terça-feira, 11 de maio de 2010

Heróis da Luz: notas finais

A conquista do 32º título nacional foi, para mim, a mais saborosa, dada o futebol espectacular, aliado a uma capacidade goleadora fora do vulgar, num ano em que recebi o emblema de prata. Foi, também, a primeira vez que vi, na Luz, o Benfica a confirmar o título de campeão na última jornada.

Com a subjectividade inerente, entrego aqui as notas ao desempenho dos heróis no campeonato, numa escala de 0 a 10.

Quim (7) - Foi o único que totalizou 30jogos na Liga, contribuindo para o estatuto de defesa menos batida, a par do Sp. Braga. Não é Bento, nem Preud'Homme, mas merece a renovação do contrato e estar no Mundial.

Maxi Pereira (7) - Desempenhou a melhor época desde que está na luz, revelando-se completamente adaptado ao clube e à posição que não é a sua de raiz. É um autêntico guerreiro e se subir de nível, poderá ser considerado um dos melhores laterais da Europa.

Luisão (8) - Integrou o eixo da defesa, revelando capacidade de liderança e as falhas durante a época foram escassas. Esta foi a melhor ou uma das melhores épocas no Benfica. Formou com David Luiz a melhor dupla desde os tempos em que o Benfica actuava Mozer e Ricardo Gomes.

David Luiz (9) - Entendeu-se, de forma perfeita, com Luisão, revelando personalidade forte, igualmente voz de comando, como o compatriota, e já é um dos melhores centrais do mundo. Falta-lhe, talvez, mais uma época assim como esta, para se tornar titular absoluto no Brasil.

Sidnei (3) - Perante aquela dupla de luxo, disputou apenas quatro jogos, sendo alternativa a considerar, caso Luisão e David Luís fiquem indisponíveis, por lesão ou castigo, ou se o "Macarrão" for vendido.

Miguel Vítor (2) - Somou, este ano, apenas duas partidas na Liga...

Luís Filipe (1) Só disputou 24 minutos, na sombra de Maxi e Ruben Amorim, que nem sequer são laterais-direitos de raiz...

Fábio Coentrão (8) Adaptou-se bem no lado-esquerdo da defesa, o que foi um luxo, perante César Peixoto e a saída de Shaffer. Fica com o estatuto de vice-rei das assistências atrás de Di Maria e merece estar na África do Sul.

César Peixoto (5) - Chegou a ser titular, é razoável nos cantos e livres, mas não é o defesa-esquerdo que o Benfica precisa como titular.

Shaffer (3) - Não foi possível avaliá-lo, plenamente, porque foi pouco utilizado, mas, pelo menos ofensivamente, mostrou alguma qualidade, não tendo comprometido na defesa.

Javi Garcia (7) - Foi a principal referência à frente da defesa, mostrou vocação ofensiva, tendo marcado quatro golos. Surpreendeu pela positiva na época de estreia.

Airton (5) - Contratado ao Flamengo, festejou no domingo o título de campeão português depois de ter conquistado o campeonato brasileiro. A nota deve-se ao facto de ter totalizado apenas quatro jogos, mas se fosse avaliado pela exibição de domingo merecia 7 ou 8 pontos. Será, na próxima época, uma dor de cabeça para Javi.

Ruben Amorim (7) - A época do jogador mais polivalente do plantel foi a melhor desde que foi contratado ao Belenenses. Raramente compromete na defesa e no meio campo. Pode evoluir para patamares superiores na próxima época.

Ramires (7,5) - Jogou quase sempre descaído para a direita, é evoluído tecnicamente, mas, por vezes, deu a sensação que só não foi mais eficaz, por desgaste físico, natural a quem não teve férias.

Pablo Aimar (8,5) - Confirmou as credenciais de "maestro", mostrando-se exímio no passe, controlo de bola e sagaz no remate. Fisicamente, não esteve tão condicionado como na época anterior. Apresenta futebol ao nível de Rui Costa.

Carlos Martins (8) - Revelou-se sobretudo como alternativa bastante agradável a Pablo Aimar. Remata bem, tem técnica e é bom no passe. Precisa de ser mais consistente para estar ao nível dos melhores da Europa. Merecia estar no Mundial.

Felipe Menezes (3) - Tapado pela forte concorrência, chegou a revelar pormenores interessantes, mas sem se perceber se tem capacidade suficiente para estar na Luz.

Di Maria (9,5) - Explodiu, definitivamente, na ala esquerda, mostrando detalhes preciosos no passe, nas assistências - foi o mais eficaz do plantel e na Liga, neste capítulo - e marcou cinco golos. Irá ser titular na África do Sul e dificilmente fugirá a um dos tubarões europeus.

