Responsabilidade

“Meu querido mês de Agosto” – esta é a frase de referência dos emigrantes Portugueses e parece querer tornar-se a frase de eleição do futebol Benfica. Pessoalmente, não sei se quero que este mês acabe depressa ou que dure uma eternidade. Por um lado, queria que este suposto mês de verão chegasse ao fim para poder descansar sobre a hipotética venda de Witsel, Garay, Javi ou Cardozo, por outro estou sempre esperançado que se faça luz na cabecinha da malta que manda no clube e se proceda a alguma diligência no mercado que permita colmatar as evidentes lacunas no plantel, sendo que esta hipótese poderá ocorrer numa altura em que já demos de avanço e depois andamos atrás do comboio a lamentar-nos do desígnio a que fomos sujeitos.  

 

Vamos para a 4ª época de JJ o catedrático, como treinador principal. A primeira de sonho e puro prazer as duas seguintes de teimosia e desilusão à qual esta se pretende associar.

Ao olhar para a equipa que jogou no Sábado em comparação com a existente na época 2009/10 as semelhanças restringem-se a alguns jogadores e à voz rouca que se houve do banco. O desenho táctico da equipa também é semelhante mas os princípios são completamente diferentes. Na época em que fomos campeões tínhamos uma matriz marcadamente ofensiva que assentava numa pressão alta sufocante o que permitia recuperações de bola ainda no campo do adversário. Esta forma de estar filtrava muitas situações de jogo ofensivo do adversário o que naturalmente protegia os nossos defesas. Foi com esta matriz que se criou um Fábio Coentrão a defesa esquerdo, na maioria dos jogos poucas situações o obrigavam a defender, essencialmente atacava e criava situações de superioridade e repare-se que nos jogos a doer a escolha recaia em Cesar Peixoto.  

Na época que se seguiu a pressão alta desapareceu a nossa defesa começou a ficar muito mais exposta. Passamos a sofrer muitos golos e tivemos a teimosia Roberto o que nos custou muitos pontos.

Na época passada mantivemos a produção do ano anterior, corrigimos algumas lacunas, nomeadamente ao nível das opções para as alas ofensivas, um jogador todo o terreno e Roberto mas, continuamos a defender mal. Tivemos a partir de Janeiro/Fevereiro a teimosia Emerson – um jogador que ia cumprindo e que foi triturado pelos adeptos até deixar de ter condições para jogar - com os resultados que se conhecem.  

Para este ano mantemos os princípios de jogo dos dois anos anteriores, continuamos a defender mal e temos a teimosia Melgarejo que agrava e espelha as lacunas da equipa. A culpa, naturalmente não é do jogador mas sim do treinador e por extensão da direcção.

Os méritos de Jorge Jesus no crescimento da equipa em comparação com o passado são vários, mas a sua teimosia, a estagnação enquanto treinador (não cresce, não evolui) impedem-nos de vencer (não obstante as situações de arbitragem ocorridas na época passada). A responsabilidade é do próprio mas fundamentalmente da direcção com LFV à cabeça. Já era tempo de se perceber as lacunas e corrigirem-nas, se o treinador evidencia um problema quem dirige tem que forçosamente arranjar condições para as suprimir. A direcção tem que impor um rumo, tem que impor soluções, no caso um defesa esquerdo, se o treinador não acatar então o melhor é seguirem caminhos diferentes, pois a manutenção do actual estado de coisas não serve os interesses do Benfica e urge pois 31 de Agosto está já aí. Se a direcção não percebe as lacunas ou não se consegue impor então tirem daí as suas ilações, e urge, pois Outubro está próximo.