o clube tem mais associados.

    Mas já que o texto refere aquele que para mim, é a referência como presidente do Sport Lisboa e Benfica recordo uma frase desse enorme senhor, que gostaria que fosse repetida mais vezes e fosse ouvida ainda mais por quem trabalha no clube:
    “Respeitem, sempre, o dinheiro do Clube. É dinheiro de gente simples e humilde. É dinheiro do esforço de gente pobre que dá, porque gosta muito do Benfica. Sirvam-no. Não se sirvam dele! Depois do trabalho, jogo ou da competição, fiquem com a consciência tranquila! O Benfica é um Clube de gente laboriosa. Que merece ser respeitada por quem nele trabalha e do qual, recebe! Lembrem-se!”

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  8. Excelente post!
    Gostaria só de discordar quando dizes "(...)mais de 90 % de expressão dos votos(...)aquela que tem sido, inequivocamente, a vontade da maioria benfiquista.", não é pelos 90% que tem a maioria dos benfiquistas do seu lado, 1 sócio não corresponde a 1 voto (apenas com menos de 5 anos de filiação), só as casas tem mais de 20 votos e atribuição de número de votos é consoante o anos de associado, o que muda muita coisa...

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    1. Felizmente, a situação de "mais votos" e "menos pessoas" elegerem o Presidente - como aconteceu no caso do Sporting - ainda não aconteceu no Benfica... Todavia, com os novos estatutos para lá se caminha .

      Concordo com muito do que o Bruno escreve. E o sistema de se aproximar lentamente à ideia de "1 sócio, 1 voto" é que devia ser o caminho, nunca o contrário. Este não é, de facto, o Benfica que um dia deu exemplos à democracia e confiava nas decisões maioritárias dos seus associados.

      Um abraço,

      FAS

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  9. Analisei os Presidentes da História do Benfica - que julgo mais justa -escolhi e avaliei quatro critérios fundamentais : os títulos conquistados pela equipa de honra do futebol (deixei em detrimento as modalidades) , a forma como "encontra" e o "deixa", o indelével benfiquismo e a obra "térrea" levantada.

    Com todo o respeito, é por critérios como este (desvalorização das modalidades) que a falta de cultura desportiva neste país é gritante. O actual Benfica faz mais pelo desporto nacional do que todos os clubes de alta competição juntos. Também o critério do que encontra e o que deixa é muito subjectivo. Como se poderá auferir dos pesos da herança herdade ou deixada?. E o contexto socioeconómico de cada época, com enquadrá-lo face ao mérito ou demérito de cada mandato. Quanto vale abertura de secção de uma nova modalidade, qual o valor do trabalho efectuado pela fundação Benfica, e a dimensão da riqueza alcançada em função do incremento do nº de sócios. É mais importante ter mais um sócio ou mais um troféu? A nossa grandeza é por sermos muitos ou por ganharmos muito? Á quem muito ganhe e pequeno continue.
    E pela negativa como se contabiliza direitos televisivos negociados para vários anos hipotecando o futuro da direcções vindouras, o número de treinadores/jogadores despedidos e contratados nas diferentes modalidades, a extinção de uma modalidade, o número de sócios perdidos, etc.

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    1. MLeal, o detrimento das modalidades em prol da equipa de honra de futebol e o critério de "como encontra" e "como deixa" foram duas opções no seguimento da própria análise do Alberto Miguéns - que pode ler aqui : http://em-defesa-do-benfica.blogspot.pt/search/label/Lu%C3%ADs%20Filipe%20Vieira - à qual acrescentei mais duas: indelével benfiquismo e obra "térrea" levantada.

      Se não me fiz entender à primeira em que me baseei, espero que agora sim... Ou então passe por lá a criticar a dele também...

      Melhores cumprimentos,

      FAS

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    2. PS - Acresce ainda que a escolha destes critérios (foram estes os escolhidos, que valem o que valem, como poderiam ser outros de autor para autor...) para uma mera análise aos últimos Presidentes, não significa que eu - como sócio - não seja favorável a um forte apoio às modalidades e ao ecletismo no clube, nem que não fique satisfeito e torça pelas suas vitórias .

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