Urreta (2) - Não teve qualquer impacto antes de sair para o Uruguai, tendo realizado apenas um jogo frente ao FC Porto. Nesta partida, esteve surpreendentemente em bom plano. É um valor a ter em conta na próxima época.

Éder Luís - (4) - Credenciado no Brasil, não mostrou potencial para ser titular no Benfica. Com maior entrosamento na equipa, espera-se que possa mostrar mais qualidade.

Keirrison (3) - Era a minha grande esperança para esta época, depois de ter revelado dotes de matador e ter sido contratado pelo Barcelona. Com Cardozo implacável no ataque, ninguém pode censurar Jesus por não lhe ter dado mais oportunidades para jogar.

Alan Kardec (4) - Tem igualmente prestígio no Brasil, foi herói em Marselha mas, no campeonato, não marcou qualquer golo, embora só tenha somado 79 minutos.

Nuno Gomes (6) - Perdeu influência no onze do Benfica, porque está em final de carreira e a concorrência é forte mas, apesar disso, festejou três golos.

Weldon (7) - Só disputou 12 jogos, mas os cinco golos significaram a conquista de sete pontos.

Saviola - (9) - Nunca duvidei que tem qualidade acima da média, mas não pensei que pudesse realizar época tão boa nesta estreia na Luz. Entende-se, de forma perfeita, com Cardozo e Aimar, seu companheiro de referência no River Plate.

Cardozo (10) - Foi melhor marcador do campeonato, depois de marcar dois golos ao Rio Ave, o último dos quais com o pé... direito. Na Liga, a média é de 0, 89 golos por jogo. Desde 90/91 que o Benfica não tinha o melhor matador da Liga.

Jorge Jesus (10) - Segurá-lo até 2015 poderia ser a melhor solução na gestão de Luís Filipe Vieira. Na época de estreia, conquistou dois títulos, colocando o Benfica a jogar à... Benfica.






4 comentários:

  1. Caro Cosme Damião, permite-me discordar de algumas notas:
    Quim - 5,5 / 6 - Beneficiou de ter uma defesa excelente. Mostrou as debilidades de sempre. Não me parece que tenha feito uma grande época.
    Javi - 7,5 / 8 Foi o esteio do meio-campo e esteve sempre a um nível mto elevado.
    Urreta - concordo com a nota, que vale por praticamente n ter jogado, mas só o quero referir pq tenho uma daquelas fezadas que tem tudo para ser um grande jogador.
    Cardozo - 8,5 - Hei de ter esta discussão eterna com o Tomaz, mas não o consigo admirar. Nos jogos fora eclipsa-se com frequência. Tem melhorado bastante, mas está longe de ser um avançado completo. Tem um pé esquerdo fabuloso, mas isso para mim não chega para a Champions ou para jogos a doer contra as melhores equipas.

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  2. Esqueci-me do Aimar:

    7,5 - Fez uma boa época e a bola nos seus pés parece que ganha outra vida. Mas para mim um jogador que ganha mais de 150.000 / mês, tem que ser mais decisivo e não andar meia época a ser poupado em "gestão de esforço". Contra meios-campos mais combativos sente muitas dificuldades. Acho-o um jogador genial, mas o futebol físico de hoje em dia penaliza a sua condição física algo débil.

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  3. Concordo com a generalidade das notas...
    Deixo apenas umas notas:
    - O Cardozo só teria 10 se não tivesse falhado 3 ou 4 penalties e/ou tivesse marcado em alvalade, braga ou dragão. 9,5;
    - O Keirrison merece um 1. Não teve espaço nem pareceu merecer ter. Enorme desilusão;
    - O Saviola merece 9,5. A sua lesão fez esquecer, ligeiramente, a sua influência ao longo da época. Houve uma altura que deu a sensação que foi ele que levou a equipa às costas;
    - Nuno Gomes merece o 6 mas apenas pelo que penso ser a sua importância no balneário;
    - A nota do Schaffer é exagerada. Fiquei com a sensação que foi um pouco desaproveitado.

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  4. Sim, o Aimar. Penso que o 8 se ajusta mais em função das restantes notas, nomeadamente, a do Carlos Martins.

    Finalmente, o Jorge Jesus. O 10 é indiscutível. Mesmo com uma ou outra decisão menos conseguida ao longo da época.

    Uma última palavra para o Mário Monteiro. Aí reside uma parte significativa do sucesso do Jorge Jesus.

